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Algo q sempre me incomodou era q pra minha intimidade com o majestuoso Rio Quilombo, encravado no miolo serrano de Paranapiacaba, ser totalmente plena faltava ainda alguma coisa. Apesar de já conhecer cada piscinão, remanso ou cachu de seu sinuoso e acidentado trajeto rumo a baixada santista, ainda havia uma pendência. Sempre o desci por completo, mas e subi-lo até suas nascentes, próximo do Ribeirão Taiaçupeba? Pois é, e essa falta foi sanada neste último sábado cinzento num bate-volta intenso, perrengoso e molhado q resultou um roteiro circular q agrega muita (es)calaminhada, vara-mato e bom farejo de trilha numa das regiões menos (ou nada) visitadas da pitoresca vila inglesa. Mas tão atraente e selvagem quanto.
Mal amanhecera e uma chuva fina já caia sob as ruas de Sampa, desanimando td e qq incursão à região da Serra do Mar. Isso deve ter desanimado metade do povo q confirmara presença pro perrengue em questão, reduzindo o sexteto inicial a um mero trio de participantes. Como sei desde longa data q se fosse depender de bom tempo e cia pra pernar fatalmente acabaria mofando em casa, nessas horas acabava sempre me embrenhando sozinho no mato. Não era o caso, pois além deste q vos escreve tb deram às caras corajosamente na Est. da Luz a escaladora Karina Filgueiras, q tinha bons motivos pra retornar à vila inglesa após 15 anos de ausência, local onde iniciara sua "vida de aventuras" q depois tomou caminhos menos horizontais; e seu jovem sobrinho, o Murilo, q apesar de sua rotina outdoor limitar-se à duas rodas e alforge tinha disposição e vontade de sobra pra experimentar novas modalidades esportivas digamos.. radicais.
Dessa forma saltamos do latão em Paranapiacaba às 8:15 juntamente com um grupo numeroso de orientais portando tanto mochilas, bastões de caminhada como guarda-chuvas. Contudo, pra nossa surpresa constatamos q o tempo por lá estava mto melhor q na capital paulistana e não havia sequer vestígios do tradicional "fog" londrino, típico da vila. Apenas uma nebulosidade clara tomava conta daquela manhã, onde pequenas janelas no céu acizentado ameaçavam raiar um sol lindo e maravilhoso. Num piscar de olhos cruzamos a passarela metálica sobre o complexo ferroviário e tomamos rumo à famosa Estrada do Taquarussu, atravessando as ultimas ruas ornadas com casas destilando sua charmosa arquitetura inglesa. A pernada pela precária e bucólica estrada de terra supracitada fora embalada pelo aroma adocicado de lírios-do-brejo e damas-da-noite, assim como pela animada conversa com a Karina, q me deixava à par de suas ultimas peripécias pela Patagonia, antigas roubadas de suas escaladas e recentes presepadas do CEU. Mas após cruzar o discreto marco de cimento q separa os municípios de Sto André e Mogi das Cruzes, por volta das 9hrs, deixamos a estrada em favor da tradicional picada q leva tanto p/ Vale do Quilombo, a Comunidade, a Volta da Serra e o Anhangabaú, e por ela prosseguimos inipterruptamente, seja chapinhando brejos e charcos resultantes das ultimas chuvas; desviando da mata tombada e de enormes deslizamentos; como tb comendo as teias de aranha no caminho. O som silencioso da mata só era rompido pelo q parecia ser alguma moto-serra nalgum canto, mas q depois soubemos ser um grupo de motociclistas dando rolê pela região. Vale tb salientar q um elétrico cachorro preto da vila, q apelidamos de Totó, nos acompanhou por boa parte daquela manhã de sabado.
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