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ALTOS PERRENGUES NO ALTO DA BOCAINA PDF Imprimir E-mail
Seção: Home - Categoria: Trekking
Escrito por Jorge Soto   
Sex, 21 de Maio de 2010 16:54
Índice do Artigo
ALTOS PERRENGUES NO ALTO DA BOCAINA
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Alem das notórias "Trilhas do Ouro", das densas florestas em torno o Rio Mambucaba e dos fundos vales q embicam pro litoral existe uma outra Serra da Bocaina. Uma q aponta pro céu, de terras altas. São os Altos da Bocaina (ou Campos da Bocaina), região localizada no planalto da divisa de SP e RJ e q é dominada exclusivamente por "mares de morros ", cânions esmeraldas, rios com cachus e cristas com cumes passiveis de serem singrados em varias direções.

E foi isto q resolvi fazer neste ultimo feriado: um circuitão q sobe a serra de São Jose do Barreiro, percorre cristas, cumes, cânions e desce novamente à cidade vizinha, Areias, por uma trilha q já conhecia mas q (pra surpresa minha) mostrou-se bem fechada devido as últimas chuvas, me obrigando a descer "na raça", ora varando mato ou desescalaminhando um rio. Estas são mais outras novas facetas da velha e conhecida Serra da Bocaina: a da imprevisibilidade e do perrengue.

O feriado me pegara de surpresa, com o aniversario da cidade de Sampa nos brindando com mais dias livres pra alguma trip! No entanto, os Altos da Bocaina sempre foram meu "coringa" pra feriados não-programados, principalmente em fcao da correria do dia-dia. Era o caso. O fácil acesso de bus e as varias possibilidades de pernadas sempre reforçaram esta decisão. Contudo, na véspera tenho a ingrata noticia da não-confirmacao (uma de muitas) de companhia pra trip! Dane-se! Não seria a "maledita" previsão meteorologica q tb me intimidaria e me mandei sozinho pra uma pernada q planejava enqto arrumava a mochila! Na verdade era um mix de pernadas, uma vez q o tinha em mente era algo do tipo "the best hits" das incursões anteriores!


Saltei em São Jose do Barreiro, pacata cidadezinha a 500m de altitude q se encontra aos pés da Bocaina, ao meio-dia de sabadao, após uma interminável viagem de bus q consome boa parte de seu tempo em longas (e desnecessárias) paradas em S J dos Campos, Taubaté e Areias. Imediatamente me abasteci de provisões numa padoca e coloquei pé-no-chão, tomando a estrada q sobe a serra do lado esquerdo da simpática igreja da pracinha central, q por sua vez estava bem decorada pra alguma festividade naquela noite. O dia amanhecera promissor, embora algumas nuvens pairassem permanentemente no firmamento.

SUBINDO OS 25KM DE SERRA
Enqto avançava pela sinuosa sequencia de morros pintados de verde-claro, admirava a imponente muralha da Serra da Bocaina se esparramando pelo horizonte à minha frente, c/ seus picos ocultos por densas nuvens. A partir daqui eram 25kms tortuosos serra acima num desnível respeitável de 1200m, q certamente demanda frete ou os préstimos do folclórico Zé Pescoçinho. Já q meu bolso não permitia frete algum, o jeito foi subir na sola ou tentar improvável carona! No mínimo poderia apreciar c/ calma as particularidades deste trecho igualmente pitoresco, q passa desapercebido pra quem vai pernar a "Trilha do Ouro" no solavanco do fusca do Seu Pescocinho.


A pasos rápidos e firmes avanço pela precária estradinha (SP-221) serpenteando a morraria de pasto, cercada de pequenas fazendinhas e algumas roças. Mas meia hora depois a coisa muda e começa a ficar interessante. Os vestigios de civilizacao não tardam a desaparecer enqto S Jose vai ficando cada vez mais pequenina, la embaixo. Devidamente munido de infos de 2 atalhos consecutivos na estrada, não hesito em me valer delas afim de poupar uns 3km da trajeto total. E o 1º deles é logo uns 500m após passar por baixo das torres de alta tensão; enqto a estrada faz uma larga curva p/ esquerda, contornando a montanha adiante, entro numa porteira à direita, p/ dali subir forte - em linha reta morro acima - por trilho de vaca a encosta aberta de pasto ralo, p/ cair novamente na estrada, quase 100m acima.


A pernada prossegue c/ suave inclinação, bordejando outro morro menor pela direita, descrever uma curva sinuosa p/ oeste, p/ retomar sentido sul. Após passar numa baixada com o "Sitio Boa Vista" e o "Recanto dos caetanos" é q surge o 2º atalho, e tal qual da forma anterior, vemos a estrada descrever uma enorme volta p/ esquerda. Daqui buscamos um meio de subir a encosta adiante, subir reto e c/ forte inclinação, morro acima. Uma vez na encosta, são vários os "trilhos" q sobem, ora atraves de arbustos, voçorocas de capim-gordura ora aberto no pasto ralo. Caio novamente na estrada, quase 100m acima, onde sentimos a suave brisa soprar no rosto ensopado de suor.


