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UM GRAVE ACIDENTE NO RAPEL PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Eduardo Bicudo   
Qua, 14 de Dezembro de 2011 02:28

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Em minha visita a Potrero Chico (México), no mês passado, participamos de um resgate dramático.

F. S. 62anos, Escalador experiente e veterano, em um momento de distração ao realizar sua descida no Rapel passou pelo final da corda, que por algum motivo não havia um nó nas extremidades caindo cerca de 6 metros no chão e sofrendo vários ferimentos graves.  De acordo com seu parceiro de escalada, os mesmos haviam ido a uma seção de limpeza da parede, para equipagem de uma nova rota no Motta Wall, aparentemente ele esqueceu que deveria ter mudado para outra corda fixa, e assim passando pelo final da corda.

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Seu companheiro teve que deixá-lo sozinho na base da parede com diversos ferimentos graves, e foi até os acampamentos buscar ajuda; por volta das 18h30min recebi a noticia, eu estava no banho, e todos nós já estávamos com as malas prontas para retornar ao Brasil saímos com muito equipamento e um kit de Primeiros Socorros, pois não sabíamos as condições que iriamos encontrá-lo. Já estava escuro quando encontramos um escalador local que nos passou a localização do acidente, tentamos ir o mais rápido possível, e sem pressa para não nos tornarmos outras vitimas, quando chegamos ao local, ficamos mais aliviados, ao ver que a vitima já estava na base da parede, e que não necessitária escalar, ou ter que tira-lo a noite da parede, mas o mesmo encontrava-se em estado grave, apesar de estar consciente, seu estado era bem grave. Quando cheguei, já havia outros escaladores no local, mas somente um deles havia experiência em Atendimento Pré Hospitalar (APH), assumi a liderança junto com outro escalador, detectamos algumas fraturas no braço, ombro, suspeita de fratura na coluna e traumatismos craniano, conseguimos estancar um hemorragia que havia em sua cabeça, e imobilizamos com tudo o que tínhamos nas mãos, pois o kit de PS que tínhamos não era suficiente, ao terminar os procedimentos e deixa-lo mais confortável, o cobrimos com um lençol térmico e aguardamos a chegada do resgate que demorou mais ou menos uma hora. A chegada da (Equipe de Resgate Civil de Monterrey) nos tranquilizou, pois não tínhamos uma maca para transportá-lo até a ambulância, que era o que mais me preocupava na verdade, a vitima estava estabilizada e consciente, com seu sinais vitais sem apresentar muito risco à vida, mas suas fraturas estavam muito grave para transporta-lo em uma maca improvisada, quando a equipe de resgate chegou colocamos a vitima em uma maca rígida e na sequencia em um SKED, que facilitou muito o transporte do mesmo, dividimos em quatro equipes, uma pra transporta-lo, as outra duas para revezar o esquema da segurança na descida, enquanto uma descia a maca pelo terreno acidentado, à outra já preparava a próxima ancoragem a uns 50m a frente, nessa maneira ficou muito eficaz, nós dois, junto com o paramédico da equipe mantivemos contato com há vitima o tempo todo, e sempre checando seus sinais vitais.

Ao todo éramos umas 18 pessoas mais seis profissionais da equipe de resgate, apesar do percurso até a ambulância ser curto, porém acidentado, demoramos cerca de uma hora até ele estar entregue na mão dos paramédicos, ao todo foi mais ou menos umas 4 h desde que recebemos a noticia, até a entrega na ambulância.

Na manha seguinte estávamos quebrados, depois de 12 dias escalando intensamente, esse foi o momento mais cansativo de todos, mas recebemos boas noticias que ele estava fora de perigo, que não tinha lesões na coluna, mas fraturou o crânio em três partes e com lesões grave nos olhos, diversas fraturas no braço direto, deslocou o ombro, e diversas escoriações e cortes pelo corpo.

Em quase 18 anos de escalada, já participei de diversos resgates, trabalhei em empresas que prestam serviços de resgate, trabalhei como bombeiro civil, fiz diversos cursos relacionados a resgate e APH, mas nunca aprendi tanto em 4 horas, como aprendi nessa experiência que eu tive,

Sou um cara que tem fama de ser chato com procedimentos, os erros apontados nesse acidentes são muito comuns e não devem ser repetidos, falta de nó nas extremidades da corda, cada caso tem seu caso, mas é sempre bom ter, a falta de um nó bloqueante, entre outros, que ficarei aqui escrevendo uma bíblia para aponta-los.

A falta de uma maca e um kit de PS num point de escalada é imperdoável e inaceitável

E ainda bem que ele estava usando capacete, caso contrario ele teria falecido, pois foi um estrago grande.

Bom comunidade escaladora ai vai mais umas dicas para aprendermos e assim evitarmos que esse tipos de acidente se repitam.

E ao chegar ao Brasil, recebi mais duas tristes noticias que uma escaladora faleceu no morro do Maluf (Guarujá-SP), e um na pedreira do Dib,

Caso alguém tenha mais informação, atualize nossos conhecimentos.

Se cuidem e boas escaladas

Edu Bicudo

Fotos: Ed (Potrero Chico)

 

 
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