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ENTREVISTA - REINHOLD MESSNER PDF Imprimir E-mail
Seção: Home - Categoria: Entrevistas
Escrito por Karina Filgueiras   
Qua, 16 de Junho de 2010 14:19

 

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Mais uma vez Messner inicia suas próprias idéias, por vezes muito diferentes do habitual, no momento, o que se pode esperar do Homem que escalo Monte Everest sem oxigênio pela primeira vez.


O filme de Nanga Parbat é absolutamente fiel à experiência que viveu ?

O filme é muito próximo à realidade. Nós não temos que inventar nada, exceto pequenas coisas, porque a história só funciona desta maneira. Se você alterar para tentar melhorar para a tela perderia muito. Todas as histórias que desejo serão tomadas da realidade e, talvez, "mistos" caso contrário vira uma história de ficção. No mundo real estão as melhores histórias.

Você só precisa dizer o que realmente aconteceu. Por exemplo, para contar a história dessa pessoa que morreu no Annapurrna, se você contar e informar o que realmente aconteceu, sem ter que dizer que alguem fez algo errado, sem ter que digitar se os Sherpas ajudaram ou não... podemos dizer: "pediramos aos sherpas e disseram que não"... é uma boa história, porque a vida grava as melhores histórias.

Para escrever o roteiro, utilizaram todos os livros disponíveis sobre Nanga Parbat, dos principalmente o que eu escrevi. Eles são escritores profissionais. Um filme bom deve ser escrito por profissinais, porque realizar um filme é totalemente diferente de escrever um livro.

Estou agora escrevendo o roteiro para um filme, e se sinto que é uma boa história, e entregarei a profissionais para que seja bem contatada a história, compromete-se com profissionais para fazer um traço da verdade nele. É a primeira coisa a fazer. E o segundo e mais importante, é obter o dinheiro. É mais difícil levantar dinheiro para uma expedição porque você precisa de mais dinheiro. E quando você vai para o Himalaia para fazer um filme não terá o topo, não é importante, mas sim o filme, as imagens.

 

É interessante ver a sí mesmo em um filme. Você se vê refletido no filme Nanga Parbat?

Não vejo-me no filme. Eu não sou. É muito interessante, não fui eu quem decidiu [quem seria o ator encarnaría minha Figura] mas o Diretor do filme. Precisamos, disse, de um ator que não seja famoso, caso contrário as pessoas têm a sensação de que se trata de outra história.
Se você ver alguém que não conhece, você verá o Messner real dessa pessoa. Caso contrário, seria difícil. Se tivéssemos escolhido ator bem conhecido em Espanha, na América, em todos os lugares... ele se converteria no protagonista e não eu.

Eu era muito jovem e era bom escalados em rocha, era bom escalador em gelo, mas não tinha nenhuma experiência [nos Himalaias]. Nenhum dos membros da expedição haviamescalado uma montanha de 8000 metros. Ninguém. As montanhas de 8000 metros havian sido escaladas por suas rotas "normais", ninguém havia feito vias difíceis neles. Somente naquele ano Chris Bonington escalou a rota Sul da Annapurrna e nós a vertente de Rupal Nanga Parbat.
Era o início deste período que seriam as rotas de difícil ascensão dos 8000.

Éravamos muito jovens, também, para esse tipo de escalada. Mas, ao mesmo tempo estávamos muito fortes.
Por outro lado, o líder da expedição o [médico Herrligkoffer] não foi um escalador, não sabia o que estava acontecendo na montanha. Nós também não o ouvíamos. Ele organizava, se encarregava da logística, mas realmente não compreendia a escalada e nós que estávamos interessados em escalar.


Everest sem oxigênio. Como recordá-lo?

Quando decidimos escalar o Monte Everest sem oxigênio, todo o mundo foi contra. Disseram que não era possível. Médicos alegaram que era uma loucura e que podiam provar que não era possível. Para o público em geral o Everest sem oxigênio deu-me o status de um "Homem Louco". Muita gente não entendeu. Só os escaladores. Nem Nanga Parbat. Assim como a travessia do Gasherbrum - com Kammerlander - foi uma das acensões mais belas que fiz, foi ele quem me empurrava, não eu, pois era mais forte e jovem.

A maioria das pessoas, não me refero-aos alpinistas, não compreendeu o que significava fazer uma travessia de dois 8000m. Mas os escaladores compreenderam.


