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CAMINHO DOS AMBRÓSIOS: DO GARUVA AO MONTE CRISTA - Pág 3 PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Qua, 12 de Maio de 2010 12:40
Índice do Artigo
CAMINHO DOS AMBRÓSIOS: DO GARUVA AO MONTE CRISTA
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NO ALTO DO MONTE CRISTA!
A manha sgte raiou tal qual a anterior: com promessas de um dia de céu azul e estupidamente ensolarado! Por conta disso levantamos bem cedo afim de não pegar o calor abrasivo matinal e poder pernar num tempo mais agradável e ameno. Imediatamente nossas mochilas engoliram o equipo e nós, nacos de bolachas e bisnagas! Zarpamos então por volta das das 7hrs, enxotados de nossa clareira por nuvens de pernilongos q protestavam nossa breve ocupação de seu habitat.


Tomando a picada sempre sentido leste, imediatamente caímos nos "Ambrosios" q por sua vez desceu por um tempo e mergulhou na mata de um pequeno vale, onde abastecemos os cantis num riachinho. Emergimos outra vez no aberto, agora subindo, descendo ou bordejando pequenos morrotes, ate finalmente alcançar uma crista principal. Foi aqui q topamos com nossa 3ª peçonhenta, q dormia folgadamente no meio da trilha! Ganhando altitude agora lentamente crista acima, agora através de uma picada-vala, não demorou a cair num belo mirante lajotado à beira de um enorme precipício! Claro q houve pausa pra cliques! Na sequencia caímos no selado recortado q nos separava do Crista, pra em seguida subir vigorosamente a inclinada piramba final, q exigiu bastante fôlego e pernas pra ser vencida!


E assim, as 8:30 alcançamos um trecho do alto dos 967m q assinalam topo do Monte Crista! A montanha mais conhecida de Joinville ganha este nome pq seu cume parece uma "crista de galo", q por sua vez se esparrama escarpadamente ainda pra oeste! Entretanto, nos mantivemos apenas à parte leste dessa tal "crista", q oferecia vistas soberbas da planície catarinense, com destaque pra Baia de Babitonga (em S Fco do Sul), de Guaratuba, da BR-101 e da Pedra Branca de Araraquara! O cume rochoso tb apresentava pequenas e providenciais clareiras, como tb muito lixo e pixacoes, infelizmente! Agora entendi pq essa montanha é tida como "mística" e atrai td qto é farofeiro sem consciência alguma! Pausa pra descanso e beliscar alguma coisa ao sopé da "Pedra do Guardião", uma curiosa formação rochosa q lembra qq outra coisa (fálica, principalmente) menos um "homem sentado", como diz a lenda. Não deu nem meia hora de relax q retomamos a pernada, agora descendo o Crista, onde de cara uma pequena placa laconicamente anunciava q teramos sinuosos 7km pela frente! Da "Pedra do Guardiao" a trilha embica fortemente a encosta abaixo ate nos despedirmos do aberto e mergulharmos num matagal de samambaias, q é vencido desescalaminhando lances de pedra, sulcos e algumas valas! Logo caímos novamente na trilha íngreme, desta vez ancorada por tabuas de madeira pra conter a erosão! Aqui o pessoal montanhista de Joinville realmente mostra q alguns de seus mutirões tem efeitos positivos!


Mas uma vez na mata fechada não demora a cairmos em definitivo no ardiloso calçamento de pedras dos "Ambrosios", cuja umidade o deixava liso feito sabão e não evitou q tds tivéssemos nossos respectivos capotes! Por conta disso a descida foi feita lentamente, com td cautela e cuidado, e não raramente descíamos pelas beiradas do caminho, próximo á mata, e não pelo seu miolo. Assim pudemos apreciar melhor os detalhes q nos cercavam, seja como a densa mata ao redor, as bicharadas q eventualmente cruzávamos, como simplesmente bebericar água fresca e cristalina, q esteve sempre presente na forma de bicas despencando da montanha!


