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PICO DA VARGEM GRANDE: TRAVESSIA TAIAÇUPEBA – PARANAPIACABA PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Seg, 24 de Outubro de 2011 21:56
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PICO DA VARGEM GRANDE: TRAVESSIA TAIAÇUPEBA – PARANAPIACABA
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Com apenas 1164m, o Pico da Vargem Grande é mais um daqueles morros desconhecidos q nunca se ouviu falar mas, querendo ou não, é um dos q integra a tríade de altas montanhas da divisa intermunicipal de Paranapiacaba, ao lado da Pedra Grande e do Itaguacira. Sabendo de antemão q seu melhor acesso era através de Taiaçupeba e não pela vila inglesa, essa foi a deixa pra buscar interligar estas duas localidades me valendo o mínimo possível de estradas de terra e sim por meio de seus atrativos naturais. O resultado foi uma travessia de dia cheio e mais de 20km percorridos atraves de precárias estradas de chão, trilha de motos, picadas óbvias e algum vara-mato q incluíram até as corredeiras encachoeiradas do borbulhante Ribeirão Taiaçupeba.

As infos dos tiozinhos locais eram desencontradas e até confusas, mas uma analise superficial das cartas de Sta Isabel e Santos ao menos corroborava a hipótese q o melhor acesso ao Pico da Vargem Grande era através da estrada homônima, partindo de Taiaçupeba, bairro rural situado no extremo sul de Mogi das Cruzes. Sendo assim e sem saber o q encontraria pela frente decidi sair bem cedo naquele domingo q se insinuava claro e limpo, perfeito pra empreitada. E bota cedo nisso, pois assim q saltei em Mogi imediatamente tomei o bus “Taiaçupeba”, na Pca da Bandeira, as 7:50hrs. Diferentemente das duas outras ocasiões anteriores em q tomara esse mesmo coletivo, desta vez o mesmo tava quase vazio, podendo ate escolher o lugar pra sentar.

