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DESCENDO O VALE DO ITAPANHAÚ - DESLIZAMENTO PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Qui, 10 de Fevereiro de 2011 17:44
Índice do Artigo
DESCENDO O VALE DO ITAPANHAÚ
DESLIZAMENTO
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 degraus naturebas
O fato é q esse trecho nos tomou um bom tempo e após sair do mato ainda tivemos q procurar a continuidade da picada na encosta. Pela lógica, bastava traçar uma linha imaginaria da mesma através do deslizamento e ver onde daria, na diagonal.. Contudo, fiz isso e não achei nada. Ai lembrei q naquela declividade a descida poderia ser aos ziguezagues, foi então q buscando logo abaixo do desbarrancado encontrei os vestígios da tão almejada picada. Desviamos de troncos e galhos espalhados à nossa frente e la fomos nós, caindo finalmente na vereda tradicional, agora já limpa. Ufaa!
Após nos limpar da terra e mato q trazíamos à tiracolo, demos continuidade à pernada convencional desimpedidamente. Após mais alguns ziguezagues pela encosta a vereda alcança um colo serrano, onde uma placa envernizada assina la a memória de alguém, pra então embicar através de uma crista onde se perde altitude num piscar de olhos! Mediante raízes q fazem de escadas e com mato caindo de ambos os lados, este trecho parece interminável e é onde a Laure já demonstra sinais de cansaço, nos forçando a vários pit-stops no caminho. Contudo,  estas paradas eram breves pois famintos pernilongos não permitiam pausas mais demoradas.. Nosso arfar de cansaço na mata so era acompanhado tanto pelo rugido das corredeiras no vale ao lado como pelo esporádico som de veículos da BR-98, q as vezes dava o ar da graça por entre as frestas da espessa vegetação. Enqto isso, do jovem casal nos distanciamos bastante e so tivemos noticias deles no final do dia.
Às 14:30 finalmente alcançamos a famosa bifurcação da cachu, já às margens do Rio Itapanhaú. Nas varias clareiras espalhadas rente ao leito pedregoso do rio encontramos apenas um trio de rapazes q tb desafiara o desmoronamento acima. Geralmente ali costuma e star repleto de barracas mas o mega-obstáculo de percurso deve ter desestimulado a maioria naquele feriado prolongado. Q seja assim então. Tomando a picada da cachu fomos subindo o rio sem nenhum problema, constatando q tds os bons lugares de pernoite estavam livres e desimpedidos, e q podíamos nos dar o luxo de escolher onde ficar. Mas a gente avançou até estacionar ao sopé da Cachu do Elefante, alguns minutos depois, onde jogamos as cargueiras numa ampla clareira cercada de mato e vários plácidos remansos, habitat de elétricas pererecas saltitando à nossa presença.
Na sequencia fomos nos refrescar num dos vários poços à base da grandiosa queda dágua, q despeja com força seu precioso liquido de uma altura considerável numa muralha rochosa larga e majestuosa. Foi próximo dali tb q encontrei uma cobra perdida q rendeu um vídeo divertido, além de um bom susto e precaução redobradas. O restante da tarde ficamos lagarteando seja perto da cachu ou à toa na clareira, donos abso lutos daquele pequeno pedaço paradisíaco de Serra do Mar.
Mas bastou a tarde findar q os pernilongos endoideceram, nos forçando a recolher à barraca. Como havíamos esquecido de levar o repelente (fundamental!) não nos restou opção senão ficar enfurnados numa tenda quente, abafada e sem ventilação nenhuma, pra nosso sufoco desesperador. So saímos de nossa "sauna" pra preparar nossa janta à base de miojo, legumes e suco, um rango q nunca esteve tão delicioso. Felizmente assim q o manto negro da noite cobriu o vale e tanto milhões de estrelas faiscavam no céu na mesma proporção q vagalumes à nossa volta é q deu uma boa refrescada, o q tornou a permanência na barraca mto mais agradável. Mas não demorou pro cansaço nos vencer definitivamente q o sono veio a pasos ligeiros, ainda mais qdo calibrado pelo som relaxante da cachu ao nosso lado como pelo visual inspirador de uma enorme lua cheia iluminando td o vale através das frestas da copa do espesso arvoredo.
No dia sgte lev antamos assim q os primeiros raios da alvorada tocaram o vale, iluminando tanto a cumieira das montanhas próximas como o alto da cachu ao nosso lado, q por sua vez resplandecia uma beleza impar e diferente da tarde anterior. Não havia nuvem alguma no céu contrariando a previsão meteorológica, isto é, faria um calor desgraçado naquela selva. Tomamos um rápido desjejum enqto nossas mochilas engoliam td equipamento e zarpamos pontualmente às 8hrs, tomando o caminho de volta à trilha principal, onde de cara topamos com um elétrico e curioso esquilinho.
