Na verdade conhecemos muito
pouco destes atletas, sabemos que eles estão por ai, que tem um nível
internacional e que treinam muito; Além dos momentos de glória
e de suas aparições magníficas, o Brasil Vertical quer
mostrar mais que suas batalhas diárias para se manterem no topo e competitivos,
mas sim, de como conciliar sua vida pessoal, profissional, e de atleta e porque
a escalada toma conta de suas vidas a ponto de abdicarem de tantos outros
prazeres.
Sempre que vemos esses atletas em ação, temos a sensação
que já nasceram prontos, que são puro talento e que fazem tudo
com muita facilidade. Para quem vê Janine Cardoso escalando não
é diferente, atletas como Janine, carregam um pouco de nós,
tem algo que gostaríamos de ter: pressão, leveza, graça,
força, liberdade, disciplina e total domínio de seus movimentos.
Nessa entrevista Janine Cardoso revela, que atrás da atleta, existe
uma grande escaladora comprometida com a arte e acima de tudo ... que é
uma grande mulher, uma mãe dedicada e empresaria.
1) Quando você começou a escalar,
o que na escalada chamou sua atenção?
Comecei a escalar em 1994,
na Pedra Grande em Atibaia. Logo em seguida, conheci a escalada indoor na
academia 90 Graus. Meu irmão, Ale Cardoso, foi quem me motivou a começar,
incentivando-me a comprar minha primeira sapata. Desde criança, adoro
acampar e praticar atividades ao ar livre. Sempre armava piqueniques e viagens
com amigos pro meio do mato.
Quando conheci a escalada, além de ter adorado todo o lado social e
a filosofia que ela propõe, me identifiquei muito por ser uma atividade
onde o desempenho depende só de você. Considero uma prática
bem instrospectiva e ao mesmo tempo extremamente sociável. Como diria
Sir Bito: é o nosso pedacinho mais e solitário interagindo com
o exterior, e nesse processo, os pensamentos são naturalmente expulsos
da mente dando lugar apenas ao foco no movimento e à sensação
do corpo dançando na vertical - um verdadeiro balé. Adoro tudo
que envolve a escalada. É uma prática maravilhosa. Fiquei fascinada
logo de cara.
2) Já
vi você treinando, Ufa!...O que é disciplina pra você?
Disciplina pra mim é estabelecer
objetivos e preparar-se da melhor maneira possível para atingi-los,
mentalmente, fisicamente e/ou espiritualmente. Eu normalmente sou bem disciplinada.
Na escola, sempre fui aquela aluna que faz tudo certinho, todas as lições
de casa, sempre bem independente, armando minha rotininha. Já fui mais
metódica quanto a treinos e já fiz bastante coisa errada também.
A meu ver, com o tempo, a disciplina torna-se cada vez mais natural. Você
deve saber bem o que eu quero dizer com isso. Acho que experiência de
vida é fundamental para evoluir em algo, fazer as opções
certas e ver o que vale a pena. Eu aprendi o que funciona com o meu corpo,
consigo relaxar mais e ver hoje a importância do descanso. Acho que
cada vez mais aprendemos a otimizar nosso tempo e a dar valor às pequenas
coisas, e isso aplica-se inclusive à escalada, onde detalhes podem
fazer enorme diferença. Procuro não me cobrar tanto, pensando
positivamente, com consciência de que realmente faço minha parte
para me sentir realizada. E essa realização não aplica-se
somente à ganhar um campeonato ou fazer um cume, e sim, em ter certeza
de que fizemos o nosso melhor. E me orgulho em poder dizer que, tratando-se
de escalada, quando coloco a mão na massa, procuro fazer a ‘arte’
bem feita.
3)
Você já conheceu vários lugares no mundo para escalar.
Qual você gostaria de ter no quintal de casa?
Nooossa, que escolha difícil! São muitos lugares incríveis,
com pessoas incríveis. Tive momentos e escaladas realmente especiais
em Ceuse, na França e no Valle Encantado, na Argentina. O Valle foi
o último lugar que escalei e está muito recente na memória,
mas sem dúvida, é um dos lugares mais perfeitos que já
estive. Quero muito voltar com amigos.
