Página 3 de 3
Num determinado pto do rio, houve necessidade de cruzar à outra margem do rio pois um enorme paredão vertical de rocha guardando um fundo poção se interpunha por onde originalmente íamos. Isso no exato momento em q começou a chover de leve. E esse processo foi se repetindo continuamente, nos obrigando a ir "costurando" o rio conforme dava. No caminho, enormes e imponentes blocos de pedra represavam mtos piscinões formando mini-cachus, resultando num dos trechos mais bonitos do trajeto. Foi tb por aqui q nos separamos do Totó, q não conseguiu nos acompanhar num setor onde havia q entrar no rio com água ate a coxa ladeando uma enorme rocha, pra depois cair numa encosta menos íngreme. O tempo passou e nesse compasso inabalável fomos avançando rio acima, no exato momento em q a chuva dava uma trégua. Após ladear uma enorme rocha com água ate a cintura, tivemos um breve descanso na margem esquerda do rio afim de remover a areia das botas e evitar q tivéssemos os pés esfolados, as 14:20. Foi aqui q fui dar uma olhada na encosta e descobri uma trilha bem marcada q acompanhava o rio na direção desejada. Uhúúú, chega de ralação! E assim demos continuidade à pernada pela mesma rio acima com velocidade e agilidade maior, sempre prestando atenção à direção apontada pela bússola. Eventualmente a vereda subia e descia encostas, afastando-se do rio, q por sua vez era sempre audível, mesmo á distância. Mas foi ai q a picada desembocou noutra, e depois noutra e assim sucessivamente. Q direção tomar então? Se perder na Serra do Mar é uma das coisas mais fáceis q há, principalmente qdo não se tem à disposição GPS. Mas qdo se tem algo mais funcional e q dispensa baterias, o cérebro, basta apenas colocá-lo pra funcionar com auxilio de uma carta e bússola. Nas bifurcações bastou apenas tomar o ramo q juntasse as 3 condições a seguir: q fosse mais batida, seguisse na direção desejada (norte) ou apenas acompanhasse o rio,mesmo á distância, sem gdes dificuldades. O fato é q cruzamos pela ultima vez o Rio Quilombo, agora bem menos largo q antes, e em sua outra margem foi só acompanhar uma picada recém-roçada q desembocou num largo aceiro ao sopé de um enorme reflorestamento de eucaliptos. Sinais óbvios de "civilização" sob a forma de papel de bala no chão não deixam mais duvidas q rumo tomar corroboram nossa intuição. Como reflorestamento é sinal de fazenda bastou acompanhar o aceiro até q caír numa precária estrada de terra, as 15:15hrs. Descendo pela mesma a encosta de um gde morro, atravessamos agora o largo Córrego Taiaçupeba com água ate o calcanhar e terminamos dando na sede do Sitio Quilombo. Sob o olhar amarrado do capataz da fazenda, conseguimos carona na caçamba de um caminhão q recém deixava o local. Uhúúú! Esta trepidante e sacolejante carona foi decerto bem dolorida pros nossos traseiros, mas q compensou por nos poupar bons kms de pernada de volta como nos proporcionar mais um momento "aventura" de onde saímos imundos de serragem. Após passar o Camping do Simplão e a decrépita Capelinha Sto Antonio, o caminhão nos deixou na Estrada do Taquarussu, pela qual retornamos sem pressa, numa velocidade q deixaria uma tartaruga manca ou uma lesma preguiçosa coradas de inveja. As 16hrs alcançamos a Vila do Taquarussu, onde o lilás e amarelo das quaresmeiras destoando do tapete verde q emoldura a serra do entorno, a charmosa igreja Sta Luzia parecia nos receber tal qual andarilhos peregrinos. Lembrando um presépio semi-abandonado, o vilarejo - composto de uma capela, um jardim c/ coreto, um lago e um punhado de casas - surgiu com a vinda de trabalhadores italianos numa mineradora desativada q explorava carvão, durante a 2ª Guerra Mundial. Após algumas fotos retomamos a pernada rumo Paranapiacaba, onde finalmente chegamos as 17:10 já com a vila inglesa fazendo jus ao nome, isto é, encoberta pelo seu típico nevoeiro de final de tarde. Desnecessário mencionar q o Murilo chegou se arrastando ao vilarejo, mas sentindo-se vitorioso por concluir o programa proposto sem dar um pio sequer. Na verdade estávamos tds moídos de cansaço, e desabamos numa das mesas do Lgo dos Padeiros onde meia dúzia de turistas tb curtia aquele sabadão acizentado no alto da serra. Mandamos ver salgados e brejas pra comemorar a trip, pra somente hr depois embarcar no latão e trem de volta pra paulicéia desvairada. Foi ai, com o corpo frio e sem a adenalina da trip, q senti a coxa latejar. Mas e daí, isso não era nada mais q lembrança mais q merecido, não?
Embalados no mundo dos sonhos, uma certeza era a de q o pedal marcado pro dia sgte pelos meus dois companheiros de bate-volta certamente daria lugar a um domingo esticado sob as cobertas, regado a um descanso prolongado bem mais q merecido. Pois no final tds haviam saído satisfeitos: a Karina, por matar suas saudades da antiga vila e constatar q não mudara mta coisa desde então, a não ser as atuais restrições de acesso a trilhas outrora liberadas; o Murilo, q não vê a hora de retornar num roteiro menos pauleira pela região e se calçar melhor pra atividades mais radicais munido de cartelas de Dorflex; e finalmente eu, por selar em definitivo minha intimidade com uma das mais belas e cênicas bacias hidrográficas da Serra do Mar paulistana. E isso a apenas 40km do caos e stresses da urbe metropolitana.
Jorge Soto http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html http://jorgebeer.multiply.com/photos
|