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PEDRA DA DIVISA: EM BUSCA DO VALE ENCANTADO PDF Imprimir E-mail
Seção: Home - Categoria: Trekking
Escrito por Jorge Soto   
Qua, 21 de Julho de 2010 11:54
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PEDRA DA DIVISA: EM BUSCA DO VALE ENCANTADO
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Visível pra quem percorre a BR-376 sentido Joinville tal qual um sentinela rochoso despencando verticalmente sobre os limites estaduais do PR e SC, a Pedra da Divisa tem como acesso tradicional a árdua picada q percorre seus quase mil metros de desnível a partir do próprio asfalto, num quiosque de laticínios. Entretanto, é possível abreviar seu percurso num circuito mais ameno partindo do próprio planalto, palmilhando as suaves colinas douradas dos conhecidos Campos do Quiriri, próximo da fazenda do mesmo nome. Dessa forma, alem de atingir o pto geodésico do pico ganha-se mais tempo pra explorar (e desfrutar) do bucólico local de pernoite, conhecido pelo sugestivo e apropriado nome de "Vale Encantado".


A ESTRADA DE TIJUCAS
Nem mesmo a medonha previsão meteorológica de frente fria quebrando a rotina de dias limpos no sul fora suficiente pra nos dissuadir de plano original de feriado: atingir a Pedra da Divisa, via "Vale Encantado". Apesar de 70% do restante da trupe amarelar com temor de se dissolver feito açúcar na chuva, a única alteração de planos fora relativa ao roteiro. Ao invés de subir pela tradicional picada da Pedra da Tartaruga, o Angelo nos convenceu q era melhor investir num circuito começando já do planalto, mais precisamente da Fazenda Quiriri, decisão esta q mostrou-se acertada tanto pelo visual como pelo tempo extra ganho na incursão.

E la fomos nos eu, Mamute e Angelo atravessando a madruga de quinta pra sexta, pegando o habitual transito pela Regis Bittencourt q nos atrasou um pouco sem nos demover do objetivo principal. O tempo manteve-se nublado claro ate Curitiba, e depois so tendeu a melhorar com direito a sol e céu azul até a pacata Tijucas do Sul, as 11hrs. Deixamos entao o asfalto pra tomar um emaranhado de precárias estradas de terra q, repletas de bifurcações já em paisagem rural, tomou direção sul pra depois alternar sinuosamente território paranaense e catarinense, sentido sudeste.

Acompanhando sempre o Rio Preto ora de um lado ora de outro e rasgando gigantescos reflorestamentos de pinnus e araucarias, a estrada aqui apresenta trechos bons com outros nem tanto, principalmente na hora de subir a serra, onde já podíamos avistar os campos dourados do Quiriri reluzindo no alto. Destaque aqui pra um porco-espinho infelizmente atropelado e pras trocentas porteiras no caminho. Assim, após alguns trechos q demandaram a pericia do nosso motora pra evitar patinadas nas pirambas mais ingremes e "facões traiçoeiros" em legitimo off-road , vencemos os quase 600m de tortuoso desnível até dar na obvia crista de um espigão desgarrado dos planalto.

Percorrendo então abaulados e amarelados morrotes em meio a um capinzal dançando ao vento, finalmente damos na porteira (trancada) q delimita a Fazenda Quiriri, onde estacionamos um pouco antes numa espécie de acostamento no alto de um pequeno morrote, as 13hrs. Ali, na cota dos 1268m de altitude, o céu azul silhuetava as montanhas douradas do planalto q apontavam pro alto imponentes. Ao longe avistávamos o casarão-sede da fazenda, q por sua vez é uma das trocentas propriedades de um rico empresário no ramo de parafusos e porcas.

DO BRADADOR AO VALE ENCANTADO
Após os últimos ajustes jogamos a mochila nos ombros e pusemos pé-na-estrada, quase meia hora após termos chegado. Apesar da placa proibindo a entrada, cruzamos a porteira e tomamos a estradinha de cascalho q deriva da principal, saindo pela esquerda e subindo forte no sentido oposto à sede da fazenda. Visivelmente objetivávamos a enorme antena q destoava do alto da montanha, espetando um firmamento estupidamente azul e imaculado de qq vestígio de nuvem. Pensando bem, parece q a previsão estava bem equivocada. Com sol forte martelando nossas cacholas, lá fomos nos subindo lenta e sinuosamente por uma estradinha pra lá de precaria q alternava cascalho, terra, barro e trechos detrilha mesmo. Olhando por sobre o ombro nossa vista ampliou-se num piscar de olhos, paisagem da qual destoava o casarão-sede da fazenda como um pontinho branco em meio ao horizonte dourado e abaulado dos Campos do Quiriri.

