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ALTOS PERRENGUES NO ALTO DA BOCAINA - Pág.2 PDF Imprimir E-mail
Seção: Home - Categoria: Trekking
Escrito por Jorge Soto   
Sex, 21 de Maio de 2010 16:54
Índice do Artigo
ALTOS PERRENGUES NO ALTO DA BOCAINA
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PELO ALTO DO TIRA-CHAPÉU, CÂNIONS E CACHU DA ZUNY
O domingo amanhece frio e com alguma nebulosidade, porem sem chuva. Levantei as 6hrs já mastigando apressadamente meu desjejum, ao mesmo tempo q arrumava minhas tralhas pra inicio de jornada daquele dia! Me lanço à estrada uma hora depois, inicialmente passando pela porteira da charmosa Fazenda Pinheirinho (q lembra muito a casa da Dna Benta, do "Sitio do Pica-Pau Amarelo"), pra depois o caminho se enfiar sinuosamente em leve aclive numa encosta florestada do morro sgte rumo o selado q liga o abaulado Morro Boa Vista à extensa cadeia de montanhas da qual faz parte o Tira-Chapéu.


2km após o inicio da pernada chega-se noutra porteira, já no selado, e q deve delimitar a faz Pinheirinho. A estrada continua, descendo o vale, mas não é pra la q vamos.Voltamos uns 80m pela estrada pra não encarar essa encosta íngreme à nossa esquerda e adentramos numa picada em meio à mata molhada. Picada esta q logo sobe em curva e alcança descampados de pasto logo acima. Ao dar numa cerca basta acompanha-la morro acima, íngreme mesmo, porem nada do outro mundo!


A subida pelo pasto ralo de inicio é puxada devido à gde declividade, o q demanda fôlego e pernas, eventualmente quebrando pra esquerda pra evitar pirambas mais acentuadas! Um tempo depois - e muitas paradas pra recuperar o fôlego - a subida suaviza e fica ate plana em alguns trechos, permitindo q ganhemos velocidade, sempre acompanhando a cerca, sentido sudeste.. Mas não demora aganhar altitude e os horizontes se ampliam de ambos lados! E assim avançamos pela crista ondulada, as vezes desviando de capões de mata, ate finalmente chegarmos num amplo topo onde o pasto aparenta nivelar e a cerca quebra pra direita, pra sudoeste. Estamos a 1930m, num local pontilhado por gdes pedras q podem providenciar de cadeira q viajantes menos condicionados.


Sempre seguindo a cerca, agora pra sudoeste, contornamos um arvoredo, passamos por mais um descampadão de pasto c/ algumas quaresmeiras, cruzamos dois capoes de mata, cujo arvoredo é um verdadeiro "condomínio de bromélias", pra depois emergir outra vez no descampado de pasto ralo num terreno onde o solo é bem mais rochoso e composto de mata ciliar, alem de belos campos de flores lilases.


Às 8:30 alcanço o topo do Tira-Chapeu, dominado por enormes rochas, um cruzeiro, uma placa comemorativa (q erroneamente indica ali ser o 'pto culminante de sp'), algum mato e um gramado onde é possível espremer 4 barracas. De qq forma, estamos no "teto da Bocaina", a exatos 2088m! Já estivera aqui noutra ocasião, mas o mau tempo não permitiu maior vislumbre do topo, à diferença de agora onde tinha vista panorâmica privilegiada de td regiao! Apesar de nublado podia enxergar td e mais um pouco: de um lado a Baia da Ilha Grande,e de outro a Serra da Mantiqueira e o Vale do Paraíba, coberta por um tapete alvo de nuvens. Ali tb atentei pra um risco branco em meio à morraria esmeralda, ao norte, q era nda mais nada menos q uma gde queda dagua, a Cachu da Zuny, q desejava atingir novamente! Dessa forma, azimutei a bussola, estudei o trajeto e tomei algumas coordenadas ou referencias visuais q me fossem úteis pra chegar à dita cuja! Em tempo, subi o Tira-Chapeu apenas pq esquecera a carta em casa, mas o bom tempo e a visibilidade do alto da montanha já providenciavam uma ótima "carta" q já servia aos meus propósitos! Navegacao visual é tudo!