4)
Você já se surpreendeu em ver alguém escalando? E porque?
Ah, lógico! Vivo admirando pessoas escalando. Tiveram muuuitas que
me surpreenderam. Vou citar destaques da esportiva, que eu acompanho mais.
No mundial de 2007, vibrei com o Cesinha, com o Belê e com o Felipinho,
brasileiros que têm talento não só nos campeonatos, como
na rocha. Injusto citar somente alguns, afinal são muitos que não
ficam atrás dos gringos não. Na Copa do Mundo é uma energia
gigantesca assistindo escaladores dedicados fazendo absurdos na parede. como
a Ângela Eiter, austríaca campeã do mundo, e os espanhóis
Ramon Julian e o Patxi Usobiaga. Todos esses me fazem suar na platéia
e já realizaram feitos admiráveis na rocha. A Lisa Rands é
uma monstra que eu admiro muito, já realizou escaladas impressionantes
e a Linn Hill nem se fala - um ícone. Já escalei com a Katie
Brown no seu auge, e vejo nela uma menina que sobreviveu ao turbilhão
de julgamentos da comunidade, saiu de cena e voltou à ativa como mulher
mais madura, por isso admiro. Pra finalizar, o Cris Sharma é um escalador
que transmite em muitos vídeos a essência do que é a escalada
pra mim – corpo, mente e alma em sintonia.
5)
Como você vê o futuro da Escalada Atlética, a Escalada
de Competição?
A escalada de competição a meu ver, mundialmente, tem evoluído
bastante, não só pelo reconhecimento da prática pelo
COI (Comitê Olímpico), como pela organização de
muitas federações. Infelizmente, no Brasil, ainda não
posso dizer que temos acompanhado tal evolução, devido a problemas
de apoio e reconhecimento nacional. Mas, se depender de nossos atletas, estaremos
representado o país este ano novamente, movidos à paixão
e garra.
6) As lesões estão sempre nos
limitando. Como você se previne e como se trata quando elas acontecem?
Previno praticando Biomecânica Funcional duas vezes por semana. Faço
sempre um alongamento básico (diga-se de passagem, normalmente mais
rápido do que deveria), faço aquecimento na parede mesmo, em
travessias fáceis, com agarrões, e vou dificultando aos poucos.
Os meus dedos anelares das duas mãos costumam ficar mais rígidos
e inflamados após treinos puxados, então, faço exercícios
compensatórios com elásticos e manobras simples de manipulação
(aprendi com o Pablo Scorza) pra diluir a inflamação e ajudar
a alongar. Na escalada esportiva, se não cuidar os dedos tendem a ficarem
curvados e cada vez mais difíceis de serem esticados. Isso a meu ver,
compromete a pressão nas agarras e leva a lesões. Felizmente,
tive poucas lesões por repetição ou por uso no limite
de alguma parte do corpo.
Quando me lesionei por causa de quedas, como no mundial de 2002 em Lecco,
quando cai de um boulder e desloquei o cotovelo, o jeito foi ficar em repouso
e depois voltar aos poucos, fazendo fisioterapia. Em torções
de tornozelo, também em boulder, ficava parada uns 3 dias, por causa
o inchaço, mas sempre puxando barra, e escalando com um pé só.
7) Competir é feito de “altos e
baixos”. Até então, existiu para você o pior momento
e o melhor momento? Quais foram?
Eu tive um momento que considero o pior até hoje em 1997, ainda no
começo da vida de atleta. Acho que por não saber controlar a
ansiedade muito bem, por treinar errado e me cobrar muito, não soube
administrar. Isso é algo que o escalador com pouco tempo de prática
costuma fazer – se cobrar demais, sem entender que ainda tem um longo
caminho de aprendizado para evoluir e que o processo tem que ser devagar,
respeitando o corpo e mantendo a motivação e a paixão
pela atividade. Um bom momento foi em 2006, quando estava numa fase atlética
muito boa e cheguei a me classificar para a semi-final em 12ª. Mas, de
verdade, considero sempre o momento presente o meu melhor momento.
