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TRAVESSIA DA SERRA DA PEDRA AGUDA - Página 3 PDF Imprimir E-mail
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Escrito por Jorge Soto   
Qua, 24 de Agosto de 2011 12:56
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TRAVESSIA DA SERRA DA PEDRA AGUDA
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Dessa forma e após vencer um trecho equilibrados sobre um tronco caído, as 15:45hrs emergimos no alto dos 1575m do cume da Pedra Aguda. Uma clareira de pasto capaz de comportar 3 barracas, bem apertadas porém protegidas, domina o pedaço ao lado de vestígios de fogueira com algum lixo, infelizmente. Da clareira parte uma trilha q, em menos de 10m, desemboca num maravilhoso mirante rochoso (com algumas "inscrições burrestres", diga-se de passagem) detentor de maravilhosa e estupenda panorâmica de toda região: ao norte vislumbramos td o Vale do Rio Sapucaí, o Pedrão de Pedralva (1.230m) e a Serra da Pedra Branca (1.860m); virando um pouco mais para direita, a leste, conseguiremos ver os 3 cumes que formam o Pico dos Marins (2.422m); olhando para o sul descortinam-se algumas casas da cidade de Campos do Jordão; a sudoeste, o maciço da Pedra da Chita (Vila Maria) e também o da Serra da Bela Vista de Luminosa; e fechando o 360 graus, a oeste somos brindados com o domo metálico do Observatório Nacional de Astrofísica de Brasópolis, a Pedra da Piedade e o Monte Belo de Cachoeira de Minas. Simplesmente fantástico!
Pois bem, com um visu desses veio a dúvida cruel: acampamos na clareira ou no mirante? Olha, pernoitar no mirante era bem tentador pois havia espaço pra duas barracas. Contudo, havia o problema de ser extremamente exposto, sem proteção nenhuma, alem de q boa parte do chão era pedra e não de terra, o q poderia dificultar a sustentabilidade da barraca. Como não queríamos sair voando a noite, optamos montando a barraca na clareira mesmo, com mais segurança, decisão esta q depois mostrou-se mais acertada.
Com tempo mais q de sobra e donos absolutos do pedaço, ficamos o resto da tarde à toa, descansando e desfrutando daquela vista maravilhosa. Eu mandei ver uma cerveja q levei a tiracolo pra comemorar. Quente, claro, mas mesmo assim cerveja. Pra rebater mandei ver tb uma pinga q a Débora levou num squeeze, o q alem de relaxar além da conta me deixou mais pra lá do q pra cá. Mas antes mesmo de escurecer e das luzes de Itajubá começarem a cintilar ao norte, mandamos ver nossa suculenta janta, onde bastou esquentar minha marmita (previamente preparada) e o Cup Noodles da Débora, q forrou a gosto nossos estômagos. Pra q? De barriga cheia o sono veio facil, e não deu nem 18:30hrs q já estavamos roncando dentro dos sacos-de-dormir, mortos de cansaço por conta daquele dia puxado.
Durante a noite a temperatura baixou consideravelmente, choveu e ventou bastante, fazendo jus as previsões meteorológicas de iminente frente fria adentrando no estado. O sobreteto tamborilava com os respingos e a armação trepidava levemente com súbitas e fortes rajadas de vento. É, acampar na clareira foi a decisão mais acertada mesmo. Felizmente não tivemos infiltração alguma e tivemos uma agradável noite de descanso e sono merecidos.
A manhã de domingo irrompeu sem sol nem alvorada deslumbrante e sim envolta na mais espessa nevoa, com direito a fria e fina garoa. Despertamos revigorados, antes das 6hrs, mas o friozinho matinal e a chuva fina nos segurou um tempão nos nossos acolhedores sacos-de-dormir. Mas qdo não teve mais jeito, desfrutamos de nosso desjejum dentro da barraca e imediatamente começamos a levantar acampamento assim q a chuva deu uma trégua. Desmontar barraca na chuva é bem desagradável, mas ai deu na mesma pois o vento sacolejava o arvoredo em volta de forma inclemente, nos ensopando num piscar de olhos. Paciência.