Após descansar, estudar a rota e complementar meu café-da-manha com mais umas bolachas, dou continuidade à pernada. Como não voltaria pelo mesmo caminho acompanho a trilha q percorre a crista do Tira-Chapéu, sentido oeste, através de uma sinuosa crista q vai dar noutro morro,tb chamado de Boa Vista (!?). Inicialmente a picada envereda em meio a umas gdes pedras pra depois prosseguir desimpedidademente pelo pasto ralo, sempre em suave declive. Após atravessar um trecho de mata, podemos já vislumbrar a beleza dos vales próximos, cujo verde escuro contrasta com o esmeralda-claro da morraria ao redor! Da mesma forma, avistamos o Córrego do Tabuleiro despencando numa gde cachu numa encosta próxima, ao norte!


Depois de descer um trecho de crista íngreme,bordejar outra encosta (direita) de capim e passar por um cocho abandonado desemboco no amplo descampado q reconheço ser os 1970m do largo topo do Morro Boa Vista. A partir daqui basta acompanhar qq trilho de vaca q siga na direção desejada e inicio de fato minha descida, forte e em curtos ziguezagues, perdendo altitude rapidamente ate finalmente cair na continuação da precária estradinha q iniciei a pernada pela manha.


São exatamente 10:30 e ao inves de seguir pra Faz. Sta Isabel (à esquerda), retorno um pouco pela estrada, cruzo a ponte sobre o Córrego Esperança e dou numa simpática casinha q já avistara la de cima. Abandono a estrada pra ganhar novamente a encosta íngreme da sequencia de morros q se espicha sentido nordeste. A passos lentos,porem vigorosos, atinjo um selado de pasto e passo pro outro lado, onde consigo avistar a bela Cachu q é meu objeto do desejo daquela manhã, cada vez mais próxima! Do alto estudo a rota a seguir, uma vez q ainda devo vencer pelo menos dois vales pro norte! Sem trilha, desço a encosta íngreme de capim do enorme morro ate cair nas margens de um belo riacho emparedado por enormes muralhas de pasto ralo, q cruzo com cautela (engatinhando), uma vez as pedras no fundo estavam lisas feito sabão!


Do outro lado, acompanho rio acima mas logo sou forçado a escalaminhar uma das paredes verticais de pasto, no sufoco, pra ter uma visão panorâmica do rumo a seguir. Do alto já me dou conta q estou quase no miolo da "rede labirintica de cânions" do Alto da Bocaina, resultantes dos vários afluentes do Rio Paraitinga cavando o sopé da morraria ao redor! À diferença dos cânions do Espinhaço (q são de rocha) ou de qq outro, os da Bocaina são verdadeiras muralhas verticais de pasto verdejante, o q lhes confere uma certa singularidade! Pois bem, de onde estou desço suavemente o capim pra nordeste ate dar nas margens de outro remanso, q atravesso com água ate a cintura.


Na outra margem ganho nova encosta de pasto ate encontrar uma picada, q vai no sentido desejado ate mergulhar num gde capão de mata! No entanto, percebo depois q esta trilha apenas acompanha o rio q atravessara , indo pro norte e desviando da rota traçada na bussola (oeste). Retorno em meio à densa mata e encontro outro rabicho de trilha q vai no sentido desejado. Após cruzar outro rio, a picada desemboca num enorme descampado onde já posso ouvir o rugido de uma gde queda dagua aumentando conforme me aproximo. Uhúúú! E num piscar de olhos me vejo ao sopé da Cachu da Zuny, as 11:45, do lado de um enorme descampado capaz de comportar umas 30 barracas confortavelmente! Nominei a bela cachu assim por desconhecer seu verdadeiro nome, mas depois q conversei com uns locais descobri q aquela era a Cachoeira da Caroba! Dane-se, pra mim vai ser sempre a Cachu da Zuny! Detentora de uma queda de mais de 40m, o alto dela esta repleto de poços e tai uma aventura pra outra ocasião: subir o sinuoso cânion da cachu, rio acima! Mas hj me contento em apenas mergulhar e me refrescar no poção aos pés da majestuosa queda, curtindo o dia de nebulosidade clara, porem quente! Dono absoluto do lugar, tava sem pressa de nada!


