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No alto do sentinela de angra PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Seg, 23 de Março de 2009 19:47
Índice do Artigo
No alto do sentinela de angra
MOSQUITOS, MATO, LAMA E PIRAMBA
QUASE LÁ...NO TOPO!!!
DOMINGÃO ENSOLARADO E A VOLTA
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Fotos José Augusto

Alvorada no alto da Serra

Ate pouco nada sabia do Pico do Frade senão q era um dedo rochoso apontando p/ céu no litoral de Angra, nas escarpas do PN Bocaina; não ser sequer o pto maximo da região lhe valhia um certo anonimato. No entanto, ao tomar conhecimento q boa parte das empreitadas à este ilustre 'desconhecido' eram verdadeiras epopéias q nem sempre terminavam c/ sucesso, os olhares ávidos por novos desafios voltaram-se p/ ele, claro. A junção de fatores tempo bom, desnível íngreme de 1000m, alta umidade, brejos, mata atlântica densa, mosquitos e atenção redobrada nas varias bifurcações  fazem do Frade um ótimo programa p/ que se dispuser decididamente a uma caminhada árdua e selvagem, porem recompensada com alto visu da bela baia de Ilha Grande, naturalmente.

CHEGANDO EM BANANAL
Saimos de sampa 9:30 tomando a Dutra sem maiores intercedências. Eramos eu, Guto e Márcia rumando pra Bananal, o melhor acesso (logisticamente falando) ao Pico do Frade; os demais são pelo litoral de Angra (pela Rio-Santos BR-101) e pelo Perequê (Mambucaba), sendo q um ta colocando empecilhos de entrada e o outro ta fora de mão, respectivamente.
Chegando em Queluz - com tempo relativamente bom, ensolarado e abafado - seguimos em direção à Areias pela Estrada dos Tropeiros (BR-68) após tomar uma precaria estrada provisoria de terra, já q a oficial tava interditada. Assim fomos adentrando a morraria sinuosa composta de mata ciliar e dos campos verdejantes da Bocaina, cujo passado - no auge do ciclo do café - outrora conferira dias de fartura e gloria às cidades de Areias, SJ Barreiro, Arapeí e Bananal, cidadezinhas pacatas e simples q atravessamos ate chegar nesta ultima, as 13:30.

Bananal é um ovo de tão pequena, e fomos diretamente na pracinha central buscar alguma info de estacionamento p/ deixar o carro num lugar seguro. Nos arredores, antigos e vistosos casarões coloniais agora servem de pousadas, embora boa parte deles sejam tombados como patrimônio histórico. Destaque pra Pharmacia Popular, a mais antiga farmácia em funcionamento no país, cuja fachada e interior mantem-se identicos desde sua fundação, em 1830. Após lancharmos ficamos à espera do busao local, na pracinha, observando o vai-vem típico de cidade interiorana, onde alguns festejos pareciam tirar a aparente tranqüilidade dali. Alias, na pracinha concentrava-se td agito, ao som das ruidosas badaladas do sino da igreja local. Estamos a uns 500m de altitude.

14:30 tomamos o bus 'Sertão da Bocaina', q não chegou a lotar, garantindo-nos confortavelmente assentos duplos p/ descansarmos sobre as mochilas. Deixamos Bananal sentido serra acima tomando a poeirenta e precária SP-247. Ao mesmo tempo em q passamos por vistosos casarões, passamos por casas bem humildes e simples, vivendo em total pobreza. A decadência do ciclo cafeeiro e a construção das rodovias transformou as cidades acima mencionadas em  - como dizia Monteiro Lobato - 'Cidades Mortas'. Quem sabe agora estas tenham uma 2ª chance de vida com o advento do turismo rural e do proveito cujo entorno natural lhes provê? Afinal, é uma serra com passado. No trajeto, passamos a bifurcação p/ Estação Ecológica Bananal.

