Morreu Walter Bonatti, o último “Alpinista Clássico”ou o último “Alpinista Romântico” Imprimir
Seção: Home - Categoria: Montanha
Escrito por Bito Meyer   
Sex, 16 de Setembro de 2011 12:17

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“Walter Bonatti, foi para mim um icone, um ídolo, uma referência; suas escaladas e pensamentos, fizeram parte de minha adolescência e por sua influência eu conheci a escalada em solitário”. Bito Meyer

O último “Alpinista Clássico”ou o último “Alpinista Romântico”; como ficou conhecida sua geração, por serem alpinistas onde a ética era mais importante que a escalada em si.

Para entender o significado dessa paixão por montanhas é preciso conhecer a história do montanhismo, conhecer seus personagens e a época em que viviam; saber como era o mundo e o homem no período em que as coisas aconteciam e como aconteciam. Quem eram essas pessoas, o que pensavam, quais eram suas referências e etc. Essa é a única maneira de você saber o que fazer e de como fazer, na sua época. Não estamos inventando o montanhismo e nem inovando, apenas levamos para o futuro, um estilo, um conceito e porque não uma visão.

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O montanhismo “clássico ou romântico” foi o montanhismo que antecedeu o montanhismo moderno ou atual, foi uma época pós a segunda guerra, uma época de pobreza, vergonha e espanto, com tanta atrocidades espalhadas ao redor, onde o homem tinha cicatrizes abertas pela ganância, racismo e poder. Esses alpinistas tinham ao seu redor um mundo caótico e destruído, onde a fome e a falta de dinheiro eram uma realidade.

Suas relações com as montanhas e com as escaladas, não tinham as referencias e influencias que temos hoje; era algo que vinha de um percebimento onde a ética do montanhismo regia a vida dessas pessoas e era ela que definia seu estilo.

As vias abertas por W.B definem seu estilo e pensamentos e que ate hoje são vias que não só são de extrema dificuldade, como são itinerários muito perigosos. O estilo, a beleza do itinerário escolhido, a época e o que tinham como equipamentos e referências, fazem dessas vias uma obra de arte, exatamente como um pintor, uma visão, tintas, telas e pinceis na mão.

Quando você conhece a historia da relação desses homens com as montanhas e em particular a historia pessoal de W. B é mais fácil entender suas palavras e sua decisão de abandonar o alpinismo extremo, aos 35 anos de idade.

Muitos foram os convites para que mudasse seu estilo e aceitasse os convites para ser patrocinado e também as normas dos pretensos patrocinadores. Não havia mais espaço para um montanhismo puro, que fosse somente uma relação pessoal, do homem e seu objetivo, do homem, sua concepção e percebimento ao observar uma montanha e que, depois dessa observação, o que restava era transformar essa visão, em uma nova rota ou um estilo mais puro.

O mundo pós guerra acelerou o próprio homem e o montanhismo, clássico, puro ou romântico, não tinha mais espaço, depois disso, surgiu o montanhista moderno e a busca pela mídia para saciar seus patrocinadores.

Anos depois, Reinold Messner, mesmo patrocinado, consegue resgatar esse estilo puro e verdadeiro do montanhismo e tanto que, R.M e W.B, são considerados os dois maiores alpinistas de todos os tempos e o que fez deles ícones, foi justamente, a capacidade de conceber o novo e que a ética era o que justificava tudo aquilo e que sem ela não havia razão para praticá-lo.

Hoje em dia, pra nossa sorte, vários montanhistas, tentam e alguns com êxitos, vivenciar as montanhas com a mesma visão desses escaladores, para que todo o risco e esforços sejam justificados, já que a evolução do montanhismo e da escalada hoje em dia, estar tão distante, daqueles dias de glorias.

W.B começou a escalar na ponta da corda, sua primeira escalada, aos 18 anos, já fora guiando, ele mesmo dizia que nascera para a “ponta da corda” e que só confiava a ponta da corda para seu companheiro Carlos Mauri, senão ele próprio preferia guiar, pois se sentia mais confiante sendo ele na ponta da corda, resolvendo os problemas que a rota exigia.

Em 1965 Walter Bonatti, abre uma nova via em solitário e no inverno na face norte do Cervino ou Materhorn; esse itinerário foi um salto para o futuro, uma escalada no mais puro conceito da ética que regia esses homens. Para a época era algo como “impossível ou extremamente duro”, era algo que não bastava só conceber, mas sim conceber e realizar.

Depois dessa escalada Walter Bonatti disse: “O perigo é parte do jogo. O bonito é aceitar as normas e suas conseqüências e que vc desenvolva a coragem, a prudência, a força, a inteligência. Qualquer atividade humana é um jogo que desenvolve a “arte de jogar”. Após a escalada do Cervino ele abandona o alpinismo extremo, em 1965, aos 35 anos, no melhor de sua forma, em pela maturidade como montanhista. Abandonou a escalada extrema para dar uma chance a aventura.

Digo por minha conta e risco que muitos escaladores modernos, com toda a “pompa” que lhes é inevitável, chorariam como crianças à procura da mãe, se lhes fosse permitido vivenciar “por algum momento” uma situação que esses montanhistas vivenciaram.

 


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O pensamento e o currículo de vias de Walter Bonatti, falam por si só, definem o alpinista que morreu esta semana:

“O impossível é subjetivo, pode valer para mim, para você, mas não para ele. O impossível é uma dimensão protegida, não demolida”.

