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BIKE - PEDALANDO PELAS 7 CIDADES - Página 2 PDF Imprimir E-mail
Seção: Bike - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Ter, 12 de Maio de 2009 00:35
Índice do Artigo
BIKE - PEDALANDO PELAS 7 CIDADES
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Ainda na "2ª Cidade", pedalando + um pouco alcançamos a "Pda da Biblioteca", formação rochosa q dizem lembrar pilhas de livros numa estante. No entanto, minha falta de imaginação custou a associar àquela "jibóia rochosa" à descrição q lhe davam, provando + uma vez q apreciar a natureza tal como ela se mostra é algo totalmente pessoal e subjetivo. Islando me disse q antigamente podia-se subir nela, mas q atualmente isso era proibido em função das "inscricoes burrestres" de alguns turistas relapsos. No enorme vão abaixo da rocha podia-se ver um pequeno buraco numa das "estantes da biblioteca", no qual um morcegao descansava tranqüilamente. Qual foi nossa surpresa q, ao nos aproximarmos, o danado esguichou um jato de mijo na nossa direção, como aviso!! E de ponta cabeça! Q sirva de exemplo pros "homi", q sempre erram o vaso na toalette.. Alem dele, pelas pedras circulavam vários lagartos e calangos, q aqui eles chamam de barbatimão. E nas pequenas arvores desnudas podíamos ver muitas iguanas, cuja coloração verde-viva destoava dos galhos ressequidos, assim como muitos papagaios, cuja algazarra era audível de longe. "Mais ariscos, porem tb freqüentes habitantes dali, estão o xereu, corrupião, seriemas, veado-mateiro, tamaduas-mirim, pacas, cutia e cachorro-do-mato..", fala Islando.
Caminhando entre as pedras, sobe-se um cjo de escadas e logo estamos no "Mirante", o pto culminante dali, e do alto dos seus 80m tem-se uma panorâmica q reúne num só horizonte algumas das principais formações rochosas e os extensos limites do parque. Nota-se perfeitamente o contraste da retidão verde-bege da caatinga com a irregularidade cinza das "cidades", afastadas umas das outras como se fossem ilhas ou florestas petrificadas.


Partimos p/ próxima cidade, distante não mais q 2km. O sol e calor intensos de verão castigam sem dó a pele, mas felizmente a leve brisa no rosto proporcionada pela pedalada reforçaram q a bike é de fato a melhor opção p/ percorrer este exotico lugar. Dose é encarar os trechos arenosos. Apesar do clima rigoroso, ha presença de verde na forma de arvores baixas e frutíferas, tais como pequizeiros, mangabeiras, gabirobas, muricis e araticum. O coquinho doce do tucunzeiro é apenas um dos frutos desta vegetação pouco exigente de umidade, mas q parece partilhar da resistência típica dos nordestinos.
Na "5ª Cidade" temos a "Pda da Inscrição", com mais inscrições rupestres - de tons vermelhos sobre a rocha clara - algumas bem curiosas tais como algo parecido c/ uma cadeia de DNA, átomos, mapas, homens-passaros e muitas mãos. Perto dali temos tb a "Furna do Índio", uma autentica caverna tabajara q nos faz sentir dentro de um casco de tartaruga. Em seu interior, há inscrições com o q parecem ser rituais de caça. Alem dela, tem a "Pda do Gorila" e "do Rei",q são auto-explicativas.
Bem do ladinho está a "4ª Cidade", q tem como atrações a "Pda do Camelo", o "Portal", "Beijo dos lagartos", "Ultimo dos Moicanos", "Cabeça de Aguia", entre outras q a imaginação possa conceber. Destaque p/ "Mapa do Brasil", enorme rocha cujo buraco ganha contornos q recordam o desenho do nosso país. A "Passagem do Índio", outra rocha, já é mais trabalhoso pois é em terreno íngreme, facilitado por escadas e corrimão. Não muito longe, perto da estrada, temos a "Gruta do Catirina" onde, segundo uma lenda, um local pasou a morar afim de cuidar de seu filho doente na base de ervas medicinais.
Na entrada da "3ª Cidade", da estrada mesmo já se aprecia a "Pda Cabeça de D Pedro", "Dedo de Deus", "3 Reis Magos", "Pda do Beijo", entre outras. Interessante era o "Furo Solsticial", local onde a incidência de luz solar, em determinada época, provocava um efeito de luminosidade especial. A esta altura do campeonato, reparei q não era muito preciso de imaginação pra inventar um nome pras rochas doidas; tal qual as nuvens, na verdade podiam parecer qq coisa. Sem falar q tb o cansaço já tava pegando, principalmente devido ao calor do quase meio-dia.
Pedalando uns 5km agora em terreno mais amplo e aberto, alcançamos quase o limite norte do pq, já na "1ª Cidade", onde as formações rochosas estavam mesmo na beirada da estrada, distantes umas das outras. E tome "Pedra da Ema", "Da Cobra", "Maquina de Costura" e a "Pda dos Canhões", q nada mais eram q troncos de arvore petrificados. Apesar do belo visu e do didatismo do jovem guia, eu já não ouvia mais nada por conta do desgaste do calor e o único q queria era um banho refrescante. Como se tivessem ouvido minhas preces, fizemos uma longa pausa no "Olho Dágua dos Milagres", uma convidativa piscina natural cercada de muita vegetação. Aquilo é um verdadeiro oásis ali, e tem esse nome pq resulta de uma nascente q nunca deixou de jorrar, mesmo em tempos de seca total. Banho e descanso mais q merecidos, mas sempre de olho no relógio, claro!
Agora era hora de retornar ao Cto de Visitantes, mas no caminho aproveitamos e paramos na "7ª Cidade", q tem acesso restrito em fcao de la se encontrarem as pinturas rupestres + bem conservadas do parque, ainda em estudo. Isso pudemos observar na "Gruta do Pajé", na base d e uma rocha conhecida como "Dragão Chinês". A Cachoeira do Riachao, a única do parque e q consiste numa queda dágua de quase 20m, não visitamos por estar totalmente seca devido à estiagem, sem falar q estava quase no limite sul dali. A pedalada de volta foi feita na mais completa satisfacao, apenas parando pra observar mocós - ratão dali q é inquilino habitual das tocas nas rochas - descansando e pro Islando dar uma bronca em jovens turistas q, alem de subirem nas rochas, haviam entrado pela outra portaria sem guia.