Lentamente, subimos a serra por aquela estrada de chão batido, sacolejando no trepidante busao. O sono ameaça mas por pouco tempo, já q a medida q o vale se afunila e ganhamos - aos ziguezagues - altura, o visual passa a tomar conta de nossa atenção: a cidadezinha vai ficando la embaixo, pequenina, aos pés das enormes montanhas, desnudas de vegetação maior, forradas de mata ciliar, com uma cachoeira aqui ou acolá. Chegando no alto da serrra, a paisagem muda completamente. Alem de relativamente mais frio, o verde denso e intenso da mata atlântica em estado bruto deixa pasmo qq um. Estamos a 1200m, e após serpentear túneis de vegetação chegamos no pequeno povoado Brastel, composto por um punhado de casas, exatamente as 16:20. Aqui é onde saltamos.

CAMINHADA NOTURNA
No povoado, uma placa indica a bifurcação a seguir. Tomamos a estradinha de terra e pedra da esquerda seguindo a placa 'Pousada do Mimoso', 'Pousada Brejal' ou 'Restaurante Chez Bruna', tanto faz. Basta seguir essas placas, presentes durante td trajeto. Fazia frio, mas logo a pernada aqueceu nossos corpos. O tempo ta totalmente encoberto, nublado e uma garoa fina fustigava nossos rostos.

Subimos imperceptivelmente a estradinha, ladeando e contornando morros repletos de densa vegetação. Alguns pastos e casas vão se alternando aqui e acolá, mas é a espessa vegetação q mantem-se onipresente. Pra matar o tempo, papeamos e colocamos a fofoca em dia. A chuva ameaça vir com força, tanto é q colocamos nossas capas, porem ela não vem e mantem-se apenas como uma fina e leve serração, felizmente. Passamos o 'Restaurante Chez Bruna' (a direita) e, alguns kms adiante, a Pousada Brejal (a esquerda) as 17:45. Se o tempo permitisse, daqui teríamos nosso primeiro contato visual com nosso destino. Logo, o som de água proximo indica q ladeamos um riachinho , provavelmente o Rio Mimoso, q nos acompanha um bom tempo.

Assim q a noite caiu, fomos obrigados a caminhar à luz de nossas lanternas e headlamps. Caminhada esta com cautela, pois assim q avançávamos a estradinha tornava-se cada mais precária, repleta de charcos e brejos; em mais de uma ocasião por pouco não pisamos em enormes sapos. Uma pequena placa logo indica o final da SP-247, isto é, agora andamos em território carioca, se é q por onde andávamos ate entao pode ser considerado 'estrada'. Andávamos afinal num amplo carreiro pedregoso e lamacento.

Em seguida, a 'estrada' continua ladeando um morro, seguindo uma plaquinha 'Pousada Mimoso 1,5km', ao lado de uma porteira de madeira. Bem do lado, a direita, há uma cerca de arame q é de onde comeca efetivamente a trilha. É por ali q seguimos agora. A 'estrada' agora não passa de um trilho amplo precário onde eventualmente chafurdamos o pé na lama. O silencio da noite é quebrado pelos estridentes cães pela ultima casinha, q passamos rapidamente.

Mais adiante, um pequeno riachinho é transposto ciudadosamente por cima de troncos podres. Estamos cansados e com fome, já estudando os gramadinhos q se apresentam no trajeto, mas é somente um pouco + a frente q pernoitaremos. Logo estamos as margens do Rio Bonito, de uns 15m de largura, nosso 1º obstaculo. A trilha continua na outra margem e temos q atravessa-lo, tarefa q fazemos com cautela no escuro, com água acima do joelho. Em seguida, chafurdando pé na lama, chega-se num gramadinho perfeito p/ encostar o esqueleto, ao pé de belas araucárias e pinheiros. É aqui mesmo q ficamos, as 19:30, depois de 13km percorridos desde o busao. A partir daqui estamos na área do PN Bocaina.

Armamos as barracas sob a fina garoa q ameaça cair novamente, e buscamos a água necessaria no rio p/ nos abastecer. La, deixo gelando minha cerveja p/ comemorar inicio bem-sucedido de trilha. O cansaço acumulado faz com q jantemos imediatamente e logo na seqüência durmamos antes das 21hrs, afinal o dia sgte seria de pauleira total. Felizmente a noite foi bastante agradável e fresca. Dormimos feito neném no berço.



 
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