Depois de altos tchibuns, comer alguma coisa e ate me presentear com um breve cochilo, retomo minha pernada quase as 13hrs voltando por uma trilha q já conhecia da vez anterior e q me levaria ate uma estradinha, mais ao norte, sempre bordejando encostas e pirambas íngremes de capim por estreita picada. Entretanto, como meu intuito era percorrer os meandros dos cânions dos arredores, na metade do percurso abandono a trilha em favor de um trilho de vaca q ia sentido nordeste, descendo suaves cocorutos consecutivos. Mas logo me vejo na borda de um novo cânion, onde paro pra estudar novamente a rota a seguir. Na verdade me encontrava no alto da confluência de dois rios, q serpenteavam encachoeirados o sopé do cânion! Desci a piramba na raça e cruzei o rio num hábil "jump" . Pausa pra fotos,claro,pois a sequencia de cachus e poços ali era espetacular!


Na outra margem iniciei um breve lance de escalaminhada hard, me agarrando no capim e samambaias ate atingir o alto, onde pude prosseguir pela continuidade da crista, já em terreno mais nivelado e menos acidentado! Atraves de topos sucessivos, agora por um discreto trilho de vaca, fui ganhando altitude novamente de forma imperceptível, sentido nordeste, sempre tendo de ambos lados abismos onde rios, afluentes do Paraitinga, corriam furiosos e encachoeirados! E após ladear um enorme morro pela direita, acabei caindo numa precária estradinha q já conhecia da vez anterior, as 14:30. Pausa pra descansar na sombra de uma enorme araucária, já q o sol finalmente resolvera surgir com força total, fritando os miolos.


Prossigo pela estradinha despretensiosamente, sempre sentido nordeste, já com o intuito de me acampar no comecinho da trilha do Rio Cambui, pro dia sgte descer a serra. Dessa forma, a estradinha desce a morraria sinuosamente ate a Faz. Paraitinga. Cruzo um manso riachinho chapinhando na água, passo pela porteira da referida fazenda e continuo acompanhando a estrada. Porem, após cruzar uma pequena ponte e um pouco antes de começar a subir a morraria à direita, atento pro rabicho da trilha saindo pela esquerda. É a "Trilha do Rio Cambuí", ou "Trilha do Ecomotion", uma vez q já foi realizada uma competição através dela. Ela basicamente acompanha o rio do mesmo nome, q marulha placidamente à minha esquerda.


Um tempo depois de adentrar na trilha, acompanhar um gde foco de mata e cruzar um belo córrego sobre lajotas, jogo minhas coisas num confortavel gramado, local onde já acampara na vez anterior. São exatamente 16hrs e é aqui q encerro o meu expediente, cansado do exaustivo roteiro palmilhado naquele dia. Antes, porem, mergulhei merecidamente num bem-vindo poção do córrego supracitado, no mesmo instante em q o céu começou a se cobrir de nuvens escuras, já anunciando suas nefastas intenções.


O resto da tarde foi reservado ao puro descanso, beliscando alguma coisa ou simplesmente jogado no interior da barraca, dando vazão aquele típico ócio justificado! Como era de se prever chovera forte no final do dia, mas ate la eu já tava no 16º sono, indiferente a qq coisa q se passava la fora! Somente à noite levantei pra " regar a moita" e pude observar o firmamento coalhado de estrelas, numa visão pra la de inspiradora! Sinal q a descida de serra do dia sgte seria em meio a um dia lindo e maravilhoso. E tornei a dormir gostosamente, encasulado no meu aconchegante saco de dormir naquela noite fria, típica da Bocaina.



 
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