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A MACHU PICCHU DE PARANAPIACABA - Página 2 PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Seg, 30 de Maio de 2011 19:20
Índice do Artigo
A MACHU PICCHU DE PARANAPIACABA
Página 2
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Após percorrer algo de 1200m, as 9:45 alcançamos a tal Cachu Água Fria, q nada mais é uma pequena queda onde um córrego despeja sua agua por uma laje vertical de uma altura um pouco maior q 2m, reluzindo os poucos raios q penetravam atraves da copa do denso arvoredo. Uma pedra na base ostenta "inscrições burrestres" q algum fenício irresponsável tentou passar pra posteridade, infelizmente. Verdade seja dita: esta é uma queda bem modesta se comparada às gdes cachus do entorno da vila, principalmente as q integram seus vales mais afastados. Mas q se tenha em mente q esta "cachu" aqui é um atrativo à mão de qq mortal, q não demanda maior esforço. E a mata q a emoldura abriga inúmeras nascentes onde se pode observar gde variedade de espécies da Mata Atlantica.
Pois bem, do final da picada da cachu observamos uma outra subindo o barranco q logo dá noutra trilha, logo acima. Logicamente q tomamos o sentido da direita uma vez q o da esquerda retorna à estrada. A picada, escorregadia e úmida em virtude das chuvas recentes, mergulha cada vez mais no frescor da mata fechada por terreno nivelado, passa do lado de uma pequena clareira e prossegue serra adentro. O sol é filtrado pela densa vegetação e o ambiente se enche de trinados, q fazem destes a trilha sonora permanente de nossa pernada. Alguma mata caída se alterna com trechos de charco, mas nada q um jogo de cintura não resolva.
Prosseguimos então serra acima, desta vez acompanhando o leito de um rio seco, ate dar quase no sopé do Morro da Comunidade. Ate então os cortes na encosta denunciava q ali fora uma antiga estrada, agora td erodida e tomada pelo mato. Mas é aqui q a subida aperta p/ valer, onde ganhamos altura rapidamente em largos ziguezagues através de uma encosta de desnível acentuado e declividade acima de 30 graus, td forrada de mata. Eventuais brechas entre o arvoredo revelam os contornos arquitetônicos de Paranapiacaba nos espiando, realçados pela iluminação matinal.
Mas as 10:30, após quase 1569m de extensão percorridos e um desnível de quase 300m, a picada arrefece e nivela de vez ate darmos no amplo topo da serra, emergindo numa enorme e vasta clareira, rodeada de muita mata alta, bromélias e orquideas, inclusive um pé-de-limão. O lugar é marcado pelo q chamam de "Comunidade", q são ruínas (amontoados geométricos de pedras) de alguma coisa. Uns dizem q foram desde pto estratégico ferroviário até local de "pouso" de Ets, mas q foram abrigos outrora utilizados por dissidentes na ditadura como por outra mais alternativa na década de 70, posteriormente. Dizem q a comunidade não vingou pq o solo daqui é acido demais e não permite agricultura alguma. Independente de sua origem ou finalidade, o local realmente é pitoresco e desperta certa curiosidade. Quem e como teria caregado tds aquelas enormes pedras ate ali? Misterio.. Bem, de qq forma c/ o sol brilhando forte no alto foi aqui mesmo q nos presenteamos com um breve pit-stop p/ descanso e lanche. Mas uma coisa é certa do alto dos 1100m do morro: o local é pouso p/ trilheiro cansado! Lembrando q é o local onde passa a divisa dos municípios de Sto André, Santos e Mogi.
Pois bem, revigorados e descansados, meia hora depois retomamos a pernada agora sentido sudoeste. Há uma trilha partindo daqui pela esquerda (sudeste) mas q vai dar na Cachu do Tobogã e, consequentemente, no Vale do Quilombo. Como nosso destino é outro, tomamos uma discreta picada q continua pelo alto da serra, embora a mata não permita nenhum vislumbre ao redor. Sempre checando a bússola pra não fugir da rota, percebemos q a trilha vai na direção desejada, acompanhando a crista serrana porém perdendo altitude aos poucos. Mas eis q a vereda nos levou, as 11:30, noutro vestígio arqueológico dos  tempos remotos da vila do qual já ouvira comentar. Tomado pelo mato e cercado de uma baixa muretinha de pedras com piso pedregoso bem trabalhado, td indicava ser um tal de tanque ou piscina onde (abastecido antigamente por uma mina dágua) dizem q eram realizados os "banhos de purificação" da antiga seita q se alojou na comunidade. De fato, as proporções de 10m por 10m do local corroboram q hipótese de q aquilo ai fora uma enorme "banheira" quase no alto da serra! Pena q haja descaso da prefeitura em deixar isto aqui ao relento, tomado pelo mato, sendo q poderia ser revitalizado de modo a se tornar mais um chamariz e atrativo de gde interesse pra vila. Já pensou isto aqui, uma jacuzzi num dia de sol e calor?