Cruzamos com a galerinha acampada - à qual acenamos cordialmente - e enfim mergulhamos novamente na famosa vereda, q agora acompanha o Rio Itapanhaú à distancia. Não tem erro, a trilha é bem batida e basta se manter na principal qdo surge alguma bifurcação, provavelmente pra levar a clareiras dos arredores. E lá vamos nós rasgando a mata, sempre tendo audíveis as corredeiras do rio ora longe ora afastadas. O caminho td é em sua maioria em nível, eventualmente com algum sobe e desce qdo surgem alguns pequenos morrotes q são transpostos através de suas suaves encostas. O destaque aqui fica por conta da exuberante e densa vegetação, principalmente as enormes arvores q fariam as do filme "Avatar" parecerem bonsais de jardim.
A medida q o tempo passa o calor aumenta, mas felizmente aqui água é o q não falta pois tem sempre algum riachinho q cruza a picada e q deve ser vencido saltando de pedra em pedra, mas não sem antes molhar devidamente nossa goela. Mas após um tempão o terreno finalmente nivela em definitivo a parece q andamos sempre uma reta interminável em meio à mata, onde foi neste trecho q topamos com a segunda cobra da trip. Esta, por sua vez, era bem menor q a anterior, mas ainda assim preferimos não lhe perguntar se era ou não peçonhenta, daí esperamos ela cruzar a trilha pra prosseguir nossa jornada.
Após cruzar mais um riachinho, as 10hrs finalmente emergimos na tradicional Fazenda do Seu Nelson, cujos traços do casario principal remetem uma arquitetura colonial q lhe confere um charme incrível. Atrás o enorme morro Cabeça de Nego silhueta a paisagem emoldurada por um céu azul despido de td e qq vestígio de nuvem, traduzem o dia perfeito daquele domingo. Um rápido aceno pro gentil Seu Nelson antes de prosseguir a pernada, q nos leva finalmente às margens do agora largo e manso Rio Itapanhaú. Cruzando o mesmo com água ate o joelho, a temperatura refrescante da água é mais q um convite demorado pra ali permanecer mais um pouco, desfrutando a agua. Como não há pressa alguma é exatamente isso q fazemos e assim nos presenteamos com um longo tchibum antes de prosseguir.
O restante dos quase 3km de estrada de terra ate o asfalto são tão cansativos qto entediantes,  não fossem os enormes teiús q cruzavam a estrada nos pregando bons sustos. Outro destaque foi o fato de toparmos com bastante gente indo pras prainhas fluviais do Itapanhaú pra se banhar ou pescar, inclusive um grupo enorme de japoneses. Como o portão principal estava aberto não houve necessidade de saltá-lo como das vezes anteriores, e assim pisamos no escaldante chão da BR-98 as 11:30.
Felizmente mal chegamos q uma lotação parou pra gente, evitando assim q cozinhássemos no asfalto ao forte sol do meio-dia. Não cozinhamos mas fomos sendo torturados durante td trajeto com o estridente som sertanejo do radio ligado no talo. O consolo foi durante o caminho termos a ultima e privilegiada visão da Cachu do Elefante de outra perspectiva, assim como a Véu da Noiva, logo acima. Do interior da van a gente tentava adivinhar onde havíamos acampado ao sopé da cachu, em meio aquele vasto mar esmeralda. Chegamos em Mogi logo depois onde ainda estacionamos num boteco pra comer e principalmente bebemorar a trip antes de prosseguir a longa viagem pra casa, viagem esta feita no mundo dos sonhos, claro.
  
Coincidentemente na mesma semana uma amiga esteve pela região e me notificou q outros gdes deslizamentos prejudicaram outros acessos do Itapanhaú como alguns remansos do Rio Guacá, um de seus tributários. Bem, isto é algo q ainda preciso confirmar "in loco" mas tendo em vista o perrenguinho no Itapanhaú não duvido mais de nada. Até lá resta q estas infos não intimidem os bons caminhantes pra q estes continuem palmilhando e (re)marcando novamente o caminho, sempre com a devida responsabilidade. E q o recente desmoronamento seja apenas mais um tempero à aventura q é por si percorrer a "Mogi-Bertioga". So desta forma pra manter viva esta famosa e incrível vereda q rasga um dos trechos mais alucinantes da Serra do Mar paulistana.

Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html
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 mega deslizamento                                           mata densa

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