Às 14:40 atingimos os 1518m do largo e amplo cume do Morro da Antena, tb conhecido como Monte Bradador. Passamos batido pelo casebre e a antena q marcam o topo e imediatamente no dirigimos a seu extremo leste afim de apreciar a bela paisagem q se descortinava sob nosso olhar. Já havíamos estado aqui o ano anterior (na "Travessia Tartaruga-Garuva"), mas à diferença daquela ocasião era q hj o céu estava inteiramente limpo, permitindo boa visibilidade ate onde a vista alcançava!

Um tapete alvo de nuvens forrava td planície catarinense à leste, do qual emergiam os contrafortes serranos da Serra do Quiriri projetando uma sequencia de escarpadas montanhas tanto pro sul qto pro norte. Como nosso objetivo era seguir pra nordeste, estudamos qual seria a melhor rota a tomar, apesar de já estar 80% td previamente plotado no GPS do Mamute e Angelo. Ao longe e atrás de uma sequencia de montanhas, pudemos ver parte do largo topo da Pedra da Divisa coroando o enorme paredão q enfrentaríamos provavelmente no dia sgte.

Não deu nem 10min de contemplação q retomamos nossa jornada, agora descendo sem trilha a íngreme encosta norte do Bradador até o selado q o liga ao restante do Quiriri. Passamos por baixo de uma cerca e rasgamos a campina sentido nordeste, inicialmente galgando nova encosta ate ganhar nova crista e dali apenas bordejar pela direita as montanhas sgtes, das quais destaca-se o imponente Morro do Quiriri. No caminho, à leste em meio às montanhas, o formato inconfundível de um "casco" formado pelo conjunto de duas gdes pedras nos indica a ilustre Pedra da Tartaruga, ao longe.

Nossa jornada prossegue no mesmo compasso, sempre através do relvado acariciado pelo vento no qual eventualmente pipocam rochas, bromélias ou vistosas sempre-vivas. Não há trilha, apenas algum capim deitado sem nenhuma marca de passagem recente. Rampas de grama e lajes de pedra se perdem no horizonte, no qual um imponente pilar rochoso nos chama a atenção por sua majestuosa verticalidade, à leste.

Deixamos a encosta do Morro do Quiriri pra ganhar a vasta campina q forra o enorme e abaulado platô q se segue, sempre rumo nordeste, um pouco antes dos limites serranos do planalto. Um jato risca o céu azul apenas pra uma breve parada de fotos no meio daquela paisagem bucólica, ressaltada pela iluminação do meio da tarde. GPS aqui é totalmente dispensável pois a navegação é visual, sempre tendo como pto referencia a Pedra da Divisa, cada vez mais próxima, bastando apenas ter bom senso de qual melhor forma de chegar próximo dela, desviando dos (poucos) obstáculos do caminho.

Chegamos então na beirada da serra, onde pudemos ver um largo vale se afunilando suavemente a nossos pés, montanha abaixo. Era o inicio do tal "Vale Encantado"!

Daqui bastou descer cautelosamente a ingreme encosta de capim ate alcançar a margem de um belo riozinho deslizando vale abaixo, q foi simplesmente acompanhamos sem gde dificuldade. Este curso dagua é apenas uma das varias nascentes do Rio Quiriri, q desce a encosta encachoeirado formando convidativas piscinas a cada curva, protegidas dentro de uma estreita faixa de mata ciliar. À sua volta rampas de grama e capim emolduram este belo panorama como tb funcionam como bons locais de acampamento, e td isto cercado de enormes montanhas e abismos com vista pro mar. À leste, emergindo num mar de nuvens, o cume da notável Pedra Branca de Araraquara surge tal qual uma ilha rochosa solitária q nos convida quem sabe pra uma outra vindoura aventura.

Uma vez na metade do vale, as 16:30, jogamos as mochilas no chão relvado de um belo descampado e prosseguimos a exploração do lugar, sempre acompanhando o plácido curso dagua. Qto mais descemos o tal "Vale Encantado", mais impressionante a paisagem fica. A nosso lado o rio sussurra alguma coisa na forma de cachoeiras q aumentam de tamanho conforme avançamos, até se afunilar num maravilhoso cânion já na proximidade do imenso degrau atlântico, de onde se lança ao vazio de centenas de metros em duas cachus separadas por uma pequena elevação.