8)
Você me falou que para “mandar” a Hercules 9ª (à
vista, no Vale Encantado) você precisou de “cabeça e resistência”.
Como são essas coisas separadas: Cabeça, Resistência e
Força?
A cabeça entre em todo o momento na escalada, principalmente em uma
escalada à vista, onde não conhecemos detalhes sobre as agarras
e toda a movimentação da via. Mesmo sem ver ninguém escalar,
visualizei toda a linha da via, os pontos de costuras e tentei achar os possíveis
cruxs. Todo campeonato é à vista, então, estou acostumada
a fazer essa leitura, a lidar com a insegurança e o sentimento (físico
e psicológico) de impotência em lances que exigem meu máximo.
Esses momentos são decisivos e esse controle mental é tão
ou mais importante do que força ou resistência física.
Treino físico somente não basta para encadenar uma via difícil
à vista. Essa via exigiu de mim esse controle em 2 pontos. Hoje em
dia, mesmo sem a certeza de que conseguirei chegar na agarra (em lances muito
dinâmicos), arrisco o lance mesmo assim, potencializando todo o corpo
e mente para realização do movimento. Já desisti muitas
vezes antes de tentar. O boulder me ajuda muito nesse trabalho. Em contra-partida,
é uma via diluída, com bastantes descansos a meu ver, dando
pra recuperar os braços, a respiração e a consciência
..após a ..adrena
de. um crux, dando condições
de se preparar para o outro, mais no final. Como é uma via esportiva
longa (32 metros), o que pega muito é a resistência e a cabeça
pra saber respirar na hora certa e diluir o ácido láctico, preservando
o corpo de forma geral para dar tudo nos lances de mais força.
9) Como é praticar um esporte onde a
mulher não fica numa situação "fisicamente"
inferior ao homem?
Hum... Acho que na escalada esportiva a mulher também fica fisicamente
inferior ao homem em alguns movimentos, e se dá melhor em outros. Tudo
depende do estilo do movimento, do estilo da via e o quanto esta mulher e
homem se preparam. Um atleta homem que se dedique aos treinos de escalada
de forma correta, tem mais facilidade em realizar uma via, do que uma mulher
que treine da mesma maneira. Como eu escalo com muitos homens que escalam
com menos comprometimento, acabo igualando meu nível a muitos deles,
já que eu sim, treino com afinco.
10) Você acha que a escalada esportiva
de competição deva caminhar sozinha e não vinculada ao
montanhismo?
Por um lado, isso já ocorreu com a independência do IFSC (International
Federation of Sport Climbing) da UIAA no ano passado. A escalada esportiva
visa o desempenho acima de tudo, mas faz parte do montanhismo sim, mesmo porque,
a maioria dos escaladores esportivos que conheço prezam toda a filosofia
de vida inerente ao montanhismo. Tratando-se de evolução do
esporte competitivo, do reconhecimento como modalidade olímpica, acho
muito importante essa independência por causa de todos os trâmites
burocráticos que envolvem esse processo.
A meu ver, desvincular totalmente a escalada esportiva do montanhismo é
acabar com grande parte da sua magia.
11)
Disse uma vez um profeta que os filhos não nos pertencem, pertencem
a ânsia da vida pela própria vida. Como lida com essa situação
com sua filha? Será criada com liberdade para escolher se ela quer
ou não escalar?
Crio minha filha com muito carinho, fazendo o possível para que ela
se sinta amada e feliz, mas a crio para o mundo. Impossível não
querer proteger, ainda mais nesta fase criança. Mas não abro
mão da minha felicidade e dos meus sonhos vivendo em função
dela, pois concordo plenamente com o pensamento deste profeta. Jamais irei
exigir que ela escale ou mesmo que goste de caminhadas e do estilo de vida
do montanhista. Quero poder sim, mostrar a ela um leque de coisas que valorizo,
mostrar o que acho certo e errado e prepará-la para lidar de forma
tranqüila e consciente com o turbilhão de informações
e contradições que esse mundo moderno nos apresenta. E ela própria
fará a escolha do seu caminho. Espero guiá-la e ser sua grande
amiga sempre. Por enquanto, ela diz que quer ser bailarina e eu acho isso
o máximo... riiisos!