Perdendo altitude rapidamente aos ziguezagues, cruzamos com as duas primeiras almas vivas da travessia, um pai suado levando o filho novo prum perrengue! A medida q íamos descendo, o calor abafado ia ficando cada vez mais quente, nos deixando ensopados num piscar de olhos! Da mesma forma, o numero de pernilongos ia aumentando e não nos dava sossego nem pra descansar, tanto q as paradas pra isto realmente foram poucas! E assim prosseguimos a pernada desimpedidamente durante um bom tempo!


Após um breve trecho no aberto -mais precisamente um enorme deslizamento - q foi vencido contornando matacoes de capim-navalha, mergulhamos outra vez na densa mata fechada, onde topamos com enormes clareiras, mais turistas, algumas bifurcações e uma cachu escondida, onde me dei o luxo de um banho-relampago! Tomando a bifurcação q sempre ia no sentido desejado, esbarramos com nossa 4ª cobra no meio da trilha, uma enorme e vistosa coral! A bichinha, no entanto, não estava afim de paparazzis e rapidamente enfiou-se na vegetacao! Após descer um tempo q pareceu interminável, alcançamos o fundo de um enorme vale na cota próxima dos 200m. A partir daqui a pernada perde o resto de altitude imperceptivelmente, alternando picada, valas, calçamento de pedras, mas principalmente brejos e charcos! Neste trecho quase horizontal esbarramos com nossa 5ª e ultima peçonhenta, uma enorme e lustrosa cobra preta! Meu, vai ter cobra assim lá no Instituto Butantã! Portanto, qq pernada c/ vara-mato aqui no verão é impensável! Emergimos da mata 130m acima do nível do mar pra cair num belo gramado com restos de construções, as 13:30, e logo na sequencia cruzamos o manso e raso Rio Tres Barras saltando de pedra em pedra. Como o sol e calor estavam de rachar, tivemos uma breve pausa pra tchibuns no belo ribeirão, q mais adiante entra em confluência com o Rio Crista! Na outra margem, a picada dá lugar a uma estrada de terra q logo nos leva a uma ponte pênsil, onde o Tres Barras é atravessado pela ultima vez! Estamos finalmente na "civilização", isto é, o quiosque q dá acesso ao "Parque Aquatico Monte Crista", um balneário local bem freqüentado! No quiosque matamos nossa vontade de breja e refri, alem de conhecer seus donos, Seu Roberto e Seu Ari, q alem de boa prosa, lembranças e petiscos nos providenciaram tb um telefone pra contatar um taxi de Garuva pra nos resgatar! Ufaa, menos mal! Do contrario teríamos ainda q andar 3km ate o asfalto tentar condução, o q naquele calor de inicio de tarde era impensável!


Nos despedimos dos tiozinhos assim q o taxi chegou e imediatamente zarpamos pra Garuva, onde pegamos o nosso veiculo e rumamos prum restaurante no centro da cidade, onde matamos a vontade de nossas lombrigas, q exigiam um almoço mais consistente e saboroso! E assim, por meros R$10 comemos num self ate fazer bico, as 15hrs! Ato sgte rumamos pruma pousadinha baratinha próxima, "Hotel do Carmo", afim de relaxar do cansaço acumulado e à noite fomos numa pizzaria badalada da cidade pra bebemorar a empreitada, desta vez limpos e cheirosos. Choveu horrores durante td madrugada, mas assim q amanheceu tomamos o asfalto pra retornar pra Sampa a tempo de passar o réveillon com as respectivas famílias. E assim transcorreu a Garuva-Monte Crista, uma travessia q guarda em suas encostas patrimônios naturais, paisagísticos e históricos q lhe conferem forte identidade, característica exclusiva apenas de poucas gdes selvagens caminhadas. Seja caminhando no histórico "Caminho dos Ambrósios" em meio a exuberante Mata Atlantica, pode-se viajar no tempo e observar enorme biodiversidade, seja contemplando a beleza dos rios, campos de altitude, cachus e curiosas formações rochosas, assim como a majestuosa vista q se descortina do alto dos Picos Garuva e Monte Crista. Reunindo historia e natureza, os Campos do Quiriri estarão sempre nos brindando com mais alguma nova e agradável supresa ainda a ser desvendada, mas naturalmente esse é apenas mais um motivo pra retornar lá noutra ocasião. Outras muitas vezes, diga-se de passagem.



 
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