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CIRCUITÃO SABATINO PELA “TRILHA DAS ANTAS” PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Sáb, 29 de Agosto de 2009 15:34
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CIRCUITÃO SABATINO PELA “TRILHA DAS ANTAS”
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CIRCUITÃO SABATINO PELA "TRILHA  DAS  ANTAS"

Após semanas de tempo desfavorável  - no inverno + umido e molhado q se tem noticia - quebrei um jejum de pernadas  topando um convite p/ voltar aos arredores da Serra do Mar mogiana, cujos encantos vao alem da tradicional picada q bordeja o Rio Itapanhaú.

Dessa forma, num sabadao de sol forte e céu azul, percorremos cristas e encostas forradas de densa Mata Atlantica ate dar na beirada da gigantesca Garganta do Gigante, atravessar  a barragem e Rio Itatinga,  p/ depois retornar pelo Parque das Neblinas. É a tal "Trilha das Antas", circuitao relativamente tranquilo q alterna picada e vara-mato, e palmilha atrativos menos conhecidos nos limites serranos dos municípios de Mogi das Cruzes e Bertioga. 
Cheguei na Est. da Luz na cia da Báh (Bárbara), onde encontramos o Carlos, Roberta, Eric, Leo, Vagner, Nei, Ana e Gabriel, p/ dali tomar o trem c/ destino a Guaianazes, as 7:20. Após meia hr num agradavel  "quase-metrô", saltamos no nosso destino onde imediatamente tomamos a baldeação p/ Mogi, agora numa composicao bem + precaria q a anterior, onde apenas nossos dotes de salto c/ vara foram capazes de vencer a distancia entre a plataforma e o vagao. Mas nem mesmo os ambulantes praguejando impediram q cochilássemos na tal "minhoca de latão", uma vez q td mundo madrugara p/ poder comparecer no horario combinado. Bem, ou quase tds.
Chegamos finalmente em Mogi por volta das 8:30, onde encontramos o resto do povo: Claudio, Leila, Ricardo, Neia, Fernando e Abade. Após um breve café na Padoca Mogi, tomamos  rumo à Pca das Bandeiras, a alguns quarteiroes dali, onde aguardamos o busao q nos levaria ao inicio da picada. Enfim, as 9hrs embarcamos no "105-Manoel Ferreira" q deixou Mogi p/ tomar o asfalto rumo litoral, viagem q mostrou-se vagarosa e bem demorada.
Por volta das 10hrs saltamos nos confins do Bairro de Manoel Ferreira, num local apelidado de "Balança", dominado apenas por um simplorio boteco beira de estrada. E foi la mesmo onde mandamos ver +  pasteis e coxinhas, de modo a q reforcassem + nosso desjejum matinal. Alonga aqui e aloga ali, eis q 10min depois damos inicio à pernada, andando rente o asfalto sempre em frente ainda por quase 1km, sob um sol de rachar miolos. No entanto, este detalhe passou facilmente desapercebido diante a empolgacao e descontracao geral no comeco da pernada, uma vez q logo entrariamos na mata. Dito e feito. Logo numa curva à esquerda ao sopé de um morro, deixamos a rodovia e tomamos uma larga picada 'a direita. Lá, topamos c/  um palmiteiro sentido contrario portando 2 enormes facoes, q se não nos meteu medo apenas nos alertou p/ não farofar na mata. Tá, dica anotada.

       
Este inicio de "trilha" é uma "quase-estrada" obvia, apenas cercada de mata de ambos lados - principalmente pinheiros e eucaliptos - e decorada por belos canteiros de maria-sem-vergonhas, q não oferece problemas de orientacao. Basta apenas acompanhar a picada principal e ignorar bifurcacoes menores ou trilhas transversais.Tendo sempre na dianteira o Fernando, Nei e Abade, auxiliados eventualmente pelos ptos plotados pelo Claudio, cruzamos c/ eventuais trechos encharcados q nos obrigam a saltar aqui e ali, sempre no sentido sul/sudoeste. Mas após um certo tempo, a picada mergulha na mata e continua em suave declive, s/ maiores intercedências. O agradavel som de agua marulhando nalgum canto a nossa direita anuncia estarmos proximos de algum gde curso dagua, audivel de leve desde o inicio da pernada. Mas não tardou a esbarrar c/ um 1º riozinho se interpondo no caminho, q bastou cruzar cautelosamente (alguns metros acima) por dois precarios tocos carcomidos remanescentes do q outrora foi uma ponte.
Após este obstaculo, a picada nivela em meio a um bosque de pinheiros, sai no aberto, mas novamente mergulha na mata fechada, eventualmente palmilhando uma vala erodida e escorregadia. As 11:40 esbarramos com um novo riozinho no caminho, q foi transposto atraves de troncos besuntados de limo, q obrigaram os menos confiantes a descer ate o rio e cruza-lo por baixo mesmo, c/ + seguranca. Mas as paradas p/ descanso são raras, principalmente pelas enormes mutucas q não nos dao sossego e mordem ate por cima da roupa!