Bem à nossa frente, o paredão da imponente Pedra da Divisa elevando-se num tapetão de nuvens não é menos impressionante, um imenso desnível vertical entrecortado por pilares salientes e profundas reentrâncias.

Impossivel não ficar mesmerizado com esse panorama abrindo-se diante da gente, luminoso e sereno.
Com a tarde chegando ao final retornamos ao pequeno platô de capim ralo onde deixaramos as mochilas e armamos acampamento confortavelmente as 17hrs, no exato momento em q um espesso nevoeiro comecava a tomar conta do lugar.

Neblina esta provavelmente subindo do mar. Após uma suculenta refeição e do papo animado, o cansaço já cobrava seu tributo. Apesar de termos caminhado menos de 7km, a noite mal dormida fazia enorme diferença e tornava o dia realmente exaustivo. O sono veio naturalmente e desfalecemos em nossos aconchegantes sacos-de-dormir antes do bréu noturno tomar conta daquele fantástico lugar, a exatos 1200m de altitude.

A noite fora fria e ligeiramente úmida. Eventuais ráfagas de vento traziam fina garoa, q tamborilava intermitentemente no sobreteto da barraca. De madrugada espiei pra fora da barraca e qual minha surpresa de ver a noite estupidamente estrelada, recortada pela silhueta das montanhas ao redor! Pelo visto a previsão meteorológica mostrava-se furada, pra nossa sorte. E tornei a dormir profundamente com um sorriso estampado no rosto com essa grata promessa de ataque à Pedra da Divisa num dia perfeito. Como som ambiente ao meu inebriante sono tive o som de algum motor ao longe, vindo da planície, como dos murmúrios do rio ao meu lado, cantando uma canção de ninar apropriada praquele lugar q atende pelo nome de "Vale Encantado".

NO TOPO ENEVOADO DA PEDRA DA DIVISA
O sábado despertou totalmento imerso em densas brumas, contrariando minha previsão otimista. Acordamos revigorados por volta das 6:30 e ficamos prostrados à toa dentro de nossas barracas, providenciando nosso desjejum ou apenas descansando, na vã esperança do tempo melhorar.
Ele ate melhorava, nos dando um leve gostinho de pequenas e efêmeras janelas de céu azul, pra depois tornar a nos cobrir td sob o manto de um espesso nevoeiro. "Dane-se!", pensei, "Se não for hj não vai ser amanha.."

Assim, resolvemos encarar o ataque à Pedra da Divisa assim mesmo, envolto em brumas, ainda na esperança q o tempo abrisse mais tarde, por volta do meio-dia, já cm o sol a pino desvencilhando a umidade depositada no ar.

Jogamos uma mochila de ataque nas costas e preparamos o acampamento pro nosso retorno. Partimos então a exatas 9:15, descendo um pouco o vale e cruzamos o cristalino córrego cautelosamente por sobre as pedras. Do outro lado, subimos a íngreme e alta encosta do morro sgte ate ganhar a crista, e por ela seguir desimpedidamente. Q fique claro q este trecho sob grossa neblina so foi possível ser realizado com ajuda do trajeto previamente plotado no GPS, pois tateá-lo às cegas na tentativa de navegar "visualmente" não renderia avanço algum.

Acompanhando a abaulada crista q despencava abrupta nas duas laterais, logo começou uma descida forte q pareceu virar de leve pra esquerda, ate finalmente darmos noutro riachinho, q murmura placidamente num leito de pedras. Cruzando á outra margem sem dificuldade, iniciou-se uma forte subida pelo capinzal ate ganhar novamente a crista, desta vez na forma de um enorme platozao. Sem visibilidade alem dos 50m, prosseguimos sempre em frente pelo descampado ate virar pra direita, como q tomando um espigão derivando da crista principal.

Nossa esperança do tempo abrir se renova com a súbita disperssao das nuvens próximas, permitindo atravessar um curto trecho de matinha nebular ate dar na continuidade da crista, já na encosta de pasto ralo oposta. Daqui em diante basta acompanhar um "trilho" q se resume a capim deitado obvio, sinal de q alguém passara por ali recentemente, e nosso trajeto descreve íngremes ziguezagues sucessivos ate dar no alto de novo morrote. O tempo parece brincar conosco, abrindo e fechando frestas quase q consecutivamente, pra depois sepultar em definitivo qq possibilidade de visual.