Zarpamos enfim as 8hrs, carregando algum lixo avulso deixado ali por irresponsáveis, alem do nosso, claro. Afinal aquele belo local deve ser preservado. Fomos pro mirante tentar avistar alguma coisa mas o máximo q conseguíamos vislumbrar eram lampejos da paisagem envolta em brumas opacas. Sendo assim, mergulhamos literalmente numa trilha q partia dali rumo sudoeste, e iniciamos a descida íngreme da montanha. E bota íngreme nisso! A picada praticamente é uma linha reta embicando pra baixo, quase vertical, o q demandou tanto pernas, joelhos, braços, mãos e até o "quinto apoio", principalmente nos trechos escorregadios de terra molhada! Aqui já não havia mais sinais de fitas ou qq marcação, mas a vereda era bem mais batida e obvia, sinal q aquela era de fato o caminho mais utilizado pro pico. Em tempo, sabia q durante a descida havia uma bifurcação q leva a um refúgio situado numa colina q desce da montanha, mas desta trilha não vi sinal ou nos passou desapercebida.
Enfim, essa interminavel piramba bastou pra perder altitude num piscar de olhos, pois não deu nem meia hora na vertical q desembocamos num enorme descampado de pasto, onde a declividade suavizou. Dali foi só tomar um largo carreiro q bordejava os pequenos morrotes forrados de pasto restantes da serra, perdendo altitude lentamente. A partir daqui já era "caminho da roça", sem dificuldade alguma!
Numa curva de nivel, mais precisamente num pto chamado de "Portal", temos um ultimo vislumbre da Pedra Aguda com a cidade de Itajubá ao fundo. Lindo. Mais adiante, as 8:50hrs tropeçamos com um enorme lajedão cercado de limoeiros e atrás, a bonita e enorme bocarra da Gruta do Quilombo, um atrativo arqueológico q foi utilizado pelos escravos q habitavam o Quilombo da Berta pra se esconderem dos capitães da fazenda do espanhol Jordão (Campos do Jordão).
Prosseguindo a marcha pela precária estrada de terra fomos perdendo cada vez mais e mais altitude, serpenteando encostas sucessivas de morros até enfim desembocar na Estrada das Anhumas, as 9:20hrs, já quase aos pés do gde maciço rochoso da Pedra Vermelha, famoso point de escalda local. Uma vez na estrada foi so tocar pro norte indefinidamente, ou seja, pra direita. A caminhada por esta estradinha teria sido por demais enfadonha e tediosa não fossem as particularidades do charmoso bairro rural de Anhumas. Casinhas e igrejinhas aqui e ali rente à via principal nos remetem facilmente á rotina do campo tipicamente mineiro. Um evento chamado de "Velorio do Boi", animado por um tal DJ Claiton e pela dupla Renan & Renato parece ser a "vibe" local. Enqto isso, carona q é bom, nada. Mas a medida q avançamos pela estrada temos outra vista da serra palmilhada, agora sob outra perspectiva, ou seja, de baixo.
Enfim, após mais de 8km de chão e com tempo dando sinais de melhora, alcançamos Itajubá as 10:50hrs, onde mudamos nossa vestes por outras mais apresentáveis, pegamos o veiculo e tomamos rumo de volta à paulicéia. Mas não sem antes passar numa padoca forrar o estomago e bebericar alguma coisa. Um último vislumbre da Serra da Pedra Aguda por sobre o ombro é nosso adeus áquele belo serrote sul mineiro q nos brindou um fds agradavelmente diferenciado. Resumindo, uma bela e peculiar pernada situada numa RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) q reuniu os três quesitos básicos pra tornar a travessia digna de nota: aventura com algum desafio, visual arrebatador e um pouco de cunho histórico agregado. Isso sem mencionar na facílima navegação visual, pois a bússola sequer saiu da mochila pra ser consultada.


Jorge Soto
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Gruta do Quilombo

 



 
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