Após bordejar um belo laguinho pela esquerda e novamente nos enfiarmos na mata, um 3º rio é vencido nos mesmos moldes q o 2º. Aqui a picada já se estreitou o suficiente e nos obriga a redobrar a atencao no caminho, q pode gerar confusao nas trilhas laterais q se entrecruzam e nas bifurcacoes, mas o sentido é sempre pela picada principal (geralmente p/ esquerda), p/ sudoeste. E após um suave declive e saltar um pequeno corrego por cima das pedras, passamos a bordejar a encosta da serra, eventualmente desviando do mato e gdes arvores tombados no caminho. Notamos q visivelmetne aqui fora uma larga estrada, dados o cortes verticais talhados na encosta, q agora foi tomada pelo mato pelo desuso.Alem disso, passamos por vestigios do q restara de antigas construcoes, inclusive uma escola, onde o metal de antigas carteiras agora reluzem aos raios solares filtrados pela farta vegetacao.
As 12:30 alcancamos nova bifurcacao, esta de alguma relevancia: p/ esquerda teoricamente dariamos na Garganta almejada; pra direita dariamos no Rio Itatinga e, + adiante, nos limites do  Pq das Neblinas. Tomamos a da esquerda, ansiosos pela possibilidade de descer a Garganta e, quem sabe, alcancar a planicie costeira. Pois bem, a picada prossegue sempre na mata, subindo suavemente ate dar no q parece ser uma crista, p/ na sequencia comecar a perder altitude no mesmo compasso. Mas meia hr após a bifurcacao a trilha some completamente, o q nos obriga a decidir q rumo tomar abrindo mato no peito, porém no sentido desejado. Neste trecho, o Carlos e a Roberta decidiram retornar pois não estavam preparados pra pernoitar na mata, pois varando mato ate nosso destino tal possibilidade era real. Por sorte ele tb havia plotado a picada ate aquele trecho e pode retornar ao inicio s/ maiores dificuldades.
C/ o grupo reduzido, prosseguimos abrindo caminho na raça, embora isso não fosse tao dificil devido à vegetacao bem espaçada entre si, e pelo fato de estarmos numa crista não havia muito mato caido no caminho. Mas não demorou em termos de descer pela encosta direita, q por sua vez ganhou declividade num piscar de olhos! Mais um pouco e nos vimos numa beirada da montanha forrada de mata, onde as poucas frestas possibilitavam vislumbres da imponente Garganta do Gigante a nossa frente, c/ paredoes esmeraldas despencando vertiginosamente ao sopé da serra. Ao longe, a linha do horizonte se dividia entre o bege claro das praias de Bertioga, o azul intenso das aguas do mar e o azul claro e limpido do céu! Como prosseguir era impossivel, nos reunimos pra decidir o q fazer, e resolvemos tomar rumo à Barragem de Itatinga, cujas cachu era perfeitamente audivel onde estavamos.
Pois bem, dali apenas subimos um pouco o morro de modo a sair daquele barranco quase vertical, pra depois derivar p/ direita e, desviando diagonalmente de maiores matacoes s/ dificuldade pela encosta, alcancar as beiradas da Barragem orientados apenas pelo som da agua. Este processo td não levou nem 10 min, e logo nos vimos as margens do largo Rio Itatinga, um dos gdes tributarios do conhecido Rio Itapanhaú. O Itatinga, após serpentear de forma ruidosa boa parte do planalto, tem suas aguas represadas mansamente pela muretinha da pequena Barragem, q depois sao canalizadas por um impressionate aqueoduto  - construido em pedra no inicio do seculo passado - até lá embaixo, já na planicie costeira, onde moverao as turbinas da hidreletrica homônima, q ainda gera energia pro porto de Santos. O visu da Barragem tb é bem bonito: uma pequena casinha/guarita guarda a represa, por sua vez debruçada sobre o planalto frontal à planicie costeira de Santos. S/ sinal da costumeira nebulosidade  q domina a regiao, tinhamos uma ampla e bela vista do litoral, mesmo enfiados no meio da mata. O visu de Bertioga, por sua vez, deixou a Báh alucinada p/ chegar ate lá, mesmo q pra isso tivesse q pagar uma porção de camarão pra td mundo depois, promessa q ninguem esqueceu, claro!
Voltando à pernada, como cruzar pro outro lado da Barragem por cima da muretinha tava fora de cogitacao (não pela dificuldade mas pq é prop. privada e um guardinha já tava de olho na gente) o jeito foi bordejar as encostas rentes ao rio de modo a alcancar um trecho mais raso p/ atravessa-lo. Entretanto, as 13:30, estacionamos naquela piramba forrada de mata de sombra, e comoda e oportunamente nos permitimos um breve lanche e algum descanso, c/ direito ate a miojao preparado pelo Ricardito & Néia, do povo pedindo gentilmente p/ Leila fumar numa area reservada p/ tal, e da tagarelagem do sociavel Eric com uma matraca q não deixava ninguem conversar. Alem de ouvir os animados causos da Cris, Vagner e Ana.