Bordejando o morrote pela esquerda desembocamos noutra crista e dali palmilhamos sucessivos selados em meio ao capinzal úmido. Com os pés já totalmente encharcados, galgamos nova piramba forrada de esponjosas turfeiras - típicas da Serra Geral - na base de árdua escalaminhada.

No alto, segue-se outro suave sobe-desce ate mergulhar num curto trecho de vara-mato e dar na continuidade da crista, agora ascendente. A presença cada vez maior de caratuvas indica estarmos no alto dos 1449m do amplo cume descampado da Pedra da Divisa, infelizmente sem enxergar um palmo à nossa frente.

Mas estar ali simplesmente não bastava e resolvemos ir de encontro à proa do Pedrão, isto é, na borda da montanha. Prosseguimos então nossa pernada desimpedidamente através da campina úmida, agora descendo sem gde declividade rumo ao desconhecido imerso em brumas. E assim, quase num piscar de olhos, nos vimos numa estreita crista permeada de pasto e alguns lajedos, com abismos caindo de ambos os lados. Um pequeno marco geodésico de cimento surge no caminho, apontando pro céu e separando a Serra do Imbira do Quiriri, mas a gente segue em frente. Mas não por muito tempo pq logo o terreno termina no vazio abruptamente. Não há mais pra onde seguir. Estamos no limite daquele espigão gigante com um gde vazio à nossa frente, as 11:45, pois dali em diante a pedra despencava verticalmente centenas de metros ate se perder na densa floresta q abraça sua base.

Ali na cota dos 1312m nos debruçamos sobre o paredão, numa quiçaça coberta de pasto e bromélias, na tentativa em vão de apreciar os vastos horizontes q dali é possível vislumbrar. Mas o tempo é benevolente o suficiente pra nos oferecer breves frestas em meio àquele panorama fosco-claro. Abismos e fundos vales surgem repentinamente em meio à montanhas verdejantes, onde nuvens alvas se chocam com violência impar, é o nosso quinhão de visual no momento, o q já tava de bom tamanho. Não pudemos apreciar a totalidade da imponência dos maciços q havíamos contornado se erguendo dos campos com suas pedras de coroas desnudas, agora imersas em brumas q engoliam td a serra. Contentes simplesmente por estar ali em meio àquelas condições adversas, nos regateamos com animada conversa esparramados no capinzal, enqto mastigamos nosso bem-vindo lanche à tiracolo. Eu deito na relva afim de tirar um breve cochilo, mas logo sinto o rosto ser fustigado por leves respingos de fina garoa. Era hora de partir.

Zarpamos por volta das 13hrs e retornamos pelo mesmo caminho da ida. O tempo piorara consideravelmente: a garoa engrossava e a neblina tornou-se palpável, ainda mais qdo acompanhada de fortes rafagas de vento ensopando-nos o corpo, fazendo com q a sensação térmica fosse bem menor q a real. Por sorte nosso ritmo era ágil e rápido, o sangue estava quente o bastante pra nos manter aquecidos ate chegar nas barracas. Vale destacar a hábil navegação (com GPS) em conjunto do Angelo e Mamute no meio deste mundo cinza e opaco de espessas brumas, num lugar onde não existem caminhos. Apenas tufos de capim pisado q pode facilmente levantar e complicar td. Ela foi fundamental pra não ficar feito baratas tontas tateando o terreno aqui e acolá.

Assim chegamos ao nosso acampamento no "Vale Encantado" por volta das 15:30, após uma rápida e minuciosa exploração minuciosa das grotas, rios, cânions e paredões do degrau atlântico do referido vale, agora imerso numa luminosidade fantasmagórica q se adensava mais e mais. Eu optei por me enfiar em minha barraca pra não sair mais dela, onde troquei minhas vestes úmidas por outra seca, bem mais aconchegante. E ali, largado àquele ócio mais q justificado, comi algo e descansei o resto do dia ate cair no sono dos justos.

Qdo a noite chegou o tempo so tendeu a piorar, com a chuva lá fora castigando o vale sem parar e acompanhada de fortes rajadas de vento. Pensando bem, acho q a previsão de tempo estava certa em relação àquele sabado.

Acordei diversas vezes de noite tendo q resolver problemas de infiltração na barraca, q alagou alguns pontos em seu interior. Vira e mexe despertava com os pés chapinhando numa poça ou sentindo as costas úmidas. "Dane-se!", pensei, " Quem ta na chuva é pra se molhar mesmo!".