A estrada agora tende virar p/ oeste ate passar pelo rústico Sitio Bela Vista e Encanto da Bocaina, onde sou recebido pelos estridentes latidos de cães, alem de uma lacônica placa indicando o qto foi percorrido ate ali, isto é, 7km! Mas o melhor é uma bica encravada na rocha à beira da estrada, à direita, de onde escorre água cristalina q mata a sede e refresca o rosto. Podemos perceber q o vale vai lentamente se afunilando a medida q se avança, e q logo não teremos + as largas vistas à nossa esquerda q vínhamos apreciando ate então, onde os tons verde-claro dos morros q vamos ladeando contrastam fortemente dos tons escuros dos vales mais profundos.
Na sequencia, passo por outro sitio enqto um gavião e algumas maritacas protestam ruidosamente à minha súbita aparição na estrada, agora serpenteando uma encosta + florestada de serra. De fato, S Jose do Barreiro não esta + visível e a paisagem muda radicalmente. De encostas desnudas de pasto, passamos a andar por encostas forradas de densa e exuberante vegetação, c/ algumas frestas na mata permitindo algum visu. A estrada dobra p/ nordeste, como q ziguezagueando a encosta, e é aqui q temos outra bem-vinda bica brotando à esquerda. Nosso caminho vira novamente p/ oeste, subindo no mesmo ritmo e por terreno cada vez + pedregoso. Se fica difícil andar imagine um veiculo!? Entre o arvoredo, percebemos q vamos na direção de uma imponente montanha pontiaguda q chamo de pico bicudo, cuja base bordejamos pela direita.


Ao passar do lado da base do pico bicudo, percebemos q mudamos de encosta nesta pré-crista de serra. Agora bordejamos em nivel pela direita, no aberto, permitindo um visual soberbo do enorme espelho-dagua formado pela Represa do Funil, no meio dos mares-de-morros q limitam RJ e SP, ao norte! A caminhada permanece inalterada por um bom tempo, acompanhando uma crista rochosa de serra composta por imponentes picos à esquerda, onde uma 3ª surge p/ abastecer cantis menos favorecidos, assim como uma bela revoada de borboletas salpicam o verde da vegetação ao redor. Ao final da crista olho por sobre o ombro pra vislumbrar o quão bonito é este trecho q passara desapercebido nas ocasiões em q viera de carro!


Dobramos entao abruptamente p/ esquerda e retomamos a subida p/ leste, em curtos e ingremes ziguezagues, tendo uma vista privilegiada da crista percorrida. Parece q vai estabilizar, mas não, a pernada prossegue em aclive maior. Os ombros e costas já começam a reclamar após o km18, mas me mantenho resoluto em parar somente no lugar de pernoite, avançando o Maximo possível nesse dia. Carona? Q nada! Ate agora não vira nenhum veiculo nem indo nem vindo!


Após seguir p/ leste, a estrada faz uma curva p/ oeste, passando p/ outro lado da encosta ate finalmente nivelar, por volta do km20! Agora sim, as 16:20,estamos no alto da serra, mas não no inicio da trilha. Contrariando as péssimas previsões o tempo estava maravilhoso. Não estava radiante, mas tb não havia indicio algum do aguaceiro previsto pela meteorologia. Menos mal. Continuo serpenteando o alto da serra, dominado praticamente por pequenos morrotes de pasto ralo, algumas florestinhas de araucárias e capões de mata, embora a vegetação seja predominantemene de altitude.


Passo pelo Condomínio Serra da Bocaina e, logo adiante, pelo Sitio Lageado, onde outra placa marca o km 24. A estrada descreve uma curva pra esquerda e logo pra direita. Contudo, antes desta ultima (exatos 2km antes do PN Bocaina), as 17:30, há uma entrada pra direita sinalizada por um mata-burro e uma placa " Fazenda Pinheirinho-Vende-se", q é o rumo q agora tomo. Uma vez nele enveredo sinuosamente através de pequenos morrotes verde-claro, belas florestas de araucárias e pelas nascentes borbulhantes do Rio Mambucaba.


Ignoro uma bifurcacao à esquerda q nos leva à Faz. Sincerro, contornando as encostas do morrote sgte pela direita. Uma velha construção de pedra surge a minha frente. É a Casa de Pedra, ruínas do q outrora foi uma luxuosa residencia do séc.XIX, q ainda guarda traços clássicos no uso da pedra e desperta curiosidade pelas janelas remanescentes e pela vegetação q hj habita seu interior. São exatas 18:30 e meu corpo pede arrego em definitivo. O dia rendera conforme o previsto! Monto a barraca atrás da casa,num confortável gramado, apenas pra uma vareta arrebentar bem qdo se precisa dela, mas uma habil gambearra resolve provisoriamente o problema. O tempo aparenta agouras mas td não passa de um leve chuvisquinho passageiro. Entretanto, bem antes das 20:30 já estou com a janta no bucho e devidamente encasulado no meu saco-de-dormir, dormindo meu 15º sono em virtude da dia puxado. Nem vi a noite lançar seu manto negro sobre a Bocaina, mas pude sentir q chovera e fizera um frio consideravelmente de madrugada, mas td dentro do previsto, sem maiores intercedencias.



 
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