Mas é claro que eu fico muito feliz e orgulhosa quando ela chega no
topo da parede da Casa de Pedra após já esboçar alguns
drop knees de forma tão natural. E, igualmente, meu coração
vibra quando vejo sua evolução na piscina ou aprendendo a escrever,
por exemplo.
Esse universo infantil é mágico e puro demais. Sinceramente,
ainda não experimentei nada tão intenso e arrebatador do que
essa relação de maternidade. É uma doação
de corpo e alma difícil de verbalizar, mas que requer esforços.
Sem falar de toda a magia da gravidez que quero experimentar novamente um
dia. Enquanto isso, quero escalar e viajar muuuuito ainda.
11)
Para mim parece difícil conciliar casamento, filhos, esporte e trabalho.
Como você consegue lidar com tudo e ainda ser a melhor atleta brasileira?
Pra começar, tenho que agradecer aos meus pais que sempre me apoiaram
de todas as formas. Desde que me casei, tenho o apoio do meu marido, Alê
Silva, que por mais descrente (e realista) que fosse na evolução
da escalada esportiva, sempre reconheceu e aceitou minha dedicação
e paixão pelo esporte. Para começar, projetou e montou a Casa
de Pedra, minha segunda casa e, ali, agregou pessoas com a mesma paixão.
Somente por isso, já merece enorme respeito e agradecimento. Sem dúvida,
esse apoio financeiro e emocional, ajudou-me muito a manter a motivação
por todos esses anos.
Após o nascimento da minha filha, a estrutura de vida teve que ser
reformulada, claro. A ajuda veio principalmente dos avós, principalmente
dos pais do Alê, pessoas lindas, sempre muito presentes e carinhosas.
Brinco com minha sogra que posso querer me livrar do filho dela, mas que ela
é uma segunda mãe que prezo muito. Valorizo demais a família
e os amigos, pois todos tiveram sempre para mim um papel decisivo. Sem cada
um desses que citei acima, não teria sido possível trilhar esse
caminho.
Por outro lado, acredito que colhemos o que plantamos e que a vida não
é perfeita para ninguém. Tenho orgulho em dizer que sempre plantei
verdade, honestidade e humildade. E sempre fui muito determinada e esforçada.
Sem essa disciplina, de nada adiantaria todo esse apoio para ser penta-campeã
brasileira. Acima de tudo, acho que a União sempre faz a força.
12)
Você é uma escaladora privilegiada, dedicada e exemplar e você
sendo um expoente da escalada brasileira, tem conseguido viabilizar seus projetos.
Como você vê a batalha dos que não tem e que são
a maioria, pra conseguir verba e ir pros campeonatos e manter seus treinos?
Vejo talentos e pessoas tão
empenhadas e apaixonadas quanto eu, e faço o possível para ajudar
e mover a comunidade para incentivar nossos atletas. Porém, todo mundo
sabe que a escalada e os esportes em geral no Brasil ainda não são
reconhecidos como gostaríamos. Faço minha parte e tento divulgar
ao máximo os feitos da comunidade. Difícil viabilizar verba
para mim, imagine para quem tem menos condições. Fiz um projeto
de equipe brasileira para este ano, incluindo eu, o Belê, o Cesinha,
o Felipinho e a Thaisinha, justamente para melhorar as condições
dos melhores atletas nacionais para competirem no mundial e representarem
a escalada esportiva brasileira com mais dignidade. A Casa de Pedra nos apóia
com a estrutura física, alguns têm apoio daqui e dali, mas patrocínio
de verdade, é bem difícil. Vamu que vamu!