Retomamos a caminhada 40min depois, ladeando a margem do rio, ora subindo ora descendo a encosta conforme o mato e declividade permitiam, s/ maior dificuldade de avanço. Subimos o rio entao ate um ponto onde ele era visivelmente mais raso, porem mais movimentado e repleto de pedregulhos, mas de visual tao encantador qto o anterior. Pausa pra fotos antes da travessia, claro! A partir dali cada um seguiu por onde lhe fosse + facil; o Nei, Vagner, Fernando e Abade seguiram corajosamente por um trecho onde cruzaram c/ agua quase  ate o peito, c/ as mochilas na cabeça. O resto optou um pouco + acima, onde cautelosamente e pisando c/ firmeza nas pedras +seguras e q nos dessem apoio garantido, cruzamos o rio com agua ate o joelho, embora aqui a correnteza fosse maior. Esta travessia foi demorada, razao q alguns aproveitaram a deixa pra se refrescar nos poços cristalinos ou nas hidros do Itatinga. A Báh, o Nei e o Gabriel q o digam.
Uma vez na outra margem, as 15:30, bastou seguir um rastro obvio de picada visivel entrando na mata q foi so acompanhar. Estavamos agora nos dominios do Parque das Neblinas, já no municipio de Bertioga. O parque, por sua vez, é uma reserva particular q integra a antiga Fazenda Sertao dos Freires, regiao limitrofe ao Pq Est. Serra do Mar. Pois bem, andamos um tempao na mata fechada por uma trilhona bem batida, inicialmente em subida pra depois descer em definitivo, sempre suavemente e ornada de canteiros de maria-sem-vergonhas e lirios-do-brejo. As 16hrs, após cruzar uma floresta secundaria, caimos no aberto numa estradinha maior, em meio a um enorme reflorestamento de eucaliptos. Explica-se: o parque pertence à Suzano, empresa produtora de papel q constituiu o Instituto Ecofuturo p/ opera-lo.
As 16:30 damos num emplacamento q indica termos saído dos 2km q percorrem a "Trilha do Itatinga". Vendo q a sinalização Tb indicava apenas 300m pra "Cachu do Sertao", resolvemos conhecer a tal queda. Mas qual nossa surpresa ao chegar la e de sermos barrados por um funcionário sob alegação q "o local estava reservado apenas pra um pessoal q estava numa sessão de fotos inteiramente despidos!" Animados pela possibilidade de se tratar da gravação de um "pornô-ecologico", nosso intento de entrar pela mata pra prestigiar os despudorados atores de nosso efervescente cinema nacional foi água abaixo qdo o mesmo funcionário avisou o resto dos guardas da nossa presença (ilegal, lógico!) mostrando-nos gentilmente a saída.
Voltamos então a estrada principal no mesmo ritmo anterior, passamos pela entrada de outras trilhas ("das Antas", "do Itatinga" e "do Acampamento") ate dar numa enorme ponte asfaltada sobre o Rio Itatinga, cujas águas cristalinas corriam mansamente 20m abaixo. Antes, porem, fomos interpelados por dois veículos de guardinhas, c/ os quais argumentamos de onde vínhamos e da nossa necessidade de sair por ali. Compreenssivos e sempre prestativos, os mesmos fizeram questão de nos dar carona (ou seria escoltar?) ate a saída, quase 10km dali, alem de nos presentear c/ folders informativos do parque! Melhor q isso, impossível!
E dessa forma oportuna e imprevisível, nos esprememos em dois carros feito sardinhas, e lotamos a caçamba de um deles! Tanto q o veiculo teve q parar diversas vezes devido a aquecimento do motor. Fora isso, percorremos os 8k restantes em meio a bosques intermináveis de eucaliptos, passar pelas simpáticas instalações do parque e dar na entrada principal, as17:30, marcada por uma lacônica placa "Faz. Pedra Branca- Suzano Papel Celulose". Enfim, estávamos teoricamente em Bertioga e nada da Báh pagar nossa merecida porção de camarão..
