Página 1 de 3 Por Mario Soares Foto arquivo Web
Pico do Papagaio fonte Web
Aproveito esse espaço que o Brasil Vertical concede aos “normais”, para contar uma aventura que eu vivenciei junto com meus primos, na fazenda de nossos tios, perto do Pico do Papagaio, em Minas Gerais.
Quando éramos crianças, eu e meus primos, passávamos as férias de inverno nesta fazenda, que era para nós uma terra cheia de aventuras e mistérios. Na fazenda, nossos parentes que lá viviam, eram para nós, referência de uma outra vida possível e maravilhosa e apoiavam toda e qualquer idéia que tivéssemos. Acampavamos, andavamos a cavalo, pescavamos, nadavamos nos riachos, fazíamos longas caminhadas e comíamos verdadeiros banquetes e o que era melhor, todos os dias que lá estivéssemos.
Um dos locais preferidos por nós, era a Pedra Preta, que ficava numa parte alta de onde avistávamos a sede da fazenda. A pedra ficava no meio da mata e era coberta de vegetação e tinha uma faixa de 10 metros de largura limpa de vegetação, que ia até o topo. Os primeiros 10m de altura era levemente deitada para traz, lisa e úmida, pois o sol não a alcançava, por causa das árvores, o resto da parede era vertical e só no final ela deitava um pouco. Naquele local fazíamos nosso acampamento preferido e o desejo de subir aquela pedra, sempre se revelava a cada acampamento e já havíamos tentado por todos os lados, mas a vegetação, musgo, limo e umidade, não permitiam e para nós era como uma missão incompleta.
Passei uns anos sem ir, devido aos estudos e a outros compromissos e em 1990, voltei novamente, para encontrar meus primos e rever meus parentes que lá vivem, eu tinha 17 anos, e meus primos, Gustavo e Julio, tinham 17 e 16 anos respectivamente.
Cheguei na fazenda dois dias antes deles e ansiosamente os esperava, Gustavo estudava no Rio de janeiro e Julio morava em São Paulo; por telefone, Gustavo me contara que tinha uma surpresa para nós e que só me revelaria quando chegasse.
A chegada deles foi uma festa, com um enorme café da manhã e entre muitas conversa perguntei a Gustavo sobre a surpresa e um sorriso enorme apareceu na sua cara e respondeu que estava no carro. Fomos todos para fora para ver a tal surpresa, do porta malas do carro ele tira um enorme saco de lona e derruba no chão seu conteúdo. Ficamos ali sem entender do que se tratava, eram cordas e pedaços de ferro variados, mas com o mesmo sorriso ele disse: agora subimos a pedra.
Imediatamente nosso interesse fora ao mais alto nível, inclusive por nossos parentes que lá moravam. Conforme meu primo dava nome aquilo tudo que estava no chão, eles começavam a brilhar e rapidamente já estávamos totalmente envolvidos com aquela conversa e a aventura que ia rapidamente se revelando a nossa frente.
O conteúdo do saco agora era chamado de equipamento e era constituído de uma corda de bombeiro com 40m, grossa e dura, com cara de muito usada, (imaginávamos que a pedra tivesse uns 35 metros de altura e os seus 40 m eram suficientes), 10 mosquetões, oito grampos os com solda horrível, 20 parafusos grossos, duas talhadeiras de pedreiro, um martelo de tirar pregos, 10 cordeletes de corda de náilon de 8mm, (agüenta 800 kg, dizia Gustavo, que garantia ter visto na loja onde a comprara essa referencia).
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