Você está escrevendo um livro sobre alpinismo feminino e porquê?

Estou escrevendo um livro sobre mulheres alpinistas, desde o século XVIII até hoje. O quão lentamente vem fazendo a escalada, bem como homens. Durante muito tempo não podiam fazer parte dos clubes, ou mesmo ir para a montanha. Especialmente em países com mentalidade muito machista, como Itália ou Espanha, os homens escalavam montanhas e mulheres ficavam em casa. Nos tempos modernos, as mulheres como Lynn Hill ou Catherine Destivelle atingiram o mesmo nível que os homens. Estou muito interessado em mostrar como elas vieram para este mundo dos homens.


O que voce pensa sobre os catorze 8000 metros de Edurne Psaban e Miss Oh?

Para mim é evidente que as duas completaram as catorze montanhas de 8000 metros praticamente ao mesmo tempo. Uma ou duas semanas antes ou depois não é tão importante. Creio que ambas cometeram um erro, porque criticaram uma a outra e por fazê-lo estão criticando a sí próprias. As duas enviei-lhes uma mensagem de felicitações. E eu também enviarei uma mensagem para Kartembrune se os completar este ano. Pois é, ainda, no mesmo ano. Não é tão importante fazer um pouco antes ou logo após.
Elas tiveram experiências totalmente diferentes. Pasabán viveu uma experiência grande e difícil no Kanchenjunga e gostaria de ler exatamente o que aconteceu. Estava esgotada quando descia. Se usou o oxigénio ou não na descinda... este não é o problema, não é algo que temos que criticar. Temos de saber realmente o que aconteceu. Meu interesse é em saber como foi capaz de sobreviver, como foi capaz de continuar e não isto não a impediu para sempre....

As duas concluíram os catorze 8000m mais ou menos no mesmo estilo por aproximadamente as mesmas rotas.
E tenho grande respeito por elas, porque tem que ir lá, você tem de levantar muito cedo, com o frio de madrugada, sofrer, sentir medo, sempre pode acontecer algo, no Annapurna pode cair em você algo da montanha do que esta sala, portanto tenho um grande respeito por elas. E acho que elas podem provar que as mulheres podem fazer o mesmo que os homens.


Sobre as dúvidas que considera Miss Oh?

Estive muito tempo com Miss OH em Katmandu perguntando-lhe detalhes de sua ascensão - me mostrou um pouco do filme que a equipe havia feito desde o campo base de que era para o documentário. E nesta rota não a puderam seguir. A filmaram desaparecendo nas nuvens, a cerca de 8.450 metros. Para cima estavam as nuvens, portanto, ninguém poderia saber o que aconteceu acima.

O filme tem um código de tempo. E três horas e quarenta minutos depois reaparece. Sabendo a altura do Kanchenjunga, aproximadamente 150 metros faltam para o cume, e 3h40m é tempo suficiente para superar este desnível e retornar. Se alguém chega a pensar que ela esteve este tempo sentada entre as nuvens à espera... não acredito poruque ela congelaria e morreria.

Você tem que se mover, você tem que fazer alguma coisa lá em cima. Certamente se dirigiu ao cume. Ela diz que você parou um pouco abaixo porque tinha um vento forte que sentiu o medo que fosse atirada longe ou a fizesse cair. Qualquer escalador(a) que esteja próximo ao topo de uma montanha a cerca de 15m ou 10m da crista considero que fez o cume.


Há uma conexão entre Miss AH e montanhismo europeu?

A ela apenas interessa o público coreano. Não tem nenhum contato com o mundo Ocidental. E agora, quando estava em Katmandu, precisamos de muito tempo para entrar em contato com ela. Não tinha interesse em falar com o Ocidente. Ela sabia haviam muitas críticas ao seu redor, mas os coreanos estão interessados em Miss 0H e não têm nenhum interesse nas outras. Inclusive não falam da demais.


É importante hoje em dia escalar o Everest sem oxigênio?

Não creio que haja uma grande diferença hoje em dia em escalar o Monte Everest, com ou sem oxigénio. Há uma grande diferença se abre sua própria rota ou segue uma rota preparada e equipada pelos Sherpas. A maior ajuda ue voce tem hoje em dia é que há muita gente na montanha.

 


Fonte : http://www.desnivel.com/object.php?o=20103


Tradução: Karina Filgueiras

 

 

 
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