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NOVA VIA NO PICO DO PAPAGAIO/MG PDF Imprimir E-mail
Seção: Escalada
Escrito por Gustavo Piancastelli e Rodrigo Massa   
Sáb, 05 de Junho de 2010 17:58
Índice do Artigo
NOVA VIA NO PICO DO PAPAGAIO/MG
PÁG.2 - Relato de Rodrigo Massa
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"Perdidos na Selva" - Mais uma roubada Casca Grossa!!

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Relato de Gustavo Piancastelli

Dessa vez mostraremos a conquista da via "Perdidos na Selva" face norte do Pico do Papagaio com 2.293m de altitude na Serra da Mantiqueira. Este é um lugar que vocês deveriam conhecer.

 

 

Em abril de 2009 fui para o Sul de Minas para escalar, passei quase 15 dias entre Poços de Caldas, Andradas, Caldas e Airuoca.

Nos últimos dias dessa "trip" fui parar em no Pico do Papagaio para ajudar na conquista da via "Perdidos na Selva" iniciada pelos amigos e escaladores Marcel André Moraes, Marcel Rainer e Raul Quintiliano.

A temperatura começava a baixar na região sul de Minas e o tempo estava ameaçando chuva. Começamos a caminhada as 17:30h. Muita subida e trechos com cascalho e escadarias esculpidas pela enxurrada dificultavam a caminhada, as 20:00h chegamos ao "acampamento dos caçadores". Um oásis, com água corrente, alguns blocos enormes de granito e relativamente protegido de vento e chuva, o lugar é perfeito para acampar, tanto que quando foi descoberto pela turma da escalada já haviam vestígios de outros hóspedes, teoricamente caçadores.

Exausto da caminhada dormi na rede do lado de fora da barraca, ao acordar pela manhã um copo d'agua havia congelado, estava muito frio.

Tínhamos certeza de que seria um dia gelado.

Acordamos por volta das 7:00h e até nos aquecermos e tomarmos aquele café da manhã, Raul com a mão cheia de cápsulas e comprimidos jogou tudo pra dentro da boca, procurou desesperadamente por uma garrafa d'água, pegou a 1ª pet que viu, abriu e deu um gole servido, de repente, começou a cuspir e tossir que dava até dó. Era álcool de posto "ethanol". Casca Grossíssima!

Andamos pela mata por quase 2 horas e meia antes de alcançar a base da via e a todo instante o Raul nos fazia rir lembrando com suas tosses estridentes do episódio anterior.

André Moraes começou escalando e os 100m iniciais foram à francesa guiados pelo André seguido por mim + 50m guiados por mim + 50m André + 50m por mim + 40m pelo André e dali pra cima era parede virgem, o frio estava insuportável, decidi conquistar dali pra cima nos móveis apenas, subi quase 60m sem usá-los... Qdo ele gritou que a corda estava nos últimos 3m e eu falei pra ele sair da parada e subir comigo à francesa os 20m restantes para mim e 80m pra ele.

Totalizando então 80m de conquista da última cordada. Não havia como fixar, não existem grampos nem possibilidades de colocação de móvies no cume, então me deitei no chão e fiz a segurança do André com a corda passando nas costas e os pés travados numa greta larga que não cabia nenhum de nossos equipamentos.

A dupla que vinha abaixo de nós estava com furadeira e demais equipos de conquista (ficamos tranquilos por eles).

Nós chegamos no cume ainda de dia, mas a medida que os orientávamos foi escurecendo.

Depois de algumas tentativas eles desistiram e a via que é móvel e em diagonal, precisou receber uma via de rapel reta com paradas simples de 30 em 30m pois eles só tinham uma corda de 60m, eles aproveitaram a oportunidade e a fizeram. Chegaram no acampamento na mata às 04:00h da manhã.

E nós passamos a noite lá, depois de diversas tentativas de sair do cume andando com lanternas de led...

Descobrindo que rampas que caminhávamos com mochila pesada como se estivéssemos em casa eram na verdade precipícios com quase 300m de altura.

Cansados da escalada e de tanto andar para tentar achar a saída, fizemos um abrigo numa pedra que fica bem no alto da via, utilizamos galhos de assapeixe amarrados com cordeletes e arbustos da montanha para fazer uma parede forramos o piso com uma gramínia que salvaram nossas vidas.

Gotas de orvalho se congelaram nos equipamentos que ficaram expostos e nós nos revezávamos entre quem manteria o fogo aceso e quem dormiria. No máximo uma cochilada de 20minutos e acordávamos tremendo de frio. Ao nascer do sol, achamos a trilha e saimos dalí, voltamos pro acampamento na mata andando, mais 1h de caminhada e 2h até o carro com muito peso. Casca Grossa!!!

 

 



 
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