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Karina conquistando o teto da Via Suave Desespero
ARCO DO BAÚ (A2+ 7°sup E4 60m)
Conquistadores: Bito Meyer, Karina Filgueiras e Maximo Kaucsh
Toda vez que me deparo de frente para a Pedra do Baú, fico impressionada com sua beleza e imponência, no alto da colina reinando sobre a cidade. Como escaladora tenho ainda uma relação mais intensa e próxima com o Baú, pois foi o local aonde aprendi a escalar nos idos de 1989 e desde então freqüento e escalo assiduamente. Naquela época ainda não existiam as estradas asfaltadas que dão acesso ao Bauzinho e Ana Chata, e escalar ali ou mesmo subir pelas escadinhas era uma tremenda aventura, a começar por caminhar os 18km até o Bauzinho ou quando conseguíamos um carro, subir com ele por estradinhas de terra esburacadas. Durante estes 20 anos em que freqüento o local, muita coisa mudou, hoje as estradas são asfaltadas, o número de turistas aumentou, assim como o de montanhistas e escaladores e cada vez mais a região é reconhecida por seu potencial esportivo junto a natureza e o que não mudou é a sua beleza e imponência.
O desenho do Baú, assim como as nuances da sua formação rochosa é fascinante e nos presenteia com intinerários surprendentes e variados e pra nós que escalamos e gostamos de abrir vias o desafio é constante. Sempre que eu olhava para a face norte do Baú, via a formação do "Arco do Baú", bastante pronunciado e e com seu teto no sentido longitudinal da rocha, e me pegava pensando que, "ali éra um desenho natural de uma via de escalada".
Há alguns meses atrás conversando com o Bito, sugeri que fizéssemos ali uma via pegando todo o desenho do Arco, e que por sinal eu já havia visto o seu final de perto, quando estava conquistando a "Cães e Caravanas" ano passado. O Bito já conhecia a entrada de via, pois ele já tinha visto-a na conquista da Distraído Venceremos. Pronto a idéia estava lançada! Arrumamos as tralhas, aproveitamos que o Bito iria dar um curso Avançado e já teria que levar as "toneladas" de equipo lá pra cima e assim demos início a abertura desta nova rota.
Tivemos a oportunidade de compatilhar com o Máximo Kaucsh, que é um montanhista apaixonado pelas altas montanhas, vários dias de bivac conversando sobre o Himalaia e suas expedições e dos seus "bastidores" e ele nos contou sobre este universo, que é tão distante, que são os Himalaias, terminamos o curso com a conquista do Arco do Baú. A via é composta de 2 cordadas, sendo que a primeira o Bito entra guiando, misturando escalada natural com artificial num terreno de pedra quebradiça, um A2+ 7°sup E4, de aprox. 35m e este largo sai todo com proteções móveis, num diedro invertido, feio e com pés em cascas e lacas podres, o Bito com maestria, que somente seus 40 anos de ponta de corda permitem, termina esta cordada sem bater um único grampo a não ser a parada dupla. Segue então para a segunda cordada, que é uma escalada em livre de 7°sup de aprox. 30m com pouca opção de proteção móvel e sem nenhum grampo, um possível E4. Perfeitamente escalável para escaladores experientes e acostumados a escaladas de parede e exposição, No dia Bito completa o largo sem colocar nenhuma proteção .
O Arco do Baú, é uma via fascinante, linda e exposta, bastante aérea e com passagens bastante técnicas e exigentes.
Pode ser acessada de duas maneiras, a partir da segunda cordada da Distraídos Venceremos, saindo para a direita, é preciso estar atento pois não há grampos e toma-se a linha óbvia de um diedro diagonal ou no sentido inverso acessando pela Cães e Caravanas, da base do teto, na ultima parada da via "Bito Meyer".
Em breve estaremos disponibilizando o croqui gratuíto para download aqui no www.brasilvertical.com.br
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