As 8:20hrs desembarcava, enfim, na pacata Taiaçupeba, bairro rural de Mogi de ar bem interiorano onde o pouco movimento girava ao redor da igreja central, ou seja, a simpática Capela do Ribeirão. Pois bem, faminto por ter saído cedo estacionei na padoca local pra tomar um “farto” desjejum na base de uma enorme esfiha e um pão-na-chapa entre goles de café. No caminho, passei num mercadinho local pra abastecer minha mochila vazia com pão e bolachas e aí sim dei inicio a minha pernada matinal, tomando rumo ainda pela estrada principal (SP-102), sentido sul.
Não demorou pro asfalto dar lugar a poeira e terra, passei pela Sabesp (á direita), por uma fazendinha (à esquerda) e finalmente cruzei a “Estrada da Adutora” (SP-043), passando sob os enormes canos q já foram percorridos noutras ocasiões em ambos sentidos, nas duas edições da chamada “Trilhas dos Tubos”, tanto leste qto oeste.
Agora o terreno era incerto e td era novidade pra mim, tanto q tive q ir consultando constantemente a carta pra comparar o terreno q se apresentava diante de mim de modo a saber o momento exato pra quebrar pra direita, rumo o pico almejado. Foi ai q na pressa de sair de casa percebi ter esquecido de algo fundamental: a bússola! “Putamerda, e agora?”, pensei. De fato, sem ela me sinto pelado, um total “cego em tiroteiro” e faria gde diferença na empreitada. Dane-se, desta vez teria q confiar mais na minha intuição, bom senso ou adotar outras medidas pra saber me orientar na mata fechada.
Pois bem, fui descendo suavemente pela poeirenta estrada de terra durante um bom tempo cercado de muita mata de ambos lados. Passei por poucos sítios e chácaras ate emergir da mata, onde os horizontes se ampliaram de modo a apreciar a paisagem q se mostrava à minha frente. Um enorme paredão forrado de verde elevava-se à minha direita e se espichava pra sudoeste, onde provavelmente o ultimo pico deste extenso e abaulado serrote doméstico parecia ser meu destino, destoando majestuosamente do resto. Na carta não está nomeado, mas aparentemente é o mesmo serrote do qual dois pequenos fragmentos se desprendem bem no final, sob a forma do Pico Itaguacira e da Pedra Grande de Quatinga, maciços já visitados noutras ocasiões.
Após uns 5km depois de ter iniciado minha marcha em Taiacupeba surge a primeira e única bifurcação significativa da trip, as 9:10hrs. Uma placa decrépita e enferrujada anunciava à direita a Estrada da Vargem Grande, e é por ela q devo seguir praticamente até o final, sentido sudoeste, sempre acompanhando o sopé da serra avistada. Esta estrada é bastante similar à Estrada do Taquarussú (em Paranapiacaba), pois esta cercada de mta mata em volta, seja ela secundária ou focos de reflorestamento, e as casas aqui são escassas. A diferença é q ela acompanha o Córrego da Vargem Grande, q segue paralelo ao serrote almejado. Acredito q seja um ótimo lugar pra ser percorrido de bike, portanto fica a dica.
Um tempão depois serpenteando a tal poeirenta estrada ao sopé da serra, ladeando um enorme reflorestamento de eucaliptos q parece pertencer a um tal Sitio Alvorada, as 9:30hrs, alcanço o q parece ser o vilarejo da Vargem Grande. Na verdade é um punhado de casas esparsas ao largo da estradinha, onde o destaque fica por conta da arquitetura de uma rústica mercearia, uma simpática capelinha e uma bela igreja á direita, onde aceno cordialmente pra algumas poucas pessoas proseando sentadas em suas escadas.
Após descer e se manter em nível um tempo, a estrada vira um pouco pra esquerda, meio q se afastando da serra, alcançando um trecho da baixada q parece ser o fundo do vale em questão. Mas depois vira novamente pra direita ganhando altitude aos poucos, e num trecho bem mais aberto tenho uma panorâmica de td extensão daquele belo serrote se espichando graciosamente preeenchendo td o quadrante oeste. O Pico da Vargem Grande escancaradamente era o maior daquela cumeada, situado quase ao final, no extremo sudoeste, próximo de um selado q interligava o referido serrote a outra cumeada de morros menores, ao sul, ou seja, á minha esquerda. Enqto caminhava percebi q a estrada ia de encontro exatamente sentido este selado e ai percebi q qq tentativa de subir a montanha seria justamente deste ponto, ou seja, do selado! Pra aliviar o calor do sol daquele horário uma agradavel brisa soprava no rosto suado, provavelmente vinda do sul. E como trilha sonora da minha caminhada alem do cantarolar dos pássaros ao redor havia tb o marulhar hipnótico do pequeno Córrego Vargem Grande, q foi cruzado diversas vezes no caminho.
E assim apressei o passo naquela estrada, cada vez mais precária, onde pelos meus cálculos comi a poeira de apenas 3 carros q passaram por mim em td tempo. Dessa forma, e agora subindo suavemente, passei pelas ultimas chácaras do caminho ate dar nas proximidades do selado avistado. À minha esquerda impunha-se majestuosamente o Vargem Grande, com suas encostas forradas de verde espetando o céu azul num cume q parecia ser largo e florestado. Pois bem, a estrada subiu sinuosamente a encosta da montanha, onde já fui avaliando o melhor caminho de simplesmente me enfiar no mato e tocar pra cima, à direita.
No entanto, a encosta aqui além de estar cercada de arame farpado tb elevava-se num barranco vertical, e o único jeito de subi-la foi ao me deparar com uma bica dágua, as 10:30hrs, quase em frente do Sitio Aguas Claras!! E foi atraves da captação daquela bica q simplesmente toquei pra cima na encosta, escalaminhando as pedras desmoronadas por onde corria água gelada e fresca, me firmando nas rochas e na própria mangueira ou nos canos de PVC juntados artesanalmente pra coletar o precioso liquido. Assim ganhei altura rapidamente ate me deparar com uma pequena cachoeirinha no caminho, onde tive q escalaminhar mato pela sua parede esquerda ate ganhar o cocoruto sgte.
Uma vez no alto da cachu o córrego aparentou nivelar mas eu ainda não estava sequer na crista ascendente q deveria tomar pra subir a montanha. Daí simplesmente me mantive no córrego, subindo o dito cujo ate onde desse, mas um monte de mata tombada no caminho me obrigou a contorná-lo pela direita, atraves de um denso bambuzal naquela íngreme encosta. Avancando na raça e estalando td sorte de madeira na minha frente acabei caindo numa pequena trilha, q acompanhava o córrego morro acima. Uffaaa, ainda bem!