“ O patrocinio é algo bom quando ajuda a realizar uma atividade, mas quando a atividade está a serviço do patrocinador é uma “merda” porque vc, por dinheiro, aceita estar num jogo em que te forçam a dizer coisas que não quer.”

“Sair vivo de uma escalada extrema é umaa demonstração de que tudo foi feito da maneira correta”

“Jamais me rendi. Nem sequer nas piores situações. Quem se rende morre, eu vi muitos companheiros que pensaram: ‘Deus quer assim’ e se deixam levar. A fatalidade oriental não existe dentro de mim”.

“As cordas que hoje, suportam 2.000kg, antes só resistiam 600kg”.

“Só por cobrar uma tarifa, alta o baixa... não posso vender minha amizade, responsabilidade e minha relação espiritual. Para mim é inaceitável. Posso ir sim, com um centavo, com um amigo, mas não por dinheiro com uma pessoa que me aluga como um taxi”.

“Compreendi que meu alpinismo deveria inspirar, se nos alpinistas do passado e nos meios que utilizaram eles. Meus companheiros e eu (não todos) praticamos este alpinismo tradicional; porque a montanha cheia de ‘técnica’, como está em nossos dias, não é senão, a conquista da técnica. O que nós fazíamos, era a conquista do homem”.

Relação das vias de Walter Bonatti:

fonte: Desnivel.com

1949: con Andrea Oggioni y Emilio Villa abre la cara SO de la Aiguille Noire de Peutérey. Días después, los tres con un amigo más hacen la Walker, tras un intento ese verano con Camillo Barzaghi por la entrada original. Repite con Barzaghi la Cassin del Badile.

1951: apertura en la este del Grand Capucin (350 m, MD sup., V+/A1 o EX 7b) con Luciano Ghigo, 20/23-7. En 1950 fracasa con C. Barzaghi y luego con Ghigo, abandonando a 120 m de cumbre tras cuatro días.

1953: invernales en las caras norte de la Cima Ovest y Cima Grande di Lavaredo con Carlo Mauri.

1954: participa en la expedición italiana al K2 que logra la primera, aunque él no hace cumbre. Polémica a causa del vivac que pasa con un hunza a 8.000 m a escasa distancia de la tienda de la cordada de ataque a cima.

1955: abre el pilar SO del Petit Dru (600 m, MD sup., V+/A1) en solitario (17/22-8), una de los logros más remarcables de la historia del alpinismo, según un comentarista de la época.

1956: tragedia con François Henry y Jean Vincendon tras hacer la tercera invernal a la Brenva junto a Silvano Gheser, atrapados por el mal tiempo en el Grand Plateau durante su descenso a Chamonix. Tras unirse a ellos, los italianos descienden. Luego se les acusa de abandonarlos, ya que la cordada franco-belga perece tras diversos intentos de rescate salpicados de errores y retrasos. Polémica reflejada y mantenida en Naufrague au Mont Blanc, de Yves Ballu.

1957: Bonatti-Gobbi en la este del Angle (900 m, MD sup./ED, V+) con T. Gobbi, 1/3-8.

1958: intento al Cerro Torre con Carlo Mauri y hace la primera al Cerro Mariano Moreno (3.536 m) y la travesía completa de las cinco cumbres del Cerro Adela. Cima del Gasherbrum IV con Carlo Mauri en la expedición de Cassin*.

1959: Suroeste al Petite Mont Gruetta (600 m, D inf.) con B. Ferrario y Andrea Oggioni, junio. Pilier Rouge du Brouillard al Mont Blanc (700 m, ED) con Oggioni en julio, cuatro días después de su abandono a 100 m de la cima de este pilar que nace a 4.000 metros (relevó a su vía del Angle como «la más difícil de los Alpes Occidentales» ). Bonatti a la SE del Mont Maudit (650 m, TD, V+) con Roberto Gallieni y Oggioni, agosto. Espolón oriental al Mont Maudit (650 m, MD inf.) con E. Ferrario y Oggioni, septiembre. Primera solitaria a La major al Mont Blanc.

1961: primera invernal a La sentinelle rouge (D sup.) de la Brenva con G. Panei. Trágico intento en el Pilar del Frêney, del que sólo sobreviven tres (Gallieni, Mazeaud y él) de un total de siete alpinistas de primera fila. Bonatti-Zapelli, o Directa a la vertiente de Frêney del Mont Blanc (850 m, MD, III-D+) con Cosimo Zapelli, septiembre. En Andes, consigue las primeras siguientes: Nevado Ninashanca (5.639 m), Cerro Parin Norte (5.166 m) y Rondoy Norte (5.821 m).

1962: Bonatti-Zapelli al Grand Pilier d'Angle del Mont Blanc (900 m, ED, V-4) con Cosimo Zappelli, 22/23-6. No confundirla con la de igual nombre al Frêney ni con la Bonatti-Zapelli del año siguiente o la Bonatti-Gobbi ambas al Angle; de nuevo considerada la «más difícil del macizo» (primera invernal por René Chèré y D. Monaci, 1975). Este de las Petites Jorasses (450 m, MD sup.) con Pierre Mazeaud, 11-7.

1963: primera invernal a la Walker de las Jorasses con Zapelli, 25/30-1. Bonatti-Zapelli al Gran Pilier d’Angle (350 m, MD), 11/12-10-1963.

1964: Bonatti-Vaucher una ruta nueva al espolón Whymper de las Jorasses (ED sup. 80º, V+/A3) con Michel Vaucher, agosto (primera solitaria por S. Sveticic, 1990).

1965: abertura em solitário e no inverno no Monte Cervino