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TOURIST SPORTS FAIR PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Ter, 25 de Outubro de 2011 19:58

A cerca de 13 anos atrás um evento me encantou pela inovação num setor q ainda ensaiava seus primeiros passos, o da aventura. Eu já dava meus pulinhos nesse sentido mas o evento decerto expandiu horizontes e teve gde influencia q culminou em abraçar de vez a paixao das pernadas como hobby. Era a primeira edição da Adventure Fair, a maior feira de esportes de aventura da America Latina. Desde então prestigiei as 3 edições sgtes, cada uma com entusiasmo menor q a outra, até finalmente deixar de ir pelo simplesmente fato dela não chamar mais minha atenção. O evento havia perdido seu foco principal. A feira havia se tornado td, menos de aventura.

Mas como o mundo dá voltas, eis q após longo hiato decidi voltar àquele evento q me encantou final de seculo passado, na esperança de ver algo novo na área ou, pelo menos, q resgatasse seu espírito original. Verdade q o ingresso vip foi fator determinante do meu comparecimento por la mas, e daí? Não custava nada conferir como andavam as coisas e rever alguns velhos amigos de pernada, expositores e palestrantes, não?

A “novidade” desta edição foi uma parceria com a recém criada “Brazil Sports Show”, q ocupou mais da metade do espaço físico do evento. Demonstrações de diversas modalidades esportivas, como futebol acrobático, esgrima, ginástica olímpica, tênis, vôlei, ultimate fight, basquete, etc... pipocavam aqui e ali, curiosamente. Em certo momento me perguntei se estava na feira anunciada no convite, pois o bate-estaca a td volume dum fitness oriundo nalgum palco me deu a impressão de estar na academia de algum shopping. Sim, saúde é o q interessa. Mas será q isso tem vez numa feira q se propõe ser de aventura? A desculpa dos organizadores é aproveitar esta união pra transformar o Brasil em destino internacional de aventura aproveitando a divulgação gerada pela Copa e Olimpiada. Conversa.
Antigos expositores, muitos deles amigos-conhecidos no setor e q trabalham com agências ecoturistas ou lojas outdoor já não freqüentam mais a feira devido ao alto custo dos stands. O pequeno empresário do ramo termina sendo afastado dali. Lembrando q são estes q fazem a ponte entre o mercado e o aventureiro iniciante. E são tb eles q de fato trazem as novidades no setor. Quem preenche então o espaço vago? São as marcas mais endinheiradas, q nem sempre tem aventura como foco. Só isso pra explicar a presença de artigos de griffe e luxo, inclusive um stand de bijus finas (!?) e óculos chiquérrimos.
Lembro na primeira edição a presença maciça de diversas publicações q estouraram com o “boom” do ecoturismo. Revistas como a “Nez Adventure”, “EcoViagem”, "Do Explorador”, além da saudosa “Terra” q a mto sucumbiram às oscilações deste mercado restrito e competitivo, agora já atingindo uma certa maturidade no setor. A crise é sentida por todos, alias, mas q isso não seja desculpa pra organizar um trade q descaracterize o evento. Pra salvar a pátria a “Aventura & Ação” ainda mantém seu indefectível stand, fazendo jus ao nome da feira. “A gente mata um leão por dia pra garantir a edição sgte!”, diz o Ricardo Contel, seu editor.
Curiosidade foi presenciar até um setor “Lojas Pajé” onde se vendiam produtos de aventura chineses descartáveis. Seus expositores mal falavam português e se limitavam a acionar um PowerPoint no notebook pra sanar o entrave do idioma com clientes em potencial. “Vendas somente pra logistas”, escancarava um anúncio ao lado, diga-se de passagem. Produtos “xinguiling” pra atividades q demandam durabilidade em seus equipamentos? Então tá. Enfim, com esforço e enxugando bastante os expositores, constatamos q apenas bem menos de 25% dos stands realmente diziam respeito à suposta razão da feira. É bem pouco.
Os atrativos e servicos ao público estavam redondinhos, dentro da medida do possível. Eu mesmo me submeti a uma oportuna avaliação física no local, com direito a exame de glicemia, pressão, índice de massa muscular e circunferência abdominal. Td ok, ainda bem. No entanto, pruma feira cuja intenção é desestimular a vida sedentária em prol da “vida ao ar livre” é minimamente estranho ter um setor reservado à diversão da criançada com... videogames convencionais!
Previsivel e sem novidade alguma, de aventura mesmo restaram as simpáticas oficinas ministradas por especialistas outdoor q, no enxuto período de meia hora, passavam ao publico leigo um pouco de sua experiência, macetes e segredos de profissão. E nada melhor q prestigiar as palestras dos amigos, onde pude assistir pelo menos três: a de culinária outdoor, com a personal-nutricionista Carol; a de fotografia de aventura com o Dib; e a de bigwall vertical com a escaladora Claudinha Faria. Queria ter visto mais, como a da peregrina Katia Estevez, a da Janine Cardoso ou qq outra do meu interesse, mas por questões de tempo me limitei àquelas q mencionei. Mergulho, paraquedismo, enduro a pé, cicloturismo, expedições motorizadas, caiaque oceânico, etc.. Havia pra tds os gostos e só não viu quem não quis.
Apesar dos seus “poréns”, encarar a feira funcionou apenas como exercício de nostalgia: é prazeroso, como trilheiro e aventureiro, rever o logotipo do evento com a mesma identidade visual esmerada do filme “Indiana Jones”, com fundo paisagístico deslumbrante. Além disso, os organizadores são hábeis ao resgatar pelo menos alguns poucos elementos oriundos de sua edição original, como por exemplo, a decoração de paredes de escalada e conjuntos de cordas pra rapel no vão do saguão da Bienal, algo q realmente impressiona e te joga no meio daquele “mundo dos esportes radicais”.
Mas infelizmente isso não basta pra quem cresceu com isso e se deslumbrou com a primeira edição. A diferença é enorme. A feira continua diluindo gradativamente seu foco, pois está mais pra evento de turismo ou esporte, onde aventura perde mais espaço a cada edição. Isso é fato. E assim tb lentamente vai perdendo seu público cativo e razão de ser, gente como eu, q irá pensar duas vezes em prestigiar a do ano q vem. Ainda mais naquela sauna q estava, sem ventilacao decente. Quem sabe com convitinho vip...
Resumindo, ir na Adventure Fair representa uma experiência similar ao reencontro dum amigo bem das antigas: o prazer da reunião é contagiante a principio, mas depois de um tempo ao reparar q os assuntos discutidos dizem respeito exclusivamente ao passado, percebemos que quiçá essa amizade funcione melhor como sensação nostálgica e provavelmente não haja razões suficientes em mantê-la ainda viva no presente. Uma pena.

Fotos: http://jorgebeer.multiply.com/photos/album/216/Adventure_Fair_2011


Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html
http://jorgebeer.multiply.com/photos

 
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