 


Subindo mais um pouco a picada me levou as nascentes daquele córrego, já num terreno meio nivelado da encosta, onde a agua despencava numa sucessão de lajotas inclinadas. Pois bem, aqui reparei q a trilha, após o córrego, seguia pro sul e se afastava da montanha. Tentei buscar uma trilha q subisse a crista ascendente mas nada. Teria q subir a montanha na raça mesmo. Mesmo sem bússola na mão sabia q minha direção a tomar era pra direita do córrego, encosta acima. Pequenas janelas na vegetação tb confirmavam isto pois conseguia avistar as montanhas na ecosta oposta á estrada.

Pois bem, a partir dali simplesmente fui subindo a encosta de mato, sempre desviando das voçorocas de bambuzal seco q haviam aos montes. Por precaução fui deixando marcações de plástico pra me auxiliar na volta, afinal onde quer q se olhasse parecia ser a mesma coisa e me perder ali era meio fácil. Ai, q falta me fez a bússola!!! O inicio da subida daquela larga crista ascendente foi meio q tranqüilo, pois a declividade não era tão apertada conforme supunha. Mas depois de um tempo e após os densos bambuzais ela apertou, felizmente no momento em q descobri vestígios de uma precaria trilha q ia na direção desejada, menos mal. Ao menos me livrava dos inconvenientes cipozinhos finos no caminho q grudavam na pele feito velcro q deixaram meus braços repletos de“chicotadas”. E assim fui tocando montanha acima sem gde dificuldade.

