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DESCENDO O VALE DO ITAPANHAÚ PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Qui, 10 de Fevereiro de 2011 17:44
Índice do Artigo
DESCENDO O VALE DO ITAPANHAÚ
DESLIZAMENTO
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1cachoeira_do_elefante

 

Uma das mais tradicionais e selvagens caminhadas pela Serra do Mar, a "Trilha do Rio Itapanhaú" (ou Mogi-Bertioga, como tb é conhecida) tb não saiu ilesa das fortes chuvas de verão q afetaram a região sudeste neste inicio de ano. Gdes e enormes deslizamentos comprometeram alguns bons trechos (outrora óbvios) desta famosa vereda q desce o litoral através de 15km íngremes de encostas e cristas em meio à verdejante Mata Atlântica, acompanhando o Rio Itapanhaú em seu sinuoso trajeto rumo Bertioga. Mas o q pode desestimular uns pode a ser desafio pra outros. Sendo assim a famosa picada agora só pode ser efetivamente vencida com alguma persistência, pouco vara-mato e bom farejo da continuidade da trilha.

  

 

Não bastasse pouca grana e tempo hábil escasso pra programar alguma trip de última hora, ainda por cima tive o feriado prolongado abreviado e limitado apenas a um simplório bate-volta de fds. Claro q não pensei duas vezes em voltar pras bandas do Rio Itapanhaú, lugar onde costumo repetir ou fazer algumas variações de pernadas conhecidas. Logicamente desta vez sem pressa alguma, inclusive com a intenção de pernoite ao sopé da imponente Cachu do Elefante. Bem, mas o q em tese era pra ser sussa mostrou-se ligeiramente pauleira, mas antes de nada vamos começar o relato do seu inicio, claro.
A previsão meteorológica acertara em cheio e lá estávamos eu e a Laure saltando na SP-98, as 10:45, com um sol radiante cozinhando nossas cacholas. Conosco desembarcou do latão "Manoel Ferreira" uma galera numerosa (e farofeira) q provavelmente tb ia acampar n

 o Itapanhaú e da qual nos distanciamos um pouco. Sem pressa, ajeitamos as mochilas nas costas e começamos a andar pelo asfalto mo vimentado da rodovia Mogi-Bertioga, com gde fluxo de veículos com prancha no teto descendo pro litoral. O transito movimentado e lento estimulou ate o inconfundível Seu Geraldo a vender suas frutas e hortaliças provenientes de seu quintal à beira da estrada, e com quem conversamos rapidamente durante nosso caminho.

ita5O calor no aberto estava insuportável, mas felizmente após uma placa indicando o km 81 deixamos o asfalto em favor de uma picada óbvia à direita, pra mergulhar no frescor da mata fechada, quase uma hora após iniciada pernada. O odor inconfundível de carbureto invade as narinas mas logo é substituído pela fragrância de vistosas damas-da-noite à beira da trilha, por sua vez permeada de pedras e raízes brotando da terra. Descendo suavemente, logo passamos pelos troncos carcomidos do q já fora uma ponte, pra então costear a serra pela direita desimpedidamente. Mas logo o som de água marulhando nalgum lugar à nossa direita nos acompanha por um tempo e se traduz fina lmente num raso e cristalino riacho, o Rio das Pedras, q cruzamos com água ate as canelas logo sem maiores dificuldades. O relógio marca meio-dia e é na margem de uma convidativa prainha fluvial q temos nosso 1º breve descanso, ao mesmo tempo em q conversamos com um jovem casal acompanhado da filhinha, q estavam acampados ali naquele bucólico lugar há dois dias. E ainda tem quem sinta receio de vir pernoitar aqui por conta de suposta "violência". Pelas infos deles apenas algumas pessoas haviam passado ali naqueles dias e outras haviam retornado. Pq seria? Perguntamos das condições da picada mas isto eles não souberam responder com precisão. Isto cabia mesmo à gente descobrir. Mas os deixamos de sobreaviso q provavelmente o sossego deles ia terminar tendo em vista a galera numerosa q vinha atrás, cuja volumosa bagagem incluía um enorme violão. Isso se eles não fossem descer junto conosco.
Prosseguimos a pernada calmamente envoltos pela mata silenciosa, sempre em nível. Sur ge então  uma bifurcacão, mas nos mantemos na picada da esquerda, sempre acompanhando o Rio das Pedras, agora escondido algumas dezenas de metros encosta abaixo, porém perfeitamente audível. A trilha então embica e passa de fato a descer o vale através de uma íngreme encosta. É a partir daqui q começam a surgir os primeiros sinais de deslizamentos  sob a forma de gdes arvores tombadas no caminho, inicialmente fáceis de desviar. Mas não tarda pra declividade aumentar de vez, onde ziguezagues íngremes nos fazem perder altitude num piscar de olhos. Aqui, as mãos são tão importante qto os pés, nos ajudando a firmar o corpo nos troncos das arvores à disposição - q servem de corrimão - nos trechos mais pirambeiros, assim como as raízes brotando no chão funcionam como autênticas escadas naturebas. Neste trecho encontramos outro jovem casal na trilha, q caminhava num ritmo bem mais vagaroso.
Mas o q é bom dura pouco pq não demorou a surgir o maior obstáculo da trip e q não es tava nos nossos planos, um mega-deslizamento q trouxe abaixo quase metade do morro, sepultando a picada totalmente. Troncos, mato e terra se misturavam à nossa frente tal qual uma enorme muralha disforme a ser transposta! Isso já numa encosta bem íngreme! Voltar? De forma alguma! Respirei então fundo e cuidadosamente fui na dianteira, avaliando o melhor lugar pra começar o avanço, onde foi preciso agarrar-se bem forte nas raízes e galhos disponíveis e ir ganhando terreno devagar, pois o "chão" enraizado estava coberto de terra escondendo enormes buracos. Varando mato e tateando onde pisava com cuidado, dei o sinal pra Laure e o jovem casal me seguirem, de preferência acompanhando meus pasos. E lá fomos nós, nos embrenhando naquela mistura amorfa de mato e terra, mas qdo dei por mim já estava num tronco sobre um abismo, de onde tratei de sair rapidinho. Nesse trecho a Laure teve alguma dificuldade de transpôr assim como a dupla de jovens q nos seguia, pois duvido q tivessem s e enfiado ali sem alguma cobaia na frente, pelo menos por livre e espontânea vontade. Foi ai q pensei: "Aquela galera do violão lá atrás não vai passar por aqui nem fudendo!"



 
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