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Contudo, o pior ainda estava por vir. Havia ainda de vencer um trecho onde era necessário desescalar uma rocha inclinada e cruzar o rio justo onde ele se afunilava com força redobrada. O temor era justificado pq já havíamos tido alguma dificuldade de atravessá-lo na ida com menos água. O Mamute foi na dianteira se firmando na vegetação, mas não demorou pra pisar em falso, cair na água e ser levado pela correnteza por alguns metros, onde já era mais raso e conseguira se ancorar nas pedras ao redor. "Segura ai, Mamute!", gritou o Clayton jogando um toco de madeira, quase acertando a cabeça do nosso colega. Mas peralá? Jogar um toco de madeira sem base alguma na margem?!?! O gesto transloucado e instintivo do nosso amigo gerou as gargalhadas necessárias pra quebrar o gelo do susto passado. Sendo assim, tivemos q fazer uso da providencial corda q o Fernando sempre carrega à tiracolo nessas ocasiões, onde o Mamute desta vez conseguiu atravessar e ancorá-la numa arvore da outra margem. Após o Fernando foi a minha vez de cruzar a bodega, onde realmente tive dificuldades de encontrar uma base firme num trecho mais fundo. Qq desequilibrio significa ria ficar à mercê do rio pendurado pela corda, q àquela altura tava na altura do pescoço. "Não vai se enforcar ai, Jorge!", Fernando gritou, rindo na cia do Mamute. Após uma eternidade consegui cruzar esse troço, respirei aliviado pra na sequencia ver o Clayton finalizar o trecho critico daquele dia. O resto do trajeto foi fichinha em relação ao q já havíamos passado, ao mesmo tempo em q a chuva aparentava dar uma trégua. Após cruzar o rio a ultima vez, sentamos na margem afim de beliscar um lanche, descansar e remover a areia acumulada nas botas. Foi ai q surgiu um improvável grupo de escoteiros, lobinhos e bandeirantes do nada, guiados pelo q parecia ser um monitor da vila!!! Pelo visto não éramos os únicos malucos q saem pro mato naquelas condições climáticas. Mas o q conferia ainda mais bizarrice àquela cena era ver aquelas crianças e alguns adultos trajados daquele jeito peculiar no melhor estilo Kiko, do seriado "Chaves". Bermuda e camiseta bege, saiote e gravatinha no meio do mato naquela chuva?! Bem, só sei q os informamos das condições do restante da trilha, dos malucos fumados da clareira e da dificuldade em cruzar o rio, q certamente seria triplicada no caso deles em virtude de serem um grupo numeroso. "A saia da escoteirinha vai virar do avesso feito guarda-chuva ao vento, no segundo rio", pensamos. Mas qual nossa surpresa q eles resolveram prosseguir mesmo assim, o q julgamos no mínimo irresponsabilidade de quem os guiava. Seu destino era incerto e deles não soubemos mais, mas é aquela coisa: "quem avisa amigo é." Refizemos td trajeto na volta, mas tomamos uma estrada de manutenção paralela q nos deixou no portão de entrada dos etilenodutos da Petroquimica União, já no km 43, próximo da Solvay. Uma vez no asfalto tocamos pé-na-estrada qdo a chuva tornou a cair com força sob nossas cacholas, pernada interminável esta de quase 4km ate chegar em Rio Grande da Serra, por volta das 13:30. Mudamos nossas vestes úmidas por ind umentárias mais secas e nos entocamos num restaurante. Lá mandamos ver uma deliciosa feijoada embalada c/ brejas e caipirinhas pra finalizar aquele breve perrenguinho molhado e adrenado pela Serra do Meio, local ao qual retornaremos pra completar o circuito planejado. Situada a meio caminho de Rio Gde da Serra e Paranapiacaba, a Serra do Meio há muito deixou de ter os assaltos e a presença de gente suspeita de outrora. Basta ter tb bom senso. A prefeitura não deu condições de subsistência de quem não quisesse trabalhar além de haver policiamento esporádico da região tanto da Guarda Civil como da Florestal, apesar do setor norte da Serra do Poço, do Meio e Mogi estarem situados em área particular de Sta André fazendo divisa com o Parque Estadual. Dessa forma, distante da vila inglesa q injustamente recebeu a fama das ocorrências dali, a Serra do Meio ressurge no cenário despontando com opções de descidas serranas e pequenos circuitos regados com mta água. Pernadas pra anda rilho nenhum botar defeito, ou simplórios bate-volta como a "Trilha do Lago Cristal" ou "Trilha do Tanque", conforme preferir.. Pois pra mim esta ultima sempre será conhecida como "Trilha do Assalto".
PS: Pra quem se interessar em ler o relato do pitoresco incidente do assalto, o link é este. http://altamontanha.com/colunas.aspNewsID898
Jorge Soto http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html http://jorgebeer.multiply.com/photos
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