Chegamos ao Cto de Visitantes por volta das 13:30 sob forte sol. Lá fiquei à toa um tempão, coçando e conversando com os jovens guias ou com os raros turistas q apareciam enqto decidia como iria voltar p/ rodoviária. Minha ideia era tomar carona de volta com busao do Ibama, mas ate la havia muito chão, quase 4hrs! Portanto, ate la tentaria carona com os próprios turistas dali, mas naquela portaria via difícil pois naquele horario o fluxo tava quase nulo. Assim, o Islando me deu carona de moto ate o Hotel (chiquerrimo!) do Parque, a 2km dali, e la fiquei no restaurante descansando enquanto ficava de olho nos veículos dos hospedes q saiam. Pra minha sorte, nem havia tomado uma cerveja qdo um funcionário do Ibama me avisou q uma caminhonete deles tava saida. Beleza! Me acomodei na caçamba e fiquei conversando com os demais caronas, todos funcionários dali, durante td o trajeto de volta.
A caminhonete me deixou perto da rodoviária as 15hrs, sob sol de fritar miolos. Não havia vaga no unico busao p/ Fortaleza dali e teria de esperar ate 22hrs p/ ver se havia vaga noutro q estivesse em transito pela noite. Avaliei alternativas mas cheguei a conclusão q e o negocio era esperar mesmo e torcer por vaga, do contrario já ia estudar onde acampar perto dali mesmo, felizmente cheio de lugares planos e gramados. Ate lá, tive q me contentar em aguardar na pracinha adiante da rodô, indo de hora em hora consultar busao. O tempo parecia não passar plantado ali, ainda mais numa cidade q não tem nenhum atrativo fora o parque. Cochilei no banco, na grama, li, tomei banho no fétido banheiro, preparei meu almoço - com fogareiro e td - sob olhar curioso dos piripirenses - e td mais q se possa imaginar p/ passar o tempo.
Ao cair da noite, porem, vi q havia uma lista de espera na qual meu nome não constava. Desorganização total. Armei o barraco junto c/ outra paulista q la conheci e + outros cearenses q desconheciam a tal lista. Não sabia q havia muita gente disputando as eventuais vagas noturnas. Aí o negocio foi colocar o nome na lista no grito, literalmente. Felizmente, o cara do guichê me reconehceu por aguardar ali desde inicio da tarde, e me "garantiu" lugar, caso houvesse. Assim, o resto da noite foi batendo papo ou assistindo "Homem-Aranha" na tv dali ate (graças a Deus!!!) embarcar num dos 3 unicos lugares disponíveis num busao, as 22:45hr!! Bye bye, Piripiri!

E assim é foi minha efêmera passagem pelo PN Sete Cidades. Seja pelos vestígios deixados pelos nossos antepassados ou pelos atuais mesmo, sempre contribuindo p/ folclore místico do local, o certo é q alem deles os estranhos monumentos de pedra q justificam o parque nacional apenas tendem a favorecer a ideia de eternidade; eles se colocam ali como meros espectadores acompanhando os diversos ciclos de vida do planeta, impassíveis e majestosos. E num local onde a seca dita inclemente o curso da vida e a chuva oferece promessas de renascimento, não é preciso muita imaginação ou fé p/ glorificar a beleza exótica e misteriosa dali. Assim como as impressões na memoria de uma simples visitação vapt-vupt.


Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html



 
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