Após descanso e fotos damos continuidade á nossa jornada pelo alto da serra, sempre sentido sudoeste. Contudo, a trilha q ate o momento nos servira terminava de fato naquelas ruínas. Buscamos nos arredores e nada. Ou seja, vara-mato a partir dali! Sendo assim mergulhamos na mata e continuamos na crista, desviando de maiores voçorocas de xaxim, taquearinhas e samambaias. Foi ai q encontramos vestígios de uma picada, q naturalmente acompanhamos. E assim transcorreu por meia hora, avançando pela crista por uma trilha q sumia mas logo adiante ressurgia.
Mas após meia hora de caminhada naquele ritmo a picada sumiu definitivamente, nos obrigando a simplesmente continuar na base do vara-mato. Aqui a crista serrana era maior, larga e confusa, portanto qq escapada da rota traçada poderia nos levar nalgum cafundó, motivo pelo qual verificava a bússola a cada 5min, se modo a não cair demasiado nem pra esquerda nem pra direita. A navegação aqui foi fundamental, uma vez q não havia visual nem tampouco referencia visual algum, a não ser a mais verde e espessa mata à nota frente! Eu e o Clayton nos reverzávamos na dianteira, buscando a melhor forma de avançar com menos dificuldade, desviando da mata mais agreste, espinhenta e espessa. Claro q saímos dali bem ralados e repletos de arranhões pelo corpo.
E assim fomos ganhando terreno, devagar e sempre. Ate q chegamos numa baixada q gerou duvidas, onde sempre a bússola era consultada. Minha bússola, alias, uma vez q a do Clayton tava zoada e não era confiável. Com mato caindo de ambos lados podíamos ouvir perfeitamente o rugido do rio no Vale do Quilombo, à nossa esquerda, e os sons da vila e apitos de trens, à direita. Descendo então num colo serrano a pernada se manteve em nível por um tempo, ate q começamos a bordejar uma suave encosta pela esquerda. Pequenos córregos e filetes dágua dominam este trecho montanhoso, tranqüilizando-nos de nossa eventual preocupação de obtenção do precioso liquido no alto da serra.
No caminho, algumas frestas na vegetação permitiam apenas vislumbres das laterais e nunca da frente, o q nos preocupou. Apesar dos fantásticos visus dos contrafortes serranos de ambos lados, um visu das torres na dianteira nos tranqüilizaria ao menos em saber do qto ainda restava da pernada. E nada. E tome bússola sentido sudoeste! Mas ao constatar q a declividade tornara-se mais acentuada pela rota q palmilhávamos, me ocorreu ganhar o morro coberto de mata à nossa direita pra tentar subir alguma árvore e ver o qto ainda faltava. Mas qual nossa surpresa q ao ganhar o morro terminamos emergindo na primeira tão almejada antena, as 13:30, na cota dos 1172m!!! Alegria geral, claro! De fato, as antenas so são visiveis pelas suas laterais; na crista elas são invisíveis devido à mata.
Após um tempo de descanso e lanche ao sopé das torres, nos limpamos de modo a remover o mato q trazíamos a tiracolo dando continuidade ao resto da pernada. A partir dali bastou acompanhar o caminho calçado de paralelepipedos q percorre o restante da crista. Após passar a segunda e terceira torres e agora percorrendo o Caminho da Boa Vista, num piscar de olhos desembocamos em Paranapiacaba, as 14:30, onde imediatamente fomos comemorar no Lgo dos Padeiros.
O frio e nebulosidade novamente tomaram conta da vila a partir das 16hrs. O dia ensolarado dava adeus à serra e o q nos salvou foi, alem das vestes e agasalhos nas mochilas, um bem-vindo vinho q o Clayton carregava junto. Tin-tin. Não era chá-de-coca peruano mas servia mto bem à ocasião pra celebrar o rolê pela Serra da Comunidade. É verdade q as ruínas no alto da montanha nem sequer se comparam às localizadas em Cuzco, mas nem por isso deixam de evocar certo interesse e mistério. E independente de suas origens ou finalidade, a serra q as acolhe igualmente permite boas pernadas com algum desafio a andarilho q se preze. E sem mistério algum.


Jorge Soto
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