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A “FERRADURA” DO GARRAFÃO - Pág.2 PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Sex, 21 de Maio de 2010 16:20
Índice do Artigo
A “FERRADURA” DO GARRAFÃO
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O domingo amanhece igualmente frio e de céu limpo, onde apenas algumas poucas nuvens eram represadas em fundos vales à nordeste, flutuando bem abaixo do cume. O sol nasce dourando a campina úmida e iluminando apenas a risca distante formada pela Serra da Careta, da Chapada e td crista do Papagaio! Tomamos nosso café-da-manha sem pressa e na sequencia desmontamos td pra guardar nas mochilas.


Zarpamos às 8hrs rumando à oeste pelo alto do platozao, mas logo já desviamos sentido noroeste de modo a descer prum outro platô inferior, q servia de conexão à crista inicial da Serra dos Coelhos. Atraves de capim ralo e lajotas consecutivas, perdemos altitude ate ganhar a vasta campina q simplesmente bastou atravessar desimpedidamente e, fazendo uma ferradura, logo nos levou ao sopé da crista q visávamos. Aqui cruzamos com um córrego cristalino q molhou nossos rostos e abasteceu os cantis menos favorecidos. Galgamos então a suave encosta da tal crista ate alcançar seu topo, onde encontramos rastros de uma picada q ia no sentido desejado. Dali em diante não tem erro e dispensou os "serviços" do nosso sempre hábil navegador Mamute.


Sempre andando por larga crista, subindo e descendo suavemente, atravessamos pequenos focos de mata mas principalmente avançamos por descampados com visual de ambos lados: à nossa esquerda (noroeste) tínhamos fundos e verdejantes vales contrastando com altos chapadões dourados de pasto; e à direita (sul) apreciavamos os vários ângulos q o Pico do Garrafão oferecia, com a umidade depositada ao longo de seu imponente paredão vertical de granito reluzindo ao sol matinal. Desviamos da crista brevemente apenas pra contornar um morrão pela esquerda, mas logo retomamos o alto da mesma pra prosseguir sempre no mesmo compasso em meio ao campinzal, sempre por trilha. Mas logo mergulhamos na mata, onde começamos a descer forte. Aqui o picada aparenta sumir, por isso o melhor era sair da mata e acompanha-la pelo lado, onde não bastou a perceber q havia uma cerca q tb descia a crista.


Ganhamos então um selado, e dali foi só prosseguir piramba acima pra dar continuidade à pernada de crista, q aqui apresentou-se como uma sequencia de corcovas abauladas de pasto e capim. Após acompanhar nova cerca e bordejar outra matinha pela esquerda, acabamos dando numa crista q ficava cada vez mais estreita, apresentando vários mirantes rochosos nos quais paramos pra vários cliques. O Garrafão ia ficando bem pra trás a medida q avançávamos, enqto a Serra do papagaio parecia cada vez mais próxima.


Deviam faltar algo de uns dois ou três longos cocorutos serranos ate desembocar na estrada de terra, mas antes disso resolvemos cortar caminho desviando da crista pra descer por sua íngreme encosta de pasto, pela direita. Deixamos então a trilha pra perder rapidamente altitude descendo pelo capim com cautela, mas a Báh e a Guizy abreviaram este percurso simplesmente descendo na base do "esquibunda", deslizando morro abaixo. O terreno arrefece, desviamos de focos de mata e voçorocas de samambaias ate dar num pequeno bosque de araucárias, e finalmente cair numa pequena fazendinha, já na baixada.


Daqui bastou tocar pela campina rumo sul, atravessando um curral e contornando um morrote pela esquerda, onde desembocamos rapidamente nas pastagens já na propriedade do Seu Odir. Báh, Guizy, Felipe e Robson ainda arriscaram um tchibum refrescante (e congelado) no Córrego dos Coelhos, um pouco antes de chegar aos veículos, qdo já era pontualmente meio-dia!! A decisão do Mamute por cortar caminho no ultimo trecho de crista fora mais q acertada, do contrario ainda estaríamos caminhando por enfadonha estrada de terra sob um sol de fritar miolos!


Na sequencia enrolamos um pouco no Seu Odir, compramos seu delicioso queijo caseiro e nos despedimos do simpático senhor, prometendo nova e breve visita. O trecho sacolejante de 20km de estrada de terra seguinte nos pareceu interminável, mas uma vez vencido rumamos imediatamente pro centro de Itamonte, onde paramos no único self-service aberto, às 13:30. Claro q nos empaturramos da sempre deliciosa comida mineira. Q o diga o Mamute, cujo prato era a soma de tds os nossos pratos juntos. Brindamos tb ao sucesso da trip e à cia e animação de td galera, claro!


Por volta das 15hrs nos despedimos do Robson e Felipe pra tomar rumo Sampa, mas não sem antes a Báh passar na padoca do dia anterior pra comprar o doce-de-leite q tanto atiçava suas lombrigas e aparentava ser a razão de sua existência. Assim, pegamos o asfalto numa boa, embalados nos braços de Morpheus e com direito a algum transito na Dutra. Mas entre mortos e feridos conseguimos chegar na "Terra da Garoa" sãos e salvos, la pelas 20hrs.

E assim transcorreu nossa primeira incursão oficial na temporada montanhista deste ano na Mantiqueira. Incursão sussa e tranqüila, claro, apenas pra "aquecer as canelas" pras próximas já programadas q virão, cada vez com nível de garbo, dificuldade e perrengue maiores. E pq não pernadas e travessias por aqui mesmo? Pois é, uma vez q a região q compreende o Pq Est Serra do Papagaio é igualmente alta e vazia, dotada de longos percursos e atravessada por grandes montanhas - como o Moquém, Pico do Segredo, o Chorão, entre mtas outras - q surgem imponentes acima de vales amplos e abertos. Assim esta região mineira inserida nas "Terras Altas da Mantiqueira" e q agrega gdes maciços ao redor pode tb facilmente ser se incluída no circuito montanhista pelas diversas possibilidades q oferece. E q embora próxima de centros urbanos, a região de Itamonte e Alagoa sempre permanecerá com seu charme incólume e docemente perdida no passado, alienada do presente pelos maciços e serras à sua volta.



 
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