As 11:40hrs alcancei o topo da montanha, enfim. Era o topo pois simplesmente não havia mais o q subir em qq direção q fosse. Conforme imaginei era td florestado, sem margem de apreciar nada, embora pequenas frestas na vegetação possibilitassem flashes parciais do domo rochoso da bela Pda Gde de Quatinga, reluzindo ao sol daquele horário. O único q cunhava de diferente aquele largo topo eram duas pequenas marcações de cimento sem inscrição alguma. Perscrutei rapidamente em tds as direções atrás de vestígios de trilhas e os poucos q encontrei terminavam dando em nada, motivo pelo qual voltei pelo mesmo caminho, claro! Quem sabe numa outra ocasião, bem mais preparado e equipado, decida percorrer td aquela crista rumo norte? Fica ai a dica.
A volta foi feita praticamente na metade do tempo da ida e sem as gdes dificuldade q imaginei ter, tanto q nem atentei pras marcações q deixara pelo caminho. Afinal bastava simplesmente descer ate o som do córrego q pra mim serviu de referencia, onde cheguei depois do meio-dia. Descansei um pouco às margens daquela boa agua e retomei a pernada agora pela trilha obvia q havia descoberto, andando em nível pelo mato aparentemente sentido sul.
E la fui eu naquela picada no meio do mato q após um tempão subindo e descendo encostas emergiu no aberto ate cair numa bifurcação. Tomei a errada q me levou á casa abandonada de um caboclo no mato me obrigando a retornar e tomar o ramo certo, q por fim começou a descer interminavelmente ate se tornar praticamente uma estrada, larga e plana. Resumindo, a vereda me largou na estrada principal, um pouco depois do tal Sitio Aguas Claras, as 12:45hrs.
Retomando o caminho pela mesma estrada do inicio do dia agora cercado de sombra, deixei a mesma (q virava pra esquerda) um pouco depois em favor de uma vereda q descia pro sul. Picada esta bem erodida q fazia questão de mostrar sua vocação de trilha de motos, pois marcas das mesmas estavam aos montes. Não sei se me mantivesse na estrada principal teria dado no mesmo lugar q terminei caindo, só sei q essa é mais uma daquelas decisões q simplesmente estalam na sua cabeça, sempre cunhadas de bom senso e alguma experiência. Só sei q a trilha q tomei desceu suave e interminavelmente em meio a muito brejo, charco e simpesmente foi descendo o lado oposto do selado visto pela manhã.
Dessa forma fui caindo em terreno cada vez mais aberto até torná-lo parcialmente identificável. Estava já nos domínios da Fazenda Quilombo (ou Faz. Matarazzo) pois já reconhecia os morros florestados de eucaliptos de outras ocasiões. A trilha desembocou numa precária estrada q simplesmente tocou pra sudoeste, ou seja, sentido desejado. Ao mesmo tempo em q acompanhava as borbulhantes nascentes do Rio Taiaçupeba, q ia aumentando de volume conforme avançava, já q á suas águas somavam-se as de inúmeros afluentes despencando da morraria ao redor.
E assim alcancei um trecho onde a precária estrada deserta cruzava o raso rio e seguia em frente, um trecho q eu já conhecia. Pois bem, pra fazer diferente resolvi seguir pelo rio, q aqui descia tão acidentado qto encachoeirado. E la fui eu, desescalaminhando pedras, me espremendo feito calango por inúmeros quebra-corpos entre as rochas ou simplesmente andando pela margem lajotada. Francamente, este trecho é bem bonito, repleto de cachus e belos poços. Qq dificuldade de avanço aqui seria facilmente tranposta pois bastava escalar a encosta a minha direita q terminaria dando na estrada. Entrentanto, como o avanço era possível sem gde dificuldade (por assim dizer) me mantive pelo leito pedregoso do rio.
Pois bem, após um trecho de desescalaminhadas e tals, cheguei num lindo remanso onde um enorme piscinão repousava ao sopé de uma gigantesca rocha coberta de bromélias e cipós. Claro q as 13:45hrs estacionei um tempo ali pra me presentear com um belo tchibum como vim ao mundo, afinal não é sempre q se tem um lugar desses pra si próprio. Só torci pra ninguém ter vista dali da estrada, pq senão teria uma paisagem medonha do meu alvo e combalido derriére.
Retomei a marcha meia hora depois andando o restante plano e raso do rio, aqui já manso e facil de andar, ate finalmente sair dele pra tomar a estrada ate a entrada da fazenda. A partir dali seria uma entediante via-sacra de quase 8km de estrada de chão, sob forte sol. Mas dane-se, quem ta na chuva é pra se molhar! O dia já tava ganho mesmo. E la passei pelo Simplão, a Cachu da Macumba, o vilarejo do Taquarussú e finalmente cheguei nela, a vila de Paranapiacaba, as 15:50hrs, repleta de turistas de ocasião naquela muvuca típica de domingo. E qual a supresa de la encontrar o Carlão, q guiava um grupo pra Pedra Gde e por pouco não nos topamos no caminho. Pois é, vida trilheira é um mundo pequeno mesmo. E lá ficamos um tempo tomando umas brejas geladas no Lgo dos Padeiros, enqto colocávamos a conversa em dia, so vazando pra casa algo de duas horas depois.

E assim transcorreu a jornada dominical ao Pico da Vargem Grande, uma montanha desconhecida porém respeitável q mostrou-se mais facil de alcancar q o previsto. É verdade q a esticada com a pernada sentido Paranapiacaba deu um “plus” ao bate-volta com direito a banho refrescante nas plácidas águas do Rio Taiacupeba. Uma combinação de altos e baixos ideal prum dia de sol. Mas nada impede de prosseguir jornada pela crista do Vargem Grande, conforme mencionado anteriormente, sentido nordeste. Claro q ai deve-se carregar td agua possível pois aquelas cumeadas carecem do precioso liquido. Mas certamente deve resultar numa outra jornada tão perrengueira qto interessante. Pois é, aqui opção trilheira é o q não falta, provando mais uma vez q não é necessário ir demasiado longe pra encarar desafios “montanheiros” de final de semana.


Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html
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