Lá fora, no meio do nada cercado de mata, fomos orientados a aguardar um busao q passaria as 18hrs. Contudo, como nossa necessidade de boteco aquela altura era primordial, não pensamos duas vezes em seguir pela estrada de terra 1km adiante (sentido Taiaçupeba) onde as infos davam conta q havia um. Chegando la, numa casinha no meio da mata a beira da estrada, qual nossa decepção q o mesmo havia fechado faz tempo pela sua idosa dona, q agora recebia a visita de seus trocentos netos. Claro q a molecada colou bem curiosa na gente, assim como os latidos estridentes de um barulhento totó q insistiam em reverberar nossos combalidos tímpanos. E la aguardamos, aguardamos e aguardamos..e nada do busao! Não fossem as historias pitorescas da molecada sobre a região (como da presença de onças, da criação de uma cobra e uma anta pelo avô, do medo de lobisomem, da morte da irma maior enforcada, etc) essa espera teria sido bem tediosa.
Enfim, não tardou pra noite cair e preencher o firmamento de estrelas, alem de um friozinho nos obrigar a vestir anorakes. E nada do busao. Foi ai q a Leila, desesperada, percebeu q perdera sua carteira. Claro q ela e + alguns a acompanharam pro parque novamente na vã tentativa de achar a dita cuja. Enqto isso, o busao ("Pedra Branca") finalmente passava por ali as 19:30, e a trip foi um autêntico off-road rumo Mogi, mas q mesmo assim não impediu q tds (sem excessao) puxassem um merecido ronco em meio a tanta trepidação e sacolejo. Chegamos apenas uma hora depois em Mogi, onde encostamos num boteco pra aguardar o resto do povo e bebemorar a empreitada. Ricardito, Néia e Eric zarparam antes disso. Mas qdo chegaram os retardatarios (s/ encontrar a maledita carteira fujona), imediatamente nos dirigimos p/ tomar o trem de volta pra Sampa, mas não s/ antes degustar um dogão e um espetinho de gato local, as 22hrs. A trip agora foi inteira no mundo dos sonhos, e a medida q o trem se aproximava da "Terra da Garoa", o povo foi se despedindo, descendo de estação em estação, sendo q a ultima leva esfacelou-se na Est. da Luz. E finalmente, cheguei no aconchego e conforto de casa por volta das meia-noite e meia, apenas pra tomar uma ducha merecida e constatar dois maleditos carrapatos alojados ilegalmente no meu quadril. Alem de beliscar alguma coisa, já q não tive meu quinhão de porcão de camarao "di grátis". 
Enfim, por mais incrível que possa parecer, esta regiao repleta de opcoes aventurescas está á aproximadamente 60 km do centro da pauliceia desvairada, e apesar disto, nos permite desfrutar de um lugar natural bastante preservada da Serra do Mar. Alem da "Trilha das Antas", tem a descida da Garganta do Gigante ao litoral, a subida do Rio Itatinga ate sua nascente ou ate mesmo um circuitao abrangendo a Cachu Furada e a do Elefante, entre outros programas q a criatividade demandar. Enfim, opcoes não faltam. E se a palavra Mogi, em tupi, significa "Rio das Cobras", a regiao serrana q abraça esta pacata cidade oferece não apenas Mata Atlantica de sobra pra abrigar o referido ofideo. O habitat natural do temido peçonhento - como também das antas q dão nome a picada supracitada - nos brinda com mais um verdadeiro e promissor paraíso pra andarilhos.
Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html

   

 
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