13)
Quando o público vai embora, as luzes se apagam e ficamos sozinhos
com nossas dores e limitações o que te inspira a continuar?
Amo escalar e evoluir sozinha. É um comprometimento da Janine com a
Janine que sem dúvida gosto de compartilhar com pessoas próximas,
mas não sinto falta do público. Claro que a vibração
positiva e a torcida são um diferencial e me motivam numa via, mas
não é isso que me mantém escalando e treinando.
SE não tivesse público algum, sentiria o mesmo prazer, de verdade.
O que me motiva a continuar são todas as formas de beleza que a escalada
me proporciona, a sensação do meu corpo desafiando a gravidade
e descobrindo diferentes formas de se colocar na parede, um puta tesão
de escalar vias à vista, de repetir vias que me deram tesão
e exigiram meu máximo, a interação com os amigos, as
viagens, a adrenalina, o suor, o cansaço, as lembranças, os
músculos doloridos, a fome, o vinho, a cerveja, a fruta e o pão
depois de treinar, o sono pesado incrementado pelos sonhos com um movimento
desafiador, a conquista, um novo ideal... são tantas as coisas que
me motivam.
14) Quais seus planos para o futuro como atleta e quando não der mais
para competir como fica a escalada na sua vida?
Quero competir este ano novamente no mundial e planejo ir para 3 etapas que
ocorrem em setembro, na Áustria, Suíça e Bélgica.
Almejo ficar entre as 20 melhores colocadas nessas etapas, mas mais do que
isso, novamente participar e acompanhar os novos talentos e novidades desse
espetáculo. Tornou-se sagrado para mim estar lá uma vez por
ano e saber que fiz o meu melhor, levando em consideração meu
presente momento. Mesmo que eu não esteja mais competindo um dia, é
sempre divertido assistir a evolução de um esporte que me marcou
tanto.
Se depender de mim, a escalada na minha vida será eterna, acompanhando
e aceitando as fases, tratando e respeitando o desgaste no decorrer dos anos,
e vivenciando diferentes sensações que a escalada pode me proporcionar,
através de escaladas menos atléticas, mas com certeza, tão
desafiadoras conforme cada momento.
Sei que estarei sempre em busca de intensidade e do meu limite, seja ele qual
for. Por enquanto, tenho muito gás e vejo mulheres de mais de 40 anos
mandando muito na montanha. Tem tanta coisa maravilhosa pra ser vivida, muitas
atividades novas pra complementar, muita coisa que deixo de fazer em nome
da minha paixão pela esportiva. Aos poucos vamos realizando novos sonhos,
descobrindo desconhecidos caminhos e ‘essenciais’ diferentes.
Enquanto eu estiver aprendendo com a vida, estarei feliz.
Obrigada pelo convite,
Um grande abraço, Janine
Vale Encantado...Paraíso
Foto Stefano Mastrocola
Trabalhando 9c Valle Encantado
Foto Arquivo pessoal
Trabalhando 9c - Valle Encantado Foto Arquivo pessoal
Teto Casa de Pedra Perdizes Foto Ignácio Aronovitch
Janine Francois Legrand e Belezinha Foto Arq. Pessoal
Boulder em Buttermilk - Bishop
Foto Arq. pessoal
Foto Amigos em Pucon Campeonato Centro Sulamericano
da esquerda para direita
Reinaldo K Nívea Césinha Andréa
Rissi Janine Ligeirinho Bel Márcio
Bruno Mickel Belê e Kali
Via Ensaio de Orquestra Baú
Foto Alê Silva
Janine na Semi Final Mundial
Marbella
Foto David Munilla
Escalando grávida de 8 meses
2003 CP Morumbi
Foto Ignácio Aronovitch
Pedra do Baú - 2004
Com Manu 6 meses na mochila
Foto Alê Silva
jan_gooutside_dez2006
Foto Arq. Pessoal
Espanha rumo ao Mundial
Foto André Berezóski
Valle Rio Limay ao fundo
Foto Stefano Mastrocola