Página 2 de 2
Sempre pelo alto, um tempo começamos a bordejar o morro pela esquerda e a ouvir o som de agua correndo no fundo do vale ao lado. Em tempo, é bom carregar agua aqui pq agua no alto não tem. Além do cantil e de um anorake, minha mochila de ataque tava quase vazia pois a maça q levara aquela altura já repousava devidamente no meu bucho. E assim damos continuidade à descida de serra, alternando trechos acentuados com outros mais suaves, ora pela encosta ora por cristas descendentes. Mas chega uma hora em q a picada estreita se alarga e nalguns trechos se transforma em verdadeiros atoleiros, dos quais logicamente desvio. As 9:30 passo por uma porteira á minha direita mas a picada toma rumo pela esquerda em seu ultimo trecho pirambeiro pra desembocar no aberto bem mais abaixo, já quase no final da crista. Daqui se tem uma bela vista do vale á nossa esquerda, mas as brumas realmene estavam afim de me privar de td e qq vislumbre serrano naquela manhã. Enfim, as 10hrs e após topar novamente com a adutora emergindo das entranhas da morraria, a picada me larga outra vez na “Estrada da Adutora”, já no seu Km 62, q aqui parece ter o nome tanto de “Estrada da Servidão” como “Estrada de Ouro Fino”. Essa é mais outra característica daqui: existem sempre dois nomes oficiais mas o popular é o q predomina. Dali pro asfalto foi num piscar de olhos, mais precisamente a desolada “Estrada do Pavoeiro”. Antes, porém, uma visita numa simpatica cachoeirinha bem do lado da via. Ali, sem movimento algum, me informei de como sair dali com um tiozinho meio cowboy q passava montado a cavalo. Me disse q dali não tinha saída nem pra Ouro Fino ou Ribeirão Pires pois dali começavam as chácaras mais “chiques”, e portanto fechadas. Resumindo, teria de retornar pelo mesmo caminho, isto é, a “Estrada da Adutora” (ou “Servidão” e “Ouro Fino”). Paciencia. Q seja então, né? Portanto fica a sugestão de já ter resgate engatilhado, ir de carro ou melhor, fazer esse trajeto td de moto ou bike, embora acredite q nalguns trechos a magrela deva ser carregada no ombro. Respirei fundo e retomei o caminho já meio q duvidando se estaria em casa no horário do almoço, pois teria pela frente quase 10km de chão numa estrada onde não vi circular ninguém. Não pelo menos àquela altura. Como tava bem leve na mochila, cogitei até a possibilidade de ir correndo pra avançar mais rápido, mas não deu menos de 10min de caminhada q um bendito motoqueiro caiu do céu e não pensei duas vezes em esticar o polegar, quase q em tom de súplica. Uffaaa! E lá embarquei na garupa trepidante, numa viajem de puro sacolejo q salvou meu dia e da necessidade de inventar uma desculpa pelo atraso. O cara me disse q aquela região recebe publico gde em época de temporada e fica vazia nas demais, q era o caso. As poucas pessoas q moram ali utilizam Ouro Fino apenas como “bairro dormitório”. O cara me deixou em Ouro Fino as 11hrs, num dos charmosos ptos de ônibus dali, e na sequencia comecei a via-sacra da volta á Sampa. O cidade já pulsava com mto mais vida q no inicio do dia, mesmo com uma fina garoa ainda fustigando o rosto naquele domingo acizentado e lúgubre. Antes de embarcar no trem garanti num mercado uma lata de breja apenas pra molhar a goela pelo resto da viagem. Um pequeno aperitivo pra atiçar ainda mais a larica. Afinal, a fome de mato havia sido satisfeita mas não a principal, aquela sob forma do farto almoço q me aguardava na cia do meu velho. E sem atraso algum, diga-se de passagem. É bem verdade q a “Trilha da Olaria” é um programa fácil, sem gdes desafios ou maiores atrativos realizado em meio a uma região basicamente rural e nada selvagem, como é de costume. Mas td andarilho q se preze sabe mto bem q qdo a vontade por mato fala mais alto e o tempo disponível é escasso, aí decerto qq programa diverte prum domingão não passar em branco. Inclusive pernadas nos cafundós dos arrededores do subdistrito de Ribeirão Pires. Jorge Soto http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html http://jorgebeer.multiply.com/photos
|