Mas não dentro da barraca, ne? Plastifiquei o corpo e tornei a dormir, mergulhado num "sleep-bag" parcialmente ensopado, já com cheiro de cachorro molhado.

A FAZENDA QUIRIRI E A VOLTA
O domingo amanheceu ainda encoberto em brumas, porem sem chuva. Enrolamos um tempo dentro da barraca mas havia q partir cedo. À contragosto, deixamos nossos aconchegantes sacos-de-dormir e começamos a arrumar nossas tralhas em meio àquele mundo cinza e umido. Dureza habitual nestas ocasiões é calçar as meias úmidas em botas molhadas, tinindo de geladas. Com as mãos entorpecidas pelo frio consegui a duras penas arrumar minha mochila, q agora pesava o dobro por conta da barraca e sleep-bag ensopados.

Mochilao nas costas e botas rasgando a campina molhada, zarpamos as 8hrs daquele bucólico local q atende pelo nome apropriado de "Vale Encantado". Da mesma forma q o dia anterior, retornamos exatamente pelo mesmo caminho de ida, agora sem termos as belas vistas q nos encantaram na sexta-feira, sem encontrar vestígios do rastro de nossa passagem naquela ocasiao. Em contrapartida, as campinas estavam tds tomadas por gigantescos brejos, nos quais nenhuma bota saiu incólume mesmo tendo os pés forrados de sacolas plásticas. Subimos o vale, ladeamos o Quiriri, subimos o Bradador e logo nos vimos na precária estradinha, agora descendo em definitivo sentido à Fazenda Quiriri. O tempo ameaçou abrir, com as nuvens avançando e retrocedendo, numa brincadeira de esconde-esconde sem graça àquela latura.

Chegamos no carro por volta das 9:30, onde trocamos as vestes úmidas por outra mais aconchegante. Ali tb esbarramos com o Emanuel, o caseiro q vigiava a propriedade montado numa motoca e com quem tivemos uma breve porem animada prosa. Nos contou detalhes da Fazenda Quiriri e nos convidou a conhecer o interior do casarão, q diga-se de passagem parece meio assombrado visto de fora. O interior do casarão é fantástico, com enormes e acolhedores aposentos com lareira, ideiais pra passar um fds com a família! A boa noticia é q o caseiro nos informou q a fazenda pode ser alugada por temporada e q ela é bastante solicitada nos períodos de férias.

Pensando bem, nada mal fazer dali campo base pra futuras explorações pela Serra do Quiriri, sem necessidade de acampar e com a vantagem de ter banho e comida quente na volta, não? Se o "Vale Encantado" é lugar pra levar a família, este é o lugar perfeito pra ficar.

Nos despedimos do simpático senhor e tomamos o caminho de volta la pelas 10:30, tomando cuidado na descida de serra do carro não patinar pela precária estrada, agora terrivelmente enlameada. E assim conseguimos chegar vivos em Tijucas do Sul ao meio-dia, onde nos esbaldamos à vontade num rodízio por apenas R$10!!! Na sequencia, tomamos o asfalto de volta pra Sampa ouvindo pelo radio o jogo q sagrou a Espanha "Campeã do Mundo", viagem q transcorreu sem nenhuma intercedência, ou seja, sem transito algum! Com o pé chumbado do Mamute chegamos na "Terra da Garoa" por volta das 18:30hrs, contentes e revigorados pra mais uma semana de labuta.

Apesar do titulo q encabeça o texto se referir à Pedra da Divisa fazendo alusão ao filme de animação do Don Bluth (1988) - aquele dos "dinossaurinhos", ao som da pegajosa canção da Diana Ross - o "Vale Encantado" do Quiriri tem características jurássicas próprias e merece mto mais destaque q o Pedrão em si. Cada fenda, cânion, pilar e grota montanhosa da região escondem novos e fantasticos ecossistemas ainda a serem explorados. Destes, o "Vale Encantado" é apenas um deles. Protegido dos olhares humanos tanto pelo terreno acidentado como pelas constantes brumas, suas verdejantes colinas escondendo riachos sussurrando graciosamente entre cachus, montanhas, cânions e abismos, este é mais um daqueles lugares paradisíacos q vale a pena desvendar com mais calma. Nesse contexto, a Pedra da Divisa é apenas a cereja do bolo, uma desculpa montanheira esfarrapada mais q convincente pra retornar a este incrível e